19.04.2013 Views

2º Centenário das Invasões Francesas

2º Centenário das Invasões Francesas

2º Centenário das Invasões Francesas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

concertação com a Inglaterra, embora este país apenas representasse um comprador de<br />

certa monta quanto ao algodão e, em menor aquisição, os couros brasileiros.<br />

Dos géneros produzidos no Brasil, quase todo o açúcar, o cacau, o tabaco, e o<br />

café, bem como metade do algodão eram, até 1807, exportados para os mercados da<br />

Europa, nomeadamente Hamburgo e portos italianos. Acontece que, com o Bloqueio<br />

Continental imposto por Napoleão, os referidos mercados tornaram-se inacessíveis,<br />

sendo a conjuntura ainda agravada pelo bloqueio marítimo britânico; deste modo, só<br />

com muita dificuldade, e por vias indirectas, se poderiam atingir.<br />

Em tais circunstâncias, pairando a ameaça de asfixia sobre a economia<br />

brasileira, o único mercado alternativo era a Grã-Bretanha. Porém, com excepção do<br />

algodão, a Inglaterra não tinha por hábito importar as produções brasileiras, uma vez<br />

que consumia os artigos dos seus próprios domínios coloniais. Em relação ao açúcar e<br />

café brasileiros as taxas aplica<strong>das</strong> tornavam a sua importação proibitiva, e isto com a<br />

finalidade de proteger os géneros similares <strong>das</strong> colónias inglesas que beneficiavam de<br />

uma elevada protecção alfandegária.<br />

Havia, no entanto, algum campo de manobra que justificava a esperança de<br />

conseguir a entrada de, pelo menos, certos produtos brasileiros, enquanto que naqueles<br />

onde tal se afigurava inviável, (caso sobretudo do açúcar) se tornaria vital que a<br />

Inglaterra os adquirisse para posterior reexportação a partir dos portos britânicos para<br />

o continente europeu – por via legal, nas zonas eventualmente não controla<strong>das</strong> por<br />

Napoleão e, por contrabando, nas outras.<br />

Obviamente, tudo isto impunha como necessidade imperiosa a negociação de<br />

um acordo com a Grã-Bretanha, a quem esse acordo não interessaria menos, como<br />

forma de assegurar a entrada no mercado brasileiro de produtos ingleses até então<br />

também proibidos, sobretudo os tecidos de algodão e, mesmo, igualmente importante,<br />

garantir a posição do domínio e privilégio no comércio externo brasileiro.<br />

Carta Régia de 28 de Janeiro 1808. O fim do «Pacto Colonial».<br />

A negociação de um tratado levaria o seu tempo, pelo que a pressão <strong>das</strong><br />

circunstâncias obrigou a que fosse definido um novo regime mercantil ainda antes de<br />

concluído qualquer acordo comercial.<br />

O primeiro e decisivo passo foi dado, de imediato, a 28 de Janeiro, uma semana<br />

após a chegada do Príncipe Regente a S. Salvador da Baía, pela Carta Régia que<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!