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2º Centenário das Invasões Francesas

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Desde a sua ratificação que o Tratado de 1810 foi alvo de violentas críticas no<br />

«Correio Braziliense». O seu editor, Hipólito da Costa, reprovava a falta de<br />

reciprocidade verdadeira do estipulado, as superiores condições permiti<strong>das</strong> aos ingleses<br />

no território brasileiro, em contraste com os próprios naturais do país, bem como a sua<br />

influência «em retardar ou impedir a prosperidade do nascente império do Brasil».<br />

Acrescente-se que, já nível oficial, o Tratado dera origem, quase de imediato, a<br />

questões de «interpretação e de aplicação», reflectindo-se na correspondência<br />

diplomática.<br />

Influência do «Correio Braziliense» ou não, entre os primeiros a queixar-se<br />

estão os negociantes portugueses em Londres. Associados num “clube”, e vendo<br />

gora<strong>das</strong> as suas esperanças de beneficiarem com o acordo, protestaram, desde logo,<br />

junto do nosso embaixador na cidade do Tamisa e, através do diplomata, enviaram para<br />

a Corte do Rio de Janeiro várias notas e memórias, onde se insurgiam contra o não<br />

cumprimento do Tratado, por parte <strong>das</strong> autoridades britânicas.<br />

Posteriormente, em carta de 25 de Agosto de 1913, estas diligências e<br />

reclamações, foram dirigi<strong>das</strong> pelo”clube” ao jornal «Investigador Português em<br />

Inglaterra», sendo depois publicada noutros periódicos de origem portuguesa que,<br />

então, saíam a lume na capital britânica.<br />

A referida carta fazia saber que os comerciantes portugueses continuavam a<br />

suportar as mesmas restrições e os mesmos encargos de todos os outros estrangeiros,<br />

apesar do acordo os ter colocado em pé de igualdade com os britânicos. E mais, «não<br />

lhes concediam a possibilidade de abrir conta no Banco de Inglaterra, para<br />

descontarem letras no giro comercial; não gozavam dos prazos facultados aos ingleses<br />

para liquidação dos direitos de alfândega; e pesavam ainda sobre os navios<br />

portugueses tributos e despesas que os nacionais da Grã-Bretanha não pagavam».<br />

Tudo isto contrariava a letra e o espírito do Tratado, contrastando com as condições<br />

que se ofereciam aos súbditos britânicos em Portugal, que cumpria, ou era obrigado a<br />

cumprir, estritamente, o acordado.<br />

Mais complicada se apresentava a situação para a burguesia mercantil de<br />

Lisboa, lesada pelos princípios básicos do Tratado. Embora não dispondo de um campo<br />

de manobra (no domínio da liberdade) tão alargado como o dos negociantes de<br />

Londres, também os negociantes lisboetas se movimentaram, associando-se, no sentido<br />

de levar o Governo a tomar «as medi<strong>das</strong> necessárias nas actuais circunstâncias a bem<br />

dos dois pontos – facilitar e suscitar o melhoramento e aumento da navegação<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 36

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