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2º Centenário das Invasões Francesas

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as Reais Quinas Portuguesas. Iluminado por milhares de lumes em copos de diversas<br />

cores, tinha, ainda, um grande medalhão com a efígie de D. João «sustentada por dois<br />

génios que mostravam o Brasil, o qual na figura de um gentil e engraçado índio, todo<br />

absorto de prazer, ofertava de joelhos a S. A. os seus tesouros, para os quais apontava<br />

com a mão esquerda; e sustentando na direita o coração, oferecia-o ao mesmo Real<br />

Senhor com estas palavras que se liam, como saindo-lhe da boca: «Mais que tudo o<br />

coração…».<br />

Fazia ainda parte da mesma alegoria, representado noutro medalhão, o<br />

panorama da entrada do porto com a nau «Príncipe Real» entrando na Baía de<br />

Guanabara. Nas ruas à volta, a festa continuou pela noite dentro, com fogos, músicas e<br />

declamações em homenagem aos que acabavam de chegar ao Rio de Janeiro.<br />

Devido ao seu estado de saúde a Rainha só desembarcou dois dias depois, na<br />

tarde do dia 10. Ao chegar a terra, acompanhada do filho e dos Infantes foi recolhida<br />

debaixo de um pálio e transportada «em uma cadeirinha de braços que levavam os<br />

criados da Casa Real, por entre mil vivas dos vassalos, repiques dos sinos, e ruído<br />

estrondoso de centenas de fogos volantes, que de várias partes ao mesmo tempo se<br />

lançavam no ar, até à entrada principal do Palácio; e, saindo pela porta lateral, foi<br />

conduzida com a mesma comitiva pela praça até à entrada do quarto, que se achava<br />

preparado para Sua Majestade…Ali ficou com um olhar incerto de idiotia e senilidade,<br />

rodeada por D. Carlota Joaquina, pela Infanta D. Mariana, por to<strong>das</strong> as suas netas,<br />

damas e cria<strong>das</strong> que a vieram receber com lágrimas de ternura e amor…».<br />

Nas primeiras noites, uma multidão, sempre extasiada, saía ao largo do Paço e<br />

contemplava o Palácio, para ver o Príncipe Regente e as pessoas reais que chegavam às<br />

janelas e algumas vezes saíam em passeio até à rua Direita, por entre o povo que<br />

ajoelhava religioso e feliz, à passagem «daquela família quase divina». Os festejos<br />

foram encerrados, oficialmente, em 15 de Março, terminando com mais uma cerimónia<br />

de acção de graças na Igreja do Rosário e um beija-mão no Paço.<br />

Sublinhe-se que a notícia da chegada da Corte ao Rio de Janeiro teve enorme<br />

propagação, provocando largas e espontâneas manifestações de regozijo. E mais,<br />

quando houve conhecimento que a Corte estava a caminho do Brasil, algumas regiões<br />

não deixaram de aplaudir e vibrar com tal facto. Assim, ainda em Janeiro de 1808, em<br />

S. Paulo, antes mesmo do desembarque, o comerciante inglês, John Mawe,<br />

testemunhou as orações diárias realiza<strong>das</strong> na Sé Catedral pelo Bispo D. Mateus de<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 8

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