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2º Centenário das Invasões Francesas

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Linhares, Sousa Coutinho o que, de facto, veio a acontecer.<br />

Consideremos, agora, alguns dos pontos de vista discordantes:<br />

A Corte de Lisboa quebrou efectivamente a neutralidade, da<strong>das</strong> as convenções<br />

que então fizera com a Espanha e a Grã-Bretanha, envolvendo-se em guerra com a<br />

França; quanto à oferta de socorros disponibilizados pelo Governo inglês em 1806,<br />

contesta-se ter havido qualquer perigo iminente de invasão francesa por esse tempo; em<br />

relação ao Tratado de Londres consideram que as suas condições não foram favoráveis<br />

ao interesse nacional; sublinhavam que, se se declarava guerra à França, também seria<br />

lógico fazê-lo igualmente à Espanha, que participara da invasão, concluindo porém,<br />

que «seria melhor em tal caso não fazer nenhuma dessas declarações».<br />

Todos os Conselheiros concordavam em moderar a linguagem do «manifesto»,<br />

evitando expressões injuriosas relativamente a Napoleão e aos seus generais, a fim de<br />

não irritar, ainda mais, a sua animosidade e prováveis retaliações, atendendo à<br />

ocupação do Reino e que o principal objectivo era a sua restauração. E mais, essa<br />

moderação seria necessária, porquanto era conveniente que o «manifesto» a publicar se<br />

abstivesse «quanto for possível da mais leve parcialidade, que traga consigo a ideia de<br />

uma futura predilecção política a favor de qualquer <strong>das</strong> Potências principais<br />

beligerantes, segundo o axioma inegável em política, que a utilidade e o interesse do<br />

Estado deve [sic] única e exclusivamente dirigir o seu sistema político». Convinha, de<br />

facto, deixar uma “porta” aberta para preservar as possibilidades de um diálogo futuro<br />

com Paris.<br />

Apesar de no final, o Conde de Linhares estar em minoria, se não mesmo<br />

isolado no seu projecto, foi a sua proposta que prevaleceu, vindo o «manifesto» a ser<br />

publicado com a data de 1 de Maio de 1808 e correspondendo quase por completo ao<br />

texto inicial, tanto no que respeita à forma como ao conteúdo. Neste aspecto, apenas<br />

teve algum significado a supressão da referência ao episódio do afastamento do próprio<br />

Sousa Coutinho e de D. João de Almeida de Melo e Castro do Governo, por pressão do<br />

embaixador Lannes sobre D. João, o que num documento a ser divulgado nas Cortes<br />

europeias seria algo desprestigiante para o Príncipe Regente.<br />

Como hipótese provável, para impor a sua proposta, não é de rejeitar que D.<br />

Rodrigo tenha argumentado com a necessidade premente de manter, e até reforçar, o<br />

apoio do Governo inglês, o que exigia uma posição sem tibiezas, clara e firme, em<br />

relação à França. E talvez seja bom lembrar que Sousa Coutinho era amigo de<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 24

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