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2º Centenário das Invasões Francesas

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demonstrados de sã economia política, quais os da liberdade, e fraqueza do comércio,<br />

o da diminuição dos direitos <strong>das</strong> alfândegas, unidos aos princípios mais liberais, de<br />

maneira que promovendo-se o comércio, pudessem os cultivadores do Brasil achar o<br />

melhor consumo para os seus produtos […], que é o mais essencial modo de o fazer<br />

prosperar, e de muito superior ao sistema restrito, e mercantil […]. Os mesmos<br />

princípios de um sistema grande, e liberal do comércio são muito aplicáveis ao Reino<br />

[…]. Estes mesmos princípios ficam corroborados com o sistema liberal de comércio<br />

que, de acordo com o meu antigo, fiel, e grande aliado, Sua Majestade Britânica,<br />

adoptei os Tratados de Aliança e Comércio, que acabo de ajustar com o mesmo<br />

Soberano».<br />

Considerado sob o ponto de vista da colónia, o Tratado apresentava-se muito<br />

mais desfavorável para Portugal, pois o Brasil lucraria sempre com qualquer acordo<br />

mercantil que lhe permitisse estabelecer relações comerciais directamente com outros<br />

países e libertar-se do monopólio metropolitano.<br />

Mesmo assim, entre aqueles que, no Brasil foram convidados a pronunciar-se<br />

sobre o Tratado, dando o seu parecer, (em Portugal a ninguém foi dada esta<br />

oportunidade) alguns não deixaram de manifestar certas reservas. A generalidade dos<br />

pareceres apontava para o facto de se ter ido longe de mais nas cedências às pretensões<br />

britânicas; as cláusulas acerta<strong>das</strong> (desacerta<strong>das</strong> para nós) concediam à Inglaterra<br />

vantagens de tal ordem que iam para além dos «justos limites», como até reconheciam<br />

os que tinham a concertação por conveniente ou, mesmo, aqueles que eram os mais<br />

“ferrenhos” adeptos do livre cambismo<br />

O parecer do desembargador Luis José de Melo acentuava o facto de que a<br />

ocasião era pouco propícia para se efectivar um compromisso de ordem comercial a<br />

longo prazo e acrescentava: «Portugal estava numa situação de dependência», era a<br />

Grã-Bretanha quem defendia o litoral português, afiançava e assegurava «a nossa<br />

existência política», competindo-lhe ainda «no ajuste da Paz geral» negociar os nossos<br />

interesses. O desembargador parece querer dar a entender que o Tratado nos seria<br />

sempre mais desfavorável, mas… é precisamente a situação por ele descrita, que não<br />

permite outra saída, senão, independentemente <strong>das</strong> condições, aceitar o Tratado.<br />

Apanhando-nos na “mó de baixo”, a Inglaterra iria explorar, e bem, essa situação.<br />

Pressão da imprensa portuguesa em Londres.<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 35

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