2º Centenário das Invasões Francesas
2º Centenário das Invasões Francesas
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vezes, em finais do século XVIII, Londres havia pressionado Lisboa a fim de se<br />
iniciarem negociações visando a concretização de um tal tratado. Em 1776, na<br />
sequência de um tratado anglo-francês, o Tratado de Éden, a Inglaterra apertou o cerco,<br />
tornando-se mais insistente, só que a resistência da diplomacia portuguesa e depois as<br />
convulsões resultantes da Revolução Francesa frustraram as pretensões britânicas. A<br />
ocasião surgia agora, (guardado estava o “bocado”) com a mudança da situação político<br />
– diplomática e que obrigou a Corte a transferir-se para o Brasil.<br />
Situação político - diplomática obriga Portugal a aceitar um tratado<br />
“leonino” – desleal e oportunista.<br />
Antes de mais, por razões de ordem política, a Inglaterra tinha sido a potência<br />
que, através da sua esquadra naval, apoiou a retirada para o Brasil, além de que a sua<br />
protecção seria sempre fundamental a fim de conservar o império luso-brasileiro<br />
intacto e na posse dos Braganças, quando se concertasse a paz geral.<br />
Convém recordar que já no artº 6º da Convenção de Outubro de 1807, esteve<br />
expressa a garantia de que Sua Majestade Britânica nunca reconheceria como rei de<br />
Portugal «Príncipe algum que não fosse «o herdeiro e representante legítimo» da Casa<br />
de Bragança, mas…tendo como contrapartida e condição implícita a obrigação<br />
estipulada no artº 7º, de se negociar um tratado de auxílio e comércio entre o Governo<br />
português e a Grã-Bretanha.<br />
Posteriormente, em Abril de 1808, a vinculação entre o auxílio político-militar e<br />
a assinatura de um acordo de comércio com a Inglaterra é claramente assumido no<br />
parecer do Marquês de Belas, quando consultado, como Conselheiro de Estado, sobre o<br />
projecto do «manifesto», sugerindo: «Bom remédio e único; não se perca tempo; faça-<br />
se com a Inglaterra um Tratado de Comércio, ou com outro qualquer pretexto, e seja o<br />
artigo principal: Que Inglaterra não há-de fazer a Paz sem o Príncipe de Portugal ser<br />
restituído ao seu Trono na Europa com to<strong>das</strong> as respectivas indemnizações: Publique-<br />
se este Tratado: nada sobre este ponto de vista secreto: na publicidade consiste o<br />
maior interesse». Praticamente tratava-se da concessão de facilidades comerciais em<br />
troca de garantias políticas.<br />
Mesmo para além de qualquer pressão política, existiam motivos de ordem<br />
económica suficientemente consideráveis para imporem ao Governo do Rio uma<br />
Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 26