2º Centenário das Invasões Francesas
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Strangford e irmão do nosso embaixador em Londres, D. Domingos de Sousa<br />
Coutinho.<br />
A nova orientação da política externa portuguesa no «manifesto», ao mesmo<br />
tempo que marcava o ascendente de Sousa Coutinho na Corte do Rio, funcionava no<br />
sentido de que a aliança inglesa retomasse uma importância decisiva na sobrevivência<br />
da monarquia portuguesa. Mesmo considerando que a sua transferência para o Rio de<br />
Janeiro a pudesse, no imediato, pôr a salvo de qualquer ataque estrangeiro, do apoio<br />
britânico dependia não só a possibilidade da sede do Governo regressar a Lisboa, mas<br />
também a própria cobertura da navegação no Atlântico sem a qual o Brasil, que vivia<br />
essencialmente do comércio de exportação, não tardaria a ficar à beira do colapso<br />
económico.<br />
Mas…esta forte ligação à Inglaterra (leia-se dependência) não deixava, e não<br />
deixou, também, de apresentar sérios problemas. Para além de outras situações lesivas<br />
do interesse nacional, a intervenção militar inglesa no País e a autonomia com que foi<br />
conduzida provocando situações abusivas de toda a ordem, e em todos os sectores da<br />
sociedade portuguesa, depressa deu azo às maiores dificuldades e desentendimento<br />
com as autoridades do Reino. Daí que a prepotência britânica em Portugal, durante a<br />
presença da Corte no Brasil, possa ser considerada como um factor de primeira linha na<br />
conspiração abortada de 1817 e na revolução vitoriosa de 24 de Agosto de 1820, levada<br />
a cabo pelas tropas rebela<strong>das</strong> contra o domínio inglês e que levou à implantação do<br />
liberalismo e consequentemente à primeira Constituição Portuguesa, em 1822.<br />
Tratados com a Inglaterra.<br />
Tratados com a Inglaterra, ou…”tramados” pela Inglaterra? Bom, suponho, ou<br />
melhor, sei, que ao longo da nossa história, uma coisa implicava a outra – “tramas” que<br />
o imperialismo inglês tecia. De facto os Tratados de 1810, um de Amizade e Aliança e<br />
outro de Comércio e Navegação constituem, não só a prova de uma ascendência<br />
britânica, como também o reflexo da sua política imperialista. Aproveitando-se de uma<br />
situação crítica, tanto no Reino como no Brasil, a Inglaterra punha e dispunha a seu<br />
belo prazer de tudo o que servisse os seus interesses<br />
Já vinha de longe a ambição da Grã-Bretanha no sentido de estabelecer um<br />
tratado de comércio com Portugal, que pusesse termo à proibição da entrada de alguns<br />
produtos e que lhe permitisse o acesso directo aos mercados brasileiros. Não poucas<br />
Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 25