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Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...

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egião central do estado <strong>de</strong> São Paulo, uma área<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como ´priori<strong>da</strong><strong>de</strong> extremamente alta´<br />

para consoli<strong>da</strong>r e conectar Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Conservação, agora convive com extensos<br />

<strong>cana</strong>viais. A Reserva Biológica (REBIO) localiza<strong>da</strong><br />

<strong>no</strong> município paulista <strong>de</strong> Sertãozinho é vista <strong>no</strong>s<br />

mapas como uma ilha cerca<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> por todos<br />

os lados”. 19<br />

Segundo o ISPN, há 27 <strong>no</strong>vas usinas em São<br />

Paulo; 17 em Goiás, on<strong>de</strong> estão previstas mais 40<br />

usinas; 31 em Minas Gerais, com previsão <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong> mais 14; e em Mato Grosso do Sul<br />

existem 10 usinas e mais 15 em construção. O ISPN<br />

adverte que “o <strong>de</strong>smatamento para <strong>da</strong>r lugar à<br />

lavoura <strong>de</strong> <strong>cana</strong> prejudica diretamente as<br />

populações rurais que sobrevivem do uso <strong>da</strong><br />

biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> do <strong>Cerrado</strong>. Outra conseqüência<br />

temível é que os peque<strong>no</strong>s produtores <strong>de</strong><br />

alimentos <strong>de</strong>ixem suas plantações atraídos pelos<br />

empregos temporários <strong>no</strong> corte <strong>da</strong> <strong>cana</strong>, o que<br />

po<strong>de</strong>rá diminuir a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> alimentos na<br />

região, além <strong>de</strong> agravar a migração para as<br />

periferias urbanas”. 20<br />

“o Brasil é visto<br />

como gran<strong>de</strong><br />

‘celeiro’, tanto<br />

para plantações<br />

<strong>de</strong> <strong>cana</strong> quanto<br />

<strong>de</strong> soja.”<br />

Destruição ambiental<br />

A expansão <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> agrocombustíveis<br />

tem o efeito <strong>de</strong> multiplicar a <strong>de</strong>struição<br />

ambiental, pois na medi<strong>da</strong> em que aumenta a<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> externa pelo produto, o Brasil é visto<br />

como gran<strong>de</strong> “celeiro”, tanto para plantações <strong>de</strong><br />

<strong>cana</strong> quanto <strong>de</strong> soja. Em entrevista ao jornal<br />

Washington Post, Carlo Lovatelli, diretor comercial<br />

<strong>da</strong> Bunge, multinacional que controla 93% <strong>da</strong><br />

exportação <strong>da</strong> soja brasileira, afirma que, “Se os<br />

Estados Unidos disputam a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> eta<strong>no</strong>l, o<br />

preço <strong>da</strong> soja ten<strong>de</strong> a subir e essa <strong>de</strong>man<strong>da</strong> será<br />

supri<strong>da</strong> pelo Brasil”. E completa, “O cerrado é<br />

perfeito para a agricultura e será usado—não há<br />

nenhuma dúvi<strong>da</strong> sobre isso”. 21<br />

O efeito dominó também ocorre na criação <strong>de</strong><br />

gado. Dados do Inpe mostram que, entre 2003 e<br />

2007, houve um aumento <strong>de</strong> 17,64% nas<br />

plantações <strong>de</strong> <strong>cana</strong> em São Paulo, que chegaram a<br />

3,6 milhões <strong>de</strong> hectares <strong>no</strong> estado. Segundo<br />

matéria do jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, “O rebanho<br />

sem pasto segue para Mato Grosso do Sul, Mato<br />

Grosso, Goiás, Tocantins, lugares on<strong>de</strong> a <strong>cana</strong><br />

também avança. (...) “Quem <strong>de</strong>sce <strong>de</strong> Barretos<br />

rumo ao Pontal tem a convicção <strong>de</strong> que São Paulo<br />

pouco a pouco está se transformando num imenso<br />

<strong>cana</strong>vial, dig<strong>no</strong> <strong>de</strong> ser visto do espaço. Aliás, é o<br />

que tem mostrado a Embrapa Monitoramento por<br />

Satélite, que vê uma revolução cá embaixo. São<br />

milhares <strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> pasto, ao longo <strong>da</strong> Rodovia<br />

Assis Chateaubriand, arrancados sem cerimônia<br />

para serem convertidos em <strong>cana</strong>viais”. 22<br />

Uma pesquisa do Centro <strong>de</strong> Estudos em<br />

Eco<strong>no</strong>mia Aplica<strong>da</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

estima que, <strong>no</strong>s próximos cinco a<strong>no</strong>s, serão gastos<br />

US$ 14,6 bilhões <strong>de</strong> dólares na construção <strong>de</strong> 73<br />

<strong>no</strong>vas na região Centro-Sul. O pesquisador Sérgio<br />

De Zen acredita que, “A chama<strong>da</strong> pecuária<br />

extensiva, organiza<strong>da</strong> em gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong><br />

terra, migra agora para Mato Grosso, Tocantins,<br />

para a fronteira agrícola que ameaça o bioma<br />

amazônico ou pantaneiro. Dessa forma, o eta<strong>no</strong>l,<br />

que em to<strong>da</strong>s as contas aparece como alternativa<br />

econômica viável para o mundo - na corri<strong>da</strong> pela<br />

substituição do combustível fóssil -, converte-se<br />

numa ameaça ambiental”. 23<br />

<strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong> | 17

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