19.04.2013 Views

2ª avaliação da unidade gabarito das questões ... - Colégio Oficina

2ª avaliação da unidade gabarito das questões ... - Colégio Oficina

2ª avaliação da unidade gabarito das questões ... - Colégio Oficina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

COLÉGIO OFICINA<br />

PROFESSORES: Anya Moura e Zé Bastos 3ª SÉRIE-E.M. UNIDADE III<br />

PORTUGUÊS – 01 A 15<br />

Texto I<br />

5<br />

10<br />

<strong>2ª</strong> AVALIAÇÃO DA UNIDADE<br />

GABARITO DAS QUESTÕES<br />

A história do Brasil está, sem dúvi<strong>da</strong>, mistura<strong>da</strong> à história <strong>da</strong> escravidão. Embora estudiosos de história não<br />

concordem com a <strong>da</strong>ta exata <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> dos primeiros escravos, é possível dizer que nos seus quinhentos anos de<br />

existência, o Brasil tem funcionado sem escravos por menos de cento e cinquenta anos. Nos restantes trezentos e<br />

cinquenta, o país se fez à custa do suor e do sangue dos negros que chegavam às praias brasileiras, emergindo <strong>da</strong><br />

travessia do Atlântico nos porões dos navios negreiros, nos quais só sobreviviam os mais fortes. Essa força negra de<br />

resistência física e cultural é canta<strong>da</strong> na obra Cadernos Negros. Nesse livro, além <strong>da</strong> apresentação de uma identi<strong>da</strong>de<br />

negra diversa <strong>da</strong> “literatura oficial”, há também um convite a novas lutas. Isso porque os negros brasileiros<br />

continuam ocupando os lugares mais baixos na escala social, a sofrerem humilhações e discriminações diárias por<br />

serem negros e, apesar de haver, nesse país, maioria negra e mulata, os ideais de beleza continuam sendo louros, as<br />

melhores posições dentro <strong>da</strong>s empresas ain<strong>da</strong> são ocupa<strong>da</strong>s por brancos, e a mortali<strong>da</strong>de infantil entre a população<br />

negra é mais alta.<br />

01. As ideias focaliza<strong>da</strong>s no texto I e nos poemas de “Cadernos Negros” têm comprovação no seguinte fragmento<br />

a) De mim<br />

parte um canto guerreiro<br />

um voo rasante, talvez rumo norte<br />

caminho trilhado <strong>da</strong> cana-de-açúcar<br />

ao trigo crescido, pingado de sangue<br />

do corte do açoite. Suor escorrido<br />

<strong>da</strong> briga do dia<br />

que os ventos do sul e o tempo distante não<br />

podem ocultar.<br />

b) Eu fêmea-matriz.<br />

Eu força-motriz.<br />

Eu-mulher<br />

abrigo <strong>da</strong> semente<br />

moto-contínuo<br />

do mundo.<br />

c) Quem<br />

em sã consciência<br />

joga fora o veneno guar<strong>da</strong>do no<br />

pote <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, sem derramar uma<br />

gota no copo <strong>da</strong> gente<br />

GABARITO: A<br />

2010Salvador/3ªs/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc/lau<br />

d) Hoje me falta o verso<br />

como falta pão e farinha<br />

Na mesa do meu irmão.<br />

Meu estômago poético ronca<br />

Dá nó a tripa <strong>da</strong> inspiração<br />

Uns com tanto e outros sem saber como.<br />

e) Parece que vai chover<br />

e eu não musiquei<br />

o poema em que digo: te amo!<br />

Se vestirem de cinza nossas vi<strong>da</strong>s,<br />

eu jamais farei a tal canção.<br />

Em tempos fechados de chuva,<br />

só declaro amor ao Sol;<br />

1


COLÉGIO OFICINA<br />

02. O livro Vítimas Algozes trabalha a defesa do fim <strong>da</strong> escravidão por uma veia distinta <strong>da</strong> que comumente trabalharam<br />

muitos escritores do século XIX: o apelo cristão de que todos somos criaturas divinas.<br />

5<br />

“– Árvores <strong>da</strong> escravidão deram seus frutos. Quem pede ao charco água pura, saúde à peste, vi<strong>da</strong> ao veneno que<br />

mata, morali<strong>da</strong>de à depravação, é louco. Dizeis que com os escravos, e pelo seu trabalho vos enriqueceis: que seja<br />

assim; mas em primeiro lugar donde tirais o direito <strong>da</strong> opressão?... E depois com esses escravos ao pé de vós, em<br />

torno de vós, com esses miseráveis degra<strong>da</strong>dos pela condição violenta<strong>da</strong>, engolfados nos vícios mais torpes,<br />

materializados, corruptos, apodrecidos na escravidão, pestíferos pelo viver no pantanal <strong>da</strong> peste e tão vis, tão perigosos<br />

postos em contacto convosco, com vossas esposas, com vossas filhas, que podereis esperar desses escravos, do seu<br />

contacto obrigado, <strong>da</strong> sua influência fatal?...Oh!... Bani a escravidão! Bani a escravidão! Bani a escravidão!”<br />

2<br />

Vítimas Algozes – Joaquim Manoel de Macedo<br />

O discurso final <strong>da</strong> obra resume o conjunto de argumentos apresentados por Joaquim Manoel de Macedo em seus<br />

“Quadros Exemplares” com a finali<strong>da</strong>de de pôr fim à escravidão.<br />

Fun<strong>da</strong>menta-se nos argumentos do autor a seguinte afirmação:<br />

a) O escravo é pintado como o agente corruptor de uma socie<strong>da</strong>de que se quer moral e fisicamente higieniza<strong>da</strong>:<br />

Simeão seduz a filha de seu senhor e tira-lhe a virgin<strong>da</strong>de.<br />

b) Joaquim propõe que, eliminar a escravidão, seria seguir os princípios bíblicos de que todos são iguais diante de<br />

Deus, portanto, era preciso tratar o negro como igual.<br />

c) Ele se mune de tipos que demonstram ao leitor o quão comprometedor <strong>da</strong> estabili<strong>da</strong>de familiar era a presença do<br />

escravo na intimi<strong>da</strong>de doméstica.<br />

d) Propunha que fazer uso do trabalho escravo era sustentar e manter um ser que poderia ser substituído por uma<br />

mão-de-obra mais barata.<br />

e) As revoluções sociais do século XIX mu<strong>da</strong>m a mentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> época que entende a força de<br />

trabalho negra como parte integrante de uma nação multicultural.<br />

GABARITO: C<br />

03.<br />

TEXTO II<br />

Ora, se deu que chegou<br />

(isso já faz muito tempo)<br />

no banguê dum meu avô<br />

uma nega bonitinha<br />

chama<strong>da</strong> nega Fulô.<br />

Essa nega Fulô!<br />

Ó Fulô! Ó Fulô!<br />

(Era a fala <strong>da</strong> Sinhá.)<br />

Vai forrar a minha cama,<br />

pentear os meus cabelos,<br />

vem aju<strong>da</strong>r a tirar<br />

a minha roupa Fulô<br />

Essa negrinha Fulô<br />

ficou logo pra mucama,<br />

pra vigiar a Sinhá<br />

pra engomar pro Sinhô!<br />

Essa nega Fulô!<br />

Essa nega Fulô!<br />

Ó Fulô! Ó Fuló! (Era a fala <strong>da</strong> Sinhá.)<br />

Vem me aju<strong>da</strong>r, Ó Fulô,<br />

vem abanar o meu corpo<br />

2010Salvador/3ªs/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc/lau<br />

NEGA FULÔ<br />

que eu estou sua<strong>da</strong>, Fulô!<br />

vem coçar minha coceira,<br />

vem me catar cafuné,<br />

vem balançar minha rede,<br />

vem me contar uma história,<br />

que eu estou com sono, Fulô!<br />

...<br />

O Sinhô foi ver a nega<br />

levar couro do feitor.<br />

A negra tirou a roupa.<br />

0 Sinhô disse: Fulô!<br />

(A vista se escureceu<br />

que nem a nega Fulô.)<br />

Ó Fulô? Ó Fulô?<br />

Cadê, cadê teu Sinhô<br />

que nosso Senhor me mandou?<br />

Ah! foi você que roubou,<br />

foi você, nega Fulô?<br />

Essa nega Fulô!<br />

Jorge de Lima


TEXTO III<br />

04.<br />

COLÉGIO OFICINA<br />

O sinhô foi açoitar a outra nega Fulô<br />

— ou será que era a mesma?<br />

A nega tirou a saia, a blusa e se pelou.<br />

O sinhô ficou tarado,<br />

largou o relho e se engraçou.<br />

A nega em vez de deitar<br />

pegou um pau e sampou<br />

nas guampas do sinhô.<br />

— Essa nega Fulô!<br />

Esta nossa Fulô!,<br />

dizia intimamente satisfeito<br />

o velho pai João<br />

pra escân<strong>da</strong>lo do bom Jorge de Lima,<br />

seminegro e cristão.<br />

OUTRA NEGA FULÔ<br />

E a mãe-preta chegou bem cretina<br />

fingindo uma dor no coração.<br />

— Fulô! Fulô! Ó Fulo!<br />

A sinhá burra e besta perguntou<br />

onde é que tá o sinhô<br />

que o diabo lhe mandou.<br />

— Ah, foi você que matou!<br />

— É sim, fui eu que matou<br />

— disse bem longe a Fulô,<br />

pro seu nego, que levou<br />

ela pro mato, e com ele<br />

aí sim, ela deitou.<br />

Essa nega Fulô!<br />

Esta nossa Fulô!<br />

Oliveira Silveira<br />

O primeiro texto pertence ao escritor Jorge de Lima e foi construído no Modernismo Brasileiro. Sua intenção era<br />

propor um olhar para a figura do negro, mas ain<strong>da</strong> aos moldes de “Vítimas Algozes”, ou seja, sem um total<br />

entendimento <strong>da</strong> conquista de uma identi<strong>da</strong>de racial. Por isso, em “Cadernos Negros”, o autor faz uma retoma<strong>da</strong><br />

poética para, com intertextuali<strong>da</strong>de, propor, de modo melhor essa conquista racial.<br />

Tomando como base os dois textos é correto afirmar:<br />

a) A diferença entre os dois textos está na escolha amorosa feita por Fulô em ca<strong>da</strong> um deles – relacionar-se com um<br />

branco ou com um negro.<br />

b) A negra Fulô tem voz nos dois textos, mas apresenta dificul<strong>da</strong>de de expressar-se no primeiro.<br />

c) Os dois textos apresentam o traço <strong>da</strong> sensuali<strong>da</strong>de como forma de conquista feminina, comum à literatura que<br />

traduz o negro como objeto <strong>da</strong> história.<br />

d) O texto III tem caráter segregador, pois possui a mensagem subliminar de que o negro deve envolver-se apenas<br />

com os que possuem seus traços raciais.<br />

e) O imperativo, que é marca do texto II, desaparece do texto III. Nesse segundo, haverá outra versão <strong>da</strong> história,<br />

conta<strong>da</strong> sob o ponto de vista do povo negro.<br />

TEXTO IV<br />

5<br />

GABARITO: E<br />

FAÇA A COISA CERTA:<br />

Filme de Spike Lee<br />

— Vive falando que preto isso, preto aquilo, e seus favoritos são pretos.<br />

— É diferente. Magic, Eddie, Prince não são pretos. Digo, não são negros. Quero tentar explicar. Não são negros de<br />

ver<strong>da</strong>de. São mas não são muito. São mais que negros.<br />

— É diferente?<br />

— Pra mim é.<br />

— No fundo, você queria ser negro.<br />

— Que mer<strong>da</strong> é essa?<br />

(...)<br />

— Ria o quanto quiser, mas seu cabelo é mais pixain que o meu.<br />

(...)<br />

2010Salvador/3ªs/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc/lau<br />

3


10<br />

COLÉGIO OFICINA<br />

— Ando ouvindo, e lendo (...) tenho lido sobre os seus líderes. Reverendo Al Sharpton Jesse, “Mantenha a<br />

Esperança” (...) E tem outro (...) Pastor Farrakhan. Esse tal de Farrakhan sempre fala de um tal dia quando os<br />

negros se insurgirão. “um dia, reinaremos na terra como em nosso passado glorioso.” Ver<strong>da</strong>de? Que passado? Perdi<br />

alguma coisa?<br />

— Criamos a civilização.<br />

— Continua sonhando. Aí você acordou.<br />

TEXTO V<br />

5<br />

RAÇA & CLASSE<br />

Nossa pele teve maldição de raça<br />

e exploração de classe<br />

duas faces <strong>da</strong> mesma diáspora e desgraça<br />

Nossa dor fez pacto antigo com to<strong>da</strong>s as estra<strong>da</strong>s do<br />

mundo e cobre o corpo fechado e sem medo do sol<br />

Nossa raça traz o selo dos sóis e luas dos séculos<br />

a pele é mapa de pesadelos oceânicos<br />

e orgulhosa moldura de cicatrizes quilombolas.<br />

Jamu Minka<br />

Considerando o texto de Cadernos Negros como comprovação do que se questiona no filme, pode-se afirmar:<br />

a) A construção de identi<strong>da</strong>de apresenta<strong>da</strong> no primeiro texto está relaciona<strong>da</strong>, principalmente, à cultura de massa.<br />

b) Os textos IV e V apresentam uma espécie de mito fun<strong>da</strong>cional (as raízes africanas, a imigração força<strong>da</strong> para a<br />

América) baseado na identificação de um povo original (os africanos).<br />

c) O texto IV apresenta a tese do branqueamento pela qual passaram alguns negros na história, além de revelar que<br />

certos traços étnicos também servem como comprovação <strong>da</strong>s raízes africanas.<br />

d) Tanto o filme, no trecho apresentado, quanto o poema explicitam que a história do negro não é conheci<strong>da</strong> por todos.<br />

e) Os dois textos revelam uma postura de resistência <strong>da</strong> raça negra. O filme apresenta a dicotomia negros X<br />

brancos, seus conflitos e tensões desembocando num ato que envolve pessoas <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de e os responsáveis<br />

por cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> ordem e, no poema, os negros, nos quilombos revelavam sua negação à escravidão.<br />

TEXTO VI<br />

TEXTO VII:<br />

5<br />

GABARITO: C<br />

ROTINA<br />

Há sempre um homem<br />

me dizendo<br />

o que fazer<br />

(Esmeral<strong>da</strong> Ribeiro).<br />

Aurélia revoltava-se contra si mesma, por causa <strong>da</strong>quele momento de fragili<strong>da</strong>de. Como é que ela depois de<br />

haver arrebatado à sua rival o homem a quem amava, e de haver desdenhado esse triunfo, por indigno de sua alma<br />

nobre, <strong>da</strong>va a essa rival o prazer de recear-se de suas seduções?<br />

Descontente, contraria<strong>da</strong>, cogitava uma vindita desse eclipse de seu orgulho.<br />

— O que é o ciúme? disse de repente sem olhar o marido, e com um tom incisivo.<br />

Seixas compreendeu que aí vinha a refega e preparou-se, chamando a si to<strong>da</strong> a calcula<strong>da</strong> resignação de que se<br />

costumava revestir.<br />

— Exige uma definição fisiológica, ou a pergunta é apenas mote para conversa?<br />

2010Salvador/3ªs/Provas/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc /lau<br />

4


10<br />

15<br />

20<br />

COLÉGIO OFICINA<br />

— Acredita na fisiologia do coração? Não lhe parece um disparate esta ciência pretensiosa que se mete a<br />

explicar e definir o incompreensível, aquilo que não entende o próprio que o sente, e que sente-se, sem ter muitas<br />

vezes a consciência desse fenômeno moral? Só há um fisiologista, mas esse não define, julga. É Deus, que<br />

formando sua criatura do limo <strong>da</strong> terra, como ensina a Escritura, deixou-lhe ao lado esquerdo, por amassar, uma<br />

porção do caos de que a tirou. Quanto ao ciúme, todos nós sabemos mais ou menos a significação <strong>da</strong> palavra. O que<br />

eu desejava era saber sua opinião sobre este ponto: se o ciúme é produzido pelo amor?<br />

— Assim pensam geralmente.<br />

— E o senhor?<br />

— Como nunca o senti, não posso ter opinião minha.<br />

— Pois tenho-a eu, e por experiência. O ciúme não nasce do amor, e sim do orgulho. O que dói neste<br />

sentimento, creia-me, não é a privação do prazer que outrem goza, quando também nós podemos gozá-lo e mais. É<br />

unicamente o desgosto de ver o rival possuir um bem que nos pertence ou cobiçamos, ao qual nos julgamos com<br />

direito exclusivo, e em que não admitimos partilha. Há mais ardente ciúme do que o do avaro por seu ouro, do<br />

ministro por sua pasta, do ambicioso por sua glória? Pode-se ter ciúme de um amigo, como de um traste de<br />

estimação, ou de um animal favorito. Eu quando era criança tinha-o de minhas bonecas.<br />

05. Analisando-se os textos VI e VII é coerente afirmar:<br />

ALENCAR, José de. Romance urbano: Senhora. In: COUTINHO, Afrânio et al. (Org.).<br />

José de Alencar: ficção completa e outros escritos. 3. ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965. p.803-804.<br />

a) A voz poética do texto VI denuncia uma narrativa épica, pois o locutor do texto é um herói que luta por causas<br />

revolucionárias de um povo sofredor.<br />

b) O texto Rotina estabelece uma relação intertextual com o romance Senhora a partir do momento em que Aurélia<br />

Camargo transforma-se numa mulher de posses.<br />

c) O eu poético do texto Rotina é consciente do poder estrutural <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de patriarcal.<br />

d) O texto VI demonstra a aceitação dos valores impositivos masculinizados e assemelha-se ao texto VII por serem<br />

<strong>da</strong> mesma tipologia.<br />

e) A expressão linguística: “Há sempre um homem” (V.1), extraído do texto Rotina denuncia a “luta” desenfrea<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s mulheres por mu<strong>da</strong>nças e a busca pelo respeito às diferenças de gênero, negligencia<strong>da</strong>s pelo patriarcalismo.<br />

GABARITO: C<br />

06. O fragmento transcrito do romance Senhora e a leitura <strong>da</strong> obra como um todo só não nos permitem afirmar:<br />

a) A fala de Aurélia revela-nos uma personagem rompendo os paradigmas <strong>da</strong> sua época em relação à capaci<strong>da</strong>de<br />

intelectual <strong>da</strong> mulher.<br />

b) O diálogo revela não só o esforço de Aurélia para dissimular sua indignação diante do marido, como também a<br />

aparente indiferença de Seixas em relação aos sentimentos <strong>da</strong> esposa.<br />

c) Demonstrar ciúmes do marido era inadmissível para Aurélia, pois isso lhe revelaria sua vulnerabili<strong>da</strong>de.<br />

d) Aurélia, ao discorrer sobre o ciúme (. 19-23), busca uma explicação lógica para tal sentimento, ao tempo em que<br />

sinaliza para Seixas que, se lhe pareceu ter ciúmes, é porque o considera como sua proprie<strong>da</strong>de.<br />

e) A personagem Aurélia é movi<strong>da</strong> por sentimentos apaixonados, e justifica suas ações através de uma<br />

argumentação emocional.<br />

GABARITO: E<br />

2010Salvador/3ªs/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc /lau<br />

5


COLÉGIO OFICINA<br />

07. Assinale a alternativa correta:<br />

a) O texto VI refere-se à mesma época do texto Senhora de José de Alencar.<br />

b) Tal qual Aurélia, o eu poético, no texto VI se deixará dominar pelos valores patriarcais <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />

c) O sentimento de culpa vivenciado pelo eu poético resulta do conflito entre o seu papel de mulher na socie<strong>da</strong>de<br />

patriarcalista e a sua ânsia de respeito e liber<strong>da</strong>de, enquanto em Senhora deve-se à tentativa de Aurélia de<br />

esconder seu amor por Seixas.<br />

d) No texto VII, a descrição do cenário e <strong>da</strong> protagonista se constrói através <strong>da</strong> escolha de um vocabulário que<br />

explora os elementos visuais.<br />

e) Há, no texto VII, a presença <strong>da</strong> denotação, por esse texto ser predominantemente poético.<br />

08.<br />

5<br />

10<br />

GABARITO: C<br />

Fabiano, encaiporado, fechou as mãos e deu murros na coxa. Diabo. Esforçava-se por esquecer uma infelici<strong>da</strong>de,<br />

e vinham outras infelici<strong>da</strong>des. Não queria lembrar-se do patrão, nem do sol<strong>da</strong>do amarelo. Mas lembrava-se, com<br />

desespero, enroscando-se como uma cascavel assanha<strong>da</strong>. Era um infeliz, era a criatura mais infeliz do mundo. Devia<br />

ter ferido naquela tarde o sol<strong>da</strong>do amarelo, devia tê-lo cortado a facão. Cabra ordinário, mofino, encolhera-se e<br />

ensinara o caminho. Esfregou a testa sua<strong>da</strong>, enruga<strong>da</strong>. Para que recor<strong>da</strong>r vergonha? Pobre dele. Estava então<br />

decidido que viveria sempre assim? Cabra safado, mole. Se não fosse tão fraco, teria entrado no cangaço e feito<br />

misérias. Depois levaria um tiro de embosca<strong>da</strong> ou envelheceria na cadeia, cumprindo sentença, mas isto era melhor<br />

que acabar-se numa beira de caminho, assando no calor, a mulher e os filhos acabando-se também. Devia ter furado<br />

o pescoço do amarelo com faca de ponta, devagar. Talvez estivesse preso e respeitado, um homem respeitado, um<br />

homem. Assim como estava, ninguém podia respeitá-lo. Não era homem, não era na<strong>da</strong>. Aguentava zinco no lombo<br />

e não se vingava.<br />

RAMOS, Graciliano. Vi<strong>da</strong>s secas. 74. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.<br />

Assinale a proposição que não esteja de acordo com o texto. Considere o texto inserido na obra.<br />

a) O texto apresenta o monólogo interior do personagem, que se desespera ante o imperativo de absorver a<br />

agressão alheia para evitar maiores <strong>da</strong>nos.<br />

b) O quadro <strong>da</strong> seca e do sertão é portentoso em “Vi<strong>da</strong>s Secas” e termina por reduzir as reflexões de Fabiano a<br />

meros reflexos do mundo exterior.<br />

c) A narração neste romance se dá em terceira pessoa. O narrador fala de seus personagens, entre eles, Fabiano,<br />

mas sabe fazê-lo com tal isenção e senso de intimi<strong>da</strong>de que temos a impressão de que o narrador desaparece e<br />

deixa o personagem em seu lugar.<br />

d) A predominância de orações coordena<strong>da</strong>s dá ao texto um ritmo em que se “visualizam” e como que<br />

cinematograficamente desfilam, diante do leitor, as reflexões íntimas do personagem.<br />

e) O sol<strong>da</strong>do amarelo e o patrão são símbolos <strong>da</strong> incomunicabili<strong>da</strong>de entre as classes sociais. Ela, na reali<strong>da</strong>de, é<br />

síntese de to<strong>da</strong>s as adversi<strong>da</strong>des, de que participam o latifúndio, o Estado, o primarismo agrário, etc.<br />

GABARITO: B<br />

TEXTO VIII<br />

Esméria voltou para casa com o coração palpitante de assombro e com o espírito, embora perturbado, aceso em<br />

sinistras ideias e bárbaros projetos. (...)<br />

Esméria tranquilizava-se tanto quando lhe era possível, contando com o braço de ferro do Hércules africano;<br />

mas adiava ain<strong>da</strong> a sua entrevista com ele, receosa de que por temor ou generosi<strong>da</strong>de Alberto se opusesse ao<br />

5 envenenamento dos dois meninos. (...)<br />

Este crime nefando estava decidi<strong>da</strong>mente resolvido pela malva<strong>da</strong> escrava, que ain<strong>da</strong> mais se assanhara com a<br />

perspectiva do futuro que o Pai Raiol mostrara em grosseiro quadro a seus olhos.<br />

Só lhe faltava à oportuni<strong>da</strong>de para o medonho atentado, e foi ain<strong>da</strong> o desmoralizado e vil senhor quem lha<br />

proporcionou. (...)<br />

2010Salvador/3ªs/Provas/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc /lau<br />

MACEDO, Joaquim Manuel de. As Vítimas-algozes: quadros <strong>da</strong> escravidão. São Paulo: Scipione, 1988, p. 135.<br />

6


COLÉGIO OFICINA<br />

09. O texto, vinculado à totali<strong>da</strong>de do quadro Pai Raiol, permite afirmar:<br />

10.<br />

11.<br />

I. A personagem Esméria encontra-se numa situação extremamente delica<strong>da</strong>, já que, sob ameaça de Pai Raiol,<br />

terá que cumprir uma tarefa indesejável para ela.<br />

II. A escrava-amante, revolta<strong>da</strong> por ver-se incapaz de usufruir alguma vantagem com a morte de Teresa, decide<br />

articular-se com Pai Raiol e Alberto para assassinar Paulo Borges.<br />

III. A escrava posta em evidência no texto, apesar de usufruir pleno poder sobre a casa de seu senhor, vive um<br />

impasse que limita a sua liber<strong>da</strong>de e autori<strong>da</strong>de.<br />

IV. O texto se utiliza de uma linguagem isenta de conotação para atender aos propósitos do autor de assegurar o<br />

máximo possível a verossimilhança <strong>da</strong> narrativa.<br />

São ver<strong>da</strong>deiras:<br />

a) I e III<br />

b) II e IV<br />

c) II e III<br />

d) I e IV<br />

e) I e II<br />

GABARITO: A<br />

I. O texto faz referência a uma personagem recém-apresenta<strong>da</strong> na narrativa, que trará para a obra um desfecho<br />

trágico e desfavorável aos planos de Pai Raiol e Esméria.<br />

II. Dividi<strong>da</strong> entre o amor a Paulo Borges e a Pai Raiol, Esméria decide por tornar-se esposa do segundo, para o<br />

que trama a morte do seu senhor e amante.<br />

III. O texto apresenta recursos estilísticos, como a metáfora, antítese e hipérbole, para sugerir um contexto fatídico<br />

propício às ideias que o autor se propõe a provar ao longo <strong>da</strong> narrativa.<br />

São ver<strong>da</strong>deiras:<br />

a) I, II e III<br />

b) II e III<br />

c) I e III<br />

d) somente a II<br />

e) somente a III<br />

GABARITO: C<br />

"Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome,<br />

comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta <strong>da</strong> casa deserta. ELE, a mulher<br />

e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos — e a lembrança dos sofrimentos passados<br />

esmorecera (...).<br />

5 — Fabiano, VOCÊ é um homem, exclamou em voz alta.<br />

Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando<br />

bem, ele não era um homem: era apenas um cabra ocupado em guar<strong>da</strong>r coisas dos outros. (...) Olhou em torno, com<br />

receio de que, fora os meninos, ALGUÉM tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:<br />

— Você é um bicho, Fabiano.<br />

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificul<strong>da</strong>des".<br />

Pode-se reconhecer nesse fragmento:<br />

a) a linguagem oral e carrega<strong>da</strong> de expressões de origem indígena do romance "Macunaíma", de Mário de Andrade,<br />

um dos marcos do Modernismo brasileiro<br />

b) um retrato alegórico do sertão, realizado com as inovações linguísticas características de "Grande Sertão:<br />

Vere<strong>da</strong>s", escrito por Guimarães Rosa<br />

2010Salvador/3ªs/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc /lau<br />

7


COLÉGIO OFICINA<br />

c) o tema <strong>da</strong> miséria nordestina retratado em "Vi<strong>da</strong>s Secas", de Graciliano Ramos, representante <strong>da</strong> prosa regionalista<br />

<strong>da</strong> segun<strong>da</strong> geração modernista<br />

d) o enaltecimento <strong>da</strong>s riquezas naturais do Brasil, típico do Romantismo, em particular na obra "O Guarani", de José<br />

de Alencar<br />

e) a intenção de analisar e conhecer cientificamente o povo nordestino e seu ambiente, objetivo de "Os Sertões", de<br />

Euclides <strong>da</strong> Cunha<br />

GABARITO: C<br />

12. (UFBA 2009/a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>)<br />

5<br />

10<br />

15<br />

— Então nunca amou a outra?<br />

— Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. O meu<br />

primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...<br />

— Soerguendo-se para alcançar-lhe a face, não viu Seixas a súbita mutação que se havia operado na fisionomia<br />

de sua noiva.<br />

Aurélia estava lívi<strong>da</strong>, e a sua beleza, radiante há pouco, se marmorizara.<br />

— Ou para outra mais rica!... disse ela retraindo-se para fugir ao beijo do marido, e afastando-o com a ponta dos<br />

dedos.<br />

— A voz <strong>da</strong> moça tomara o timbre cristalino, eco <strong>da</strong> rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio, e<br />

que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.<br />

— Aurélia! Que significa isto?<br />

— Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consuma<strong>da</strong>.<br />

Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel<br />

mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na reali<strong>da</strong>de por mais triste que ela<br />

seja; e resigne-se ca<strong>da</strong> um ao que é, eu, uma mulher traí<strong>da</strong>; o senhor, um homem vendido.<br />

— Vendido! Exclamou Seixas ferido dentro d’alma.<br />

ALENCAR, J. de. Senhora. In: José de Alencar: ficção completa e outros escritos. 3. ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965, v. 1, p. 714.<br />

Constitui uma afirmativa ver<strong>da</strong>deira sobre esse fragmento destacado do romance:<br />

a) Aurélia e Seixas são caracterizados como seres movidos pela razão.<br />

b) Os termos “ti” e “esposa”, em “O meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...” (. 2-3),<br />

não se equivalem semanticamente.<br />

c) A expressão “com a ponta dos dedos” (. 7-8) acentua a delicadeza de Aurélia em relação ao marido.<br />

d) Aurélia, ao referir-se à sua relação matrimonial como “comédia” (. 12), nega o drama por ela vivenciado.<br />

e) O fragmento reproduzido põe em cena as duas personagens como se vivessem numa representação, segundo<br />

<strong>avaliação</strong> <strong>da</strong> protagonista.<br />

GABARITO: E<br />

13. (PUC-2009) Alguns dias antes estava sossegado, preparando látegos, consertando cercas. De repente, um risco no<br />

céu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar destruição. Ele já an<strong>da</strong>va<br />

meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura <strong>da</strong>s manhãs longas e a<br />

vermelhidão sinistra <strong>da</strong>s tardes.<br />

O crítico Álvaro Lins, referindo-se a Vi<strong>da</strong>s Secas, obra de Graciliano Ramos, <strong>da</strong> qual se extraiu o trecho acima,<br />

afirma que, além de ser o mais humano e comovente dos livros do autor, é “o que contém maior sentimento <strong>da</strong> terra<br />

nordestina, <strong>da</strong>quela parte que é áspera, dura e cruel, sem deixar de ser ama<strong>da</strong> pelos que a ela estão ligados<br />

teluricamente”. Por outro lado, merece destaque, dentre os elementos constitutivos dessa obra, a paisagem, a<br />

linguagem e o problema social.<br />

2010Salvador/3ªs/Provas/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc /lau<br />

8


14.<br />

COLÉGIO OFICINA<br />

Assim, a respeito <strong>da</strong> linguagem de Vi<strong>da</strong>s Secas é correto afirmar-se que<br />

a) apresenta um estilo seco, conciso e sem sentimentalismo, o que retira <strong>da</strong> obra a força poética e impede a presença<br />

de características estéticas.<br />

b) caracteriza-se por vocabulário erudito e próprio dos meios urbanos, marcado por estilo rebuscado e<br />

grandiloquente.<br />

c) revela um estilo seco, de frase conti<strong>da</strong>, clara e correta, reduzi<strong>da</strong> ao essencial e com vocabulário meticulosamente<br />

escolhido.<br />

d) apresenta grande poder descritivo e capaci<strong>da</strong>de de visualização, mas apoia-se em sintaxe marca<strong>da</strong> por períodos<br />

longos e de estrutura subordinativa, o que prejudica sua compreensão.<br />

e) marca-se por estilo frouxo e sintaxe desconexa, à semelhança <strong>da</strong> própria estrutura <strong>da</strong> novela que se constrói de<br />

capítulos soltos e ordenação circular.<br />

GABARITO: C<br />

MANDELA<br />

I<br />

Nenhum cárcere pode prender, entre paredes de pedra e musgo, a música <strong>da</strong>s passeatas, a voz rebelde dos jovens,<br />

o beijo de amor <strong>da</strong>s mulheres no rosto negro dos homens, a aurora do novo mundo nos bairros de lata e pólvora.<br />

II<br />

Não, nenhum cárcere tira dos homens os sonhos de liber<strong>da</strong>de. Os sonhos desafiam as armas, o fogo não os<br />

dilacera, os homens vertem o sangue mas seguem a luta cantando.<br />

III<br />

Ah, senhores, que túmulo de mer<strong>da</strong> será o vosso, que vermes vos roerão na morte amarga e sonora, que alvos<br />

dragões defecarão em vossa carne. Nenhuma estupidez escraviza o negro ao branco e permanece impune.<br />

IV<br />

Qual cárcere pode prender o etéreo aroma <strong>da</strong> flor, o horrível rugido <strong>da</strong> fera, um róseo brilho de fogo, o carinho de<br />

uma criança nas mãos rugosas de um velho?<br />

V<br />

Pisa, Sul <strong>da</strong> África, a nívea pele dos oceanos de brancura, invade as ricas ci<strong>da</strong>des, derruba os prédios malditos, a<br />

música <strong>da</strong> vitória acor<strong>da</strong> todos os povos, seguiremos teu exemplo de luta e digni<strong>da</strong>de.<br />

VI<br />

Não, nenhum cárcere detém o crepúsculo ou impede a marcha sangrenta <strong>da</strong>s horas.<br />

(BARBOSA. Márcio. Cadernos Negros: os melhores poemas/organizador Quilombhoje. São Paulo: Quilombhoje, 1998, p.100-101.)<br />

Com base no poema ou na obra Cadernos Negros, é ver<strong>da</strong>deiro o que se afirma na seguinte alternativa:<br />

a) O poema se divide de forma criteriosa e condizente com as normas consagra<strong>da</strong>s <strong>da</strong> poesia canônica. Apesar de<br />

não haver rimas ricas, o texto segue uma metrificação.<br />

b) Mandela e outros tantos líderes negros aparecem na coletânea como exemplos de bravura e de resistência. Há no<br />

livro, uma desconstrução <strong>da</strong> história oficial, sempre escrita pela ótica do opressor.<br />

c) O trecho “Não, nenhum cárcere detém o crepúsculo ou impede a marcha sangrenta <strong>da</strong>s horas.” mostra o interesse<br />

do poema pela luta arma<strong>da</strong>. O sentido denotativo utilizado pelo poeta aparece em tal expressão.<br />

2010Salvador/3ªs/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc /lau<br />

9


15.<br />

COLÉGIO OFICINA<br />

d) O texto alude à prisão vivencia<strong>da</strong> por Mandela na África do Sul. O poema saú<strong>da</strong> o tom de revanche que se<br />

instaurou na África, após a libertação do líder. Mandela instigou nos sul-africanos um sentimento de ódio e<br />

ressentimento, uma espécie de “racismo às avessas”.<br />

e) Buscando chegar de forma direta e convincente nos leitores, o poema usa uma linguagem simples e coloquial,<br />

acentuando assim o seu aspecto proselitista. A Poesia aparece como uma arma do oprimido contra o opressor,<br />

que será o leitor potencial do texto.<br />

GABARITO: B<br />

Está presente no texto:<br />

2010Salvador/3ªs/Provas/Gabarito/20100924_ <strong>2ª</strong> Avaliação_Português_3ªUnid.doc /lau<br />

PARA OUVIR E ENTENDER "ESTRELA"<br />

(Cuti)<br />

Se o Papai Noel<br />

não trouxer boneca preta<br />

neste Natal<br />

meta-lhe o pé no saco!<br />

a) Uma visão irreverente sobre a comemoração do Natal. Há uma afirmação do natal como festa eminentemente<br />

branca, por isso a reação do eu-poético.<br />

b) Uma visão favorável ao caráter consumista que se faz presente nas tradicionais festas religiosas, de maneira geral.<br />

c) Um eu-lírico provavelmente afrodescendente, que se dirige, provavelmente, a um interlocutor também afrodescendente.<br />

Ele instiga uma reação à reali<strong>da</strong>de discriminatória presente na socie<strong>da</strong>de.<br />

d) Ironia em relação a um elemento pertencente ao ícone capitalista presente no texto, com a expressão “meta-lhe o<br />

pé no saco!”. Esta ironia, tira do texto o seu caráter literário.<br />

e) A temática do racismo e <strong>da</strong> exclusão social. Estes temas norteiam to<strong>da</strong> a coletânea dos Cadernos Negros. Os<br />

autores sempre trabalham a questão racial de forma ostensivamente radical.<br />

GABARITO: C<br />

QUESTÃO EXTRA<br />

(UFRN-RN) O fragmento textual que segue, retirado <strong>da</strong> narrativa A terceira margem do rio, de João Guimarães<br />

Rosa, servirá de base para a questão extra.<br />

Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo<br />

ausência: e o rio-rio-rio — o rio — pondo perpétuo [grifo nosso]. Eu sofria já o começo <strong>da</strong> velhice — esta vi<strong>da</strong> era<br />

só o demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por<br />

quê? Devia de padecer demais.<br />

De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse<br />

sem pulso, na leva<strong>da</strong> do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo <strong>da</strong> cachoeira, brava, com o<br />

fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha tranquili<strong>da</strong>de. Sou o culpado do que nem sei, de<br />

dor em aberto, no meu foro. Soubesse — se as coisas fossem outras. E fui tomando ideia.<br />

ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.<br />

No quadro do Modernismo literário no Brasil, a obra de Guimarães Rosa destaca-se pela inventivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

criação estética.<br />

Considerando-se o fragmento em análise, essa inventivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> narrativa roseana pode ser constata<strong>da</strong> através<br />

do(a)<br />

a) recriação do mundo sertanejo pela linguagem, a partir <strong>da</strong> apropriação de recursos <strong>da</strong> orali<strong>da</strong>de.<br />

b) aproveitamento de elementos pitorescos <strong>da</strong> cultura regional que tematizam a visão de mundo simplista do<br />

homem sertanejo.<br />

c) resgate de histórias que procedem do universo popular, conta<strong>da</strong>s de modo original, opondo reali<strong>da</strong>de e fantasia.<br />

d) son<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> natureza universal <strong>da</strong> existência humana, através de referência a aspectos <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de<br />

popular.<br />

10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!