2º Centenário das Invasões Francesas
2º Centenário das Invasões Francesas
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antecedente; e, estando as coisas dispostas para a recepção de Suas Altezas, pelas<br />
quatro horas da mais bela e serena tarde, por entre repeti<strong>das</strong> e alegres salvas <strong>das</strong> naus<br />
portuguesas e inglesas, e por entre vivas que os respectivos marinheiros postos em<br />
parada sobre as vergas davam em altos gritos, desceu o Príncipe Regente Nosso<br />
Senhor, da nau «Príncipe Real», que o conduzia, e se meteu no bergantim com a<br />
Sereníssima Senhora Princesa do Brasil, e com os Sereníssimos Senhores Príncipe da<br />
Beira, Infantes e Infantas, e acompanhado de toda a Corte, com que saíra de Lisboa e<br />
de outras personagens distintas, que de terra o foram buscar a bordo, ou que <strong>das</strong> naus<br />
desembarcaram (o que tudo fazia uma comitiva muito numerosa e brilhante de<br />
escaleres, lanchas e outras embarcações menores) se dirigiu para a cidade em<br />
direitura do lugar do desembarque…».<br />
Continuando a descrever as comemorações festivas com base nos relatos do<br />
Padre “Perereca”, o celebrado cronista registava que o bergantim real avançou à frente<br />
do cortejo, passou em frente da Ilha <strong>das</strong> Cobras e alcançou, finalmente, a rampa do<br />
cais. Então, do Morro do Castelo «precipitou-se para o desembarcadouro uma<br />
multidão ovante, (orgulhosa) gritando e gesticulando todo o entusiasmo que a<br />
exaltava».<br />
Na parte mais alta da rampa do cais havia sido, nesse dia, armado,<br />
especialmente para a ocasião, um altar. Ao pisar terra, o Príncipe Regente beijou a<br />
Santa Cruz nas mãos do Chantre Filipe da Cunha e Sousa; depois ajoelhou com toda a<br />
Família Real e recebeu as turificações (incensação) e a água benta, rodeado pelo<br />
Cabido da Catedral, todo paramentado de pluviais (capas) de seda de ouro branca.<br />
Finda esta cerimónia organizou-se a procissão solene em direcção à Sé<br />
Catedral: o Príncipe Regente, a Princesa D. Carlota Joaquina, toda a Família Real foi<br />
recolhida sob um «precioso pálio de seda de ouro encarnada, cujas varas eram<br />
sustenta<strong>das</strong> pelo juiz de fora, presidente do Senado da Câmara, Agostinho Petra de<br />
Bettencourt, pelos vereadores Manuel José da Costa, Francisco Xavier Pires, Manuel<br />
Pinheiro Guimarães, procurador José Luis Álvares, escrivão António Martins Brito e<br />
cidadãos Anacleto Elias da Fonseca e Amaro Velho da Silva».<br />
À frente do cortejo seguiam as autoridades do Rio de Janeiro, as mais distintas<br />
pessoas civis e militares que não se encontravam em serviço, «vesti<strong>das</strong> de corte».<br />
Juntamente, seguiam os religiosos de S. Francisco, os Barbadinhos, seminaristas de<br />
José, de S. Joaquim e da Lapa, os magistrados sem lugares determinados; depois vinha<br />
o estandarte da Câmara, empunhado por um cidadão, «o qual trajava vestido de seda<br />
Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 6