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Memórias Póstumas de Brás Cubas

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<strong>Memórias</strong> <strong>Póstumas</strong> <strong>de</strong> <strong>Brás</strong> <strong>Cubas</strong><br />

O HUMANITISMO<br />

- Humanitas, dizia Quicas Borba, o princípio<br />

das coisas, não é outro senão o mesmo homem<br />

repartido por todos os homens. Explicou-me<br />

que, o Humanitismo ligava-se ao Bramanismo,<br />

na distribuição dos homens pelas diferentes<br />

partes do corpo <strong>de</strong> Humanita. Assim, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>r<br />

do peito ou dos rins <strong>de</strong> Humanitas, isto é, ser<br />

um forte, não era o mesmo que <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>r dos<br />

cabelos ou da ponta do nariz.<br />

O Quincas Borba, disse. O que o teu criado<br />

tem é um sentimento nobre e perfeitamente<br />

regido pelas leis do Humanitismo: é o orgulho<br />

da servilida<strong>de</strong>. A intenção <strong>de</strong>le é mostrar que<br />

não é criado <strong>de</strong> qualquer. - Depois chamou a<br />

minha atenção para os cocheiros <strong>de</strong><br />

casa-gran<strong>de</strong>, mais impertigados que o amo,<br />

para os criados <strong>de</strong> hotel, cuja solicitu<strong>de</strong><br />

obe<strong>de</strong>ce às variações sociais da freguesia, etc.<br />

E concluiu que era tudo a expressão daquele<br />

sentimento <strong>de</strong>licado e nobre, - prova cabal <strong>de</strong><br />

que muitas vezes o homem, ainda a engraxar<br />

botas, é sublime.<br />

CAP 156 – Orgulho da Servilida<strong>de</strong><br />

Por Douglas Machert

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