19.04.2013 Views

2º Centenário das Invasões Francesas

2º Centenário das Invasões Francesas

2º Centenário das Invasões Francesas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

preta, capa da mesma, colete e meias de seda branca, chapéu meio abado com plumas<br />

brancas, e presilha de pedras preciosas, e cuja capa era ornada com ban<strong>das</strong> de seda<br />

ricamente bordada». Era ladeado por duas compri<strong>das</strong> fileiras de homens trajados da<br />

mesma maneira, que formavam a «guarda do estandarte». Atrás da Cruz do Cabido da<br />

Sé ia todo o clero da cidade, também em duas alas com o próprio Cabido a fechar,<br />

«todos de sobrepelizes muito ricas». Vinha, então, o pálio, sob o qual caminhava<br />

lentamente o Príncipe D. João e a Família Real<br />

Ao longo do percurso, do cais à Catedral, as ruas estavam cobertas de fina areia<br />

branca, folhas e ervas odoríferas; as portas <strong>das</strong> casas estavam escondi<strong>das</strong> por cortinados<br />

de damasco e de to<strong>das</strong> as janelas e varan<strong>das</strong>, decora<strong>das</strong> com colchas e tapeçarias eram<br />

lança<strong>das</strong> flores à passagem da comitiva real. O povo, que se apinhava nas ruas Direita e<br />

do Rosário, saudava D. João, gritando: «Viva o nosso Príncipe, viva o imperador do<br />

Brasil».<br />

Na rua do Rosário armara-se um coreto «onde melodiosas vozes, tanto<br />

instrumentais como vocais, cantavam os músicos hinos em louvor de Sua Alteza Real,<br />

ao mesmo tempo que uma perene chuva de mimosas e suaves flores caía sobre Suas<br />

Altezas, lançada pelas mãos da formosura e inocência…».<br />

O acompanhamento chegou, finalmente, à Sé, onde a Família real avançou não<br />

sem dificuldades. Os sinos da igreja de S. Francisco e do Senhor do Bom Jesus<br />

repicavam, incessantemente, apregoando aos quatro ventos a celebridade daquele dia<br />

de festa.<br />

Na Sé foi rezada missa a grande instrumental, cantaram-se os hinos «Te Deum<br />

Laudamus», o «Hino da Graça, as Antífonas «Sub tuum poesidium», o «Beate<br />

Sebastiane» e o «Domine salvum fac Principem», este entoado pelo Chantre.<br />

Após as orações, e concluída a acção de graças pelo sucesso da viagem, o<br />

Príncipe e a Família Real, acompanhados da fidalguia, Cabido, clero, câmara<br />

municipal, magistrados, oficiais superiores e as pessoas mais distintas da cidade<br />

dirigiram-se, em coches próprios, ao Largo do Paço Real onde Suas Altezas<br />

concederam o beija mão antes de se recolherem ao palácio.<br />

À noite foram surgindo as iluminações, especialmente a que fora mandada<br />

colocar em frente do cais, ao lado do palácio, onde tinham erguido uma alegórica<br />

arquitectura cenográfica, composta por uma série de arca<strong>das</strong>, uni<strong>das</strong> por uma<br />

balaustrada com ornamentos diversos – pirâmides, vasos, inscrições emblemáticas e<br />

dedicatórias… Sobre o arco da frente elevava-se um elegante frontispício coroado com<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!