19.04.2013 Views

2º Centenário das Invasões Francesas

2º Centenário das Invasões Francesas

2º Centenário das Invasões Francesas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

passou, rapidamente, a preparar a entrada da Corte numa cidade que, apesar de ser<br />

capital de colónia, deixava muito a desejar. Encarregado de organizar a recepção, urgia,<br />

igualmente, ir resolvendo o sério problema do alojamento, bem como a subsistência<br />

daqueles que chegavam de Portugal.<br />

Contudo, para além <strong>das</strong> questões práticas e mais imediatas, não podia deixar de<br />

ser considerado prioritário tomar<br />

medi<strong>das</strong> no sentido de receber tão<br />

ilustres personalidades,<br />

condignamente, e com o ritual que<br />

lhes era devido. Assim, dois dias<br />

depois, a 16 de Janeiro, o Senado da<br />

Câmara, espécie de vereadores do<br />

Brasil colonial, constituído pelas<br />

pessoas mais influentes da sociedade, reuniram e decidiram decretar a programação da<br />

recepção à Família Real. Os festejos incluíam cerimónias religiosas e civis, danças e<br />

diversões populares, as casas teriam de ser ilumina<strong>das</strong> e as janelas enfeita<strong>das</strong> em todo o<br />

percurso; além da procissão, do Te Deum, <strong>das</strong> luminárias, <strong>das</strong> alegorias, o povo<br />

aguardava ansioso pelas toura<strong>das</strong>, cavalha<strong>das</strong>, foguetórios, récitas, conjuntos musicais<br />

e danças, «como era comum no tempo dos vice-reis», a que era acrescentado o repicar<br />

dos sinos de to<strong>das</strong> as igrejas e o troar dos canhões na barra da Baía de Guanabara.<br />

A programação seria divulgada por funcionários do Governo que, a cavalo e em<br />

grupos, percorriam ruidosamente as ruas da cidade, seguidos pelo povo em alarido,<br />

parando nos locais de maior movimento e, «entre foguetes, soar de clarins e rufares de<br />

tambores» era anunciado o edital de convocação.<br />

Surpreendentemente, e mal os planos tinham sido traçados, no dia seguinte à<br />

publicação do edital, 17 de Janeiro, o Conde dos Arcos ficou, justificadamente,<br />

apreensivo, quando um aviso enviado pelo sistema telegráfico de semáforos da costa<br />

transmitiu a notícia de que a esquadra real fora avistada na embocadura da baía de<br />

Guanabara e o vice-rei não tivera tempo de concluir os preparativos, provocando<br />

grande alvoroço no Governo e na população do Rio de Janeiro, porquanto, pensava-se<br />

que era o próprio Regente que chegava. Só que, e para tranquilidade de D. Marcos de<br />

Noronha, o alarme era falso.<br />

De facto, quando os navios, ao final da tarde do dia 27, entraram a barra,<br />

verificou-se que sete embarcações portuguesas e três inglesas faziam parte da armada<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!