xviii - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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a partir de uma outra perspectiva: a <strong>da</strong>s representações cartográficas que j8 citámos, produzi<strong>da</strong>s<br />
nos Países Baixos, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s para um perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre 1580 e 1695, nas quais se<br />
evidenciam aspectos que passamos a enunciar com maior pormenor.<br />
No que se refere às representações <strong>do</strong> porto de Vila <strong>do</strong> Conde, nelas figura pelo menos<br />
um local de ancoragem, dentro <strong>da</strong> barra, num ponto que julgamos corresponder ao chama<strong>do</strong><br />
"Poço <strong>da</strong> Barca", situa<strong>do</strong> junto a Azurara. A menção de maiores braças de profundi<strong>da</strong>de e a<br />
localização simbólica, nesse ponto, de âncoras, como símbolo de local de ancoragem,<br />
fun<strong>da</strong>mentam o que dizemos (Vd. figura 3,4,5 e 6).<br />
Nelas se desenha, de igual mo<strong>do</strong>, aquilo que cremos ser bancos de areia ou, pelo<br />
menos, áreas de restrição em profundi<strong>da</strong>de, correspondentes à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> barsa e a to<strong>da</strong> a<br />
envolvência <strong>da</strong> margem norte <strong>do</strong> rio, junto aVila <strong>do</strong> Conde (Vd. figura2,4,5, e 6).Areprodução<br />
quase taxativadessas manchas em vários mapas pode resultar, to<strong>da</strong>via, ou <strong>da</strong> sua real existência,<br />
sistematicamente constata<strong>da</strong>, ou de uma reprodução por imitação, de quejá falamos. Os mapas<br />
de HendrickDoncker, de 1693 e de Nicolas Jansz Voogt, de 1695, represeritam, porém, manchas<br />
totalmente idênticas, as quais são, quer mais extensas, quer melhor delinea<strong>da</strong>s. Conesponderá<br />
este facto a um maior rigor técnico <strong>da</strong>s figuras, ou a avanços e alterações efectivas verificáveis<br />
nesses bancos de areia?<br />
A discriminação, nessas mesmas fontes, <strong>da</strong>s profundi<strong>da</strong>des atribuí<strong>da</strong>s ao rio nos<br />
percursos delinea<strong>do</strong>s na entra<strong>da</strong> <strong>do</strong> porto permite-nos, por outro la<strong>do</strong>, sublinha& antes de<br />
mais, a muito reduzi<strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> barsa, nunca ultrapassan<strong>do</strong> as 2-3 braças<br />
(i.e, entre 3,60 e 5,5m de profundi<strong>da</strong>de, toman<strong>do</strong> 1,83m como valor de coi~espondência <strong>da</strong><br />
braça marítima). Esta baixa profundi<strong>da</strong>de parece globalmente coincidente com um <strong>do</strong>s bancos<br />
de areia representa<strong>do</strong>s. A profundi<strong>da</strong>de máxima assinala<strong>da</strong> é a de um <strong>do</strong>s ancora<strong>do</strong>uros a que<br />
nos referimos, na margem de Azurara, com 7 braças (cerca de 13 melros de fun<strong>do</strong>). Importa<br />
sublinhar que desconhecemos a que momento se reportam essas medições: marés altas ou<br />
baixas? Pelas descrições <strong>do</strong>cumentais <strong>do</strong>s anos 40, presumimos que a marés altas.<br />
A partir dessas representações cartográficas poderemos ain<strong>da</strong>, reafirman<strong>do</strong> as premissas<br />
críticas de que partimos, ensaiar uma leitura comparativa com outros portos <strong>do</strong> litoral português,<br />
<strong>do</strong> Norte em particular. Desse exercício parece claro que o porto de Viana apresentaria, nos<br />
exemplares impressos em déca<strong>da</strong>s mais remotas (Lucas Aurigarius, Waghenaer e William<br />
Blaeau), melhores condições de entra<strong>da</strong>lsaí<strong>da</strong> e ancoragem, com profundi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> ordem <strong>da</strong>s<br />
5 a 11 ou 5 a 12 braças2', enquanto a entra<strong>da</strong> <strong>do</strong> Douro seria afecta<strong>da</strong> por problemas idênticos<br />
aos <strong>do</strong> rio Ave, revela<strong>do</strong>s pelas 3 a 9 varas indica<strong>da</strong>s no mapa de Lucas Aurigarius e de<br />
Waghenaer e as 2 a 7 braças patentes no de William Blaeu e Duncker Hendrick. Idênticas<br />
condições de entra<strong>da</strong>lsaí<strong>da</strong> <strong>do</strong> porto contrastam, porém, com diversas extensões de<br />
navegabili<strong>da</strong>de fluvial, sen<strong>do</strong> esta bem mais prolonga<strong>da</strong> no caso <strong>do</strong> Douro.<br />
Em situação semelhante encontrar-se-ia Aveiro com profundi<strong>da</strong>des de entra<strong>da</strong> na bana<br />
<strong>da</strong> ordem <strong>da</strong>s 2 às 516 braças, e com extensas restingas a condicionarem a navegahili<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
rio. Quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com o porto de Lisboa, reconstituí<strong>do</strong>, no seu perfil e profundi<strong>da</strong>de,<br />
por Maria Fernan<strong>da</strong> Alegria e Maria Helena Dias a partir destas e de outras representações<br />
Processo cita<strong>da</strong>, fl. 69-69", Vejam-se outros depoimentos nos fl. 19"-20v, 27,72u-73<br />
"?Note-se, porém, que as representafões de Duncker Hendrick (1693) aponta pura valores menores, <strong>da</strong> ordem <strong>da</strong>s