2º Centenário das Invasões Francesas
2º Centenário das Invasões Francesas
2º Centenário das Invasões Francesas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
inglesa; mesmo no período “nebuloso” que decorreu entre Agosto e Novembro de<br />
1807, Portugal não deixou de manter «uma plena confiança na amizade do seu antigo e<br />
fiel aliado Sua Majestade Britânica» e, até quando o Governo português acedeu à<br />
clausura dos portos, terá sido um facto que, por uma questão de estratégia política, a<br />
própria Inglaterra deu o seu “agreement”.<br />
O terceiro ponto do texto de Sousa Coutinho destacava o carácter benéfico da<br />
aliança com a Grã – Bretanha, referindo quer a disponibilidade do Governo de S. M. B.<br />
para oferecer a Portugal «toda a qualidade de socorros», na iminência de uma invasão<br />
francesa, em 1806, quer as melhores condições que a Inglaterra conseguira para<br />
Portugal no tratado de Londres de 1801, comparando-as com aquelas estipula<strong>das</strong> no<br />
tratado de Badajoz e de Madrid, firmado pouco antes.<br />
Após a exposição histórica, o «manifesto» apresentava uma «declaração» onde<br />
se determinava a ruptura de «toda a comunicação com a França», autorizando os<br />
súbditos portugueses a «fazer guerra por terra e mar aos vassalos do Imperador dos<br />
franceses» e se afirmava a nulidade de todos os tratados que Napoleão «obrigou» a<br />
assinar, nomeadamente os de Badajoz e de Madrid em 1801 e o de neutralidade em<br />
1804.<br />
Finalmente, explicitava os princípios gerais que orientariam a política externa<br />
portuguesa: «Sua Alteza Real não deporá jamais as armas, senão de acordo com o seu<br />
antigo e fiel aliado Sua Majestade Britânica; e não consentirá em caso algum na<br />
cessão do reino de Portugal, que forma a mais antiga parte da herança e dos direitos<br />
da sua augusta família Real». Apenas quando o Imperador dos franceses anuísse<br />
concordar «sobre todos os pontos às justas reclamações de Sua Alteza o Príncipe<br />
Regente de Portugal e abandonasse o tom absoluto e imperioso com que dominava a<br />
Europa oprimida», seria possível reatar as relações com a França.<br />
Aparentemente o «manifesto» limitava-se a formalizar os princípios que a<br />
própria situação impunha, tornando, assim, difícil a sua contestação. Porém, o certo é<br />
que, quando apresentado e discutido em Conselho de Estado, o texto de D. Rodrigo de<br />
Sousa Coutinho mereceu reservas de quase todos os Conselheiros.<br />
Curiosamente, de todos os Conselheiros, foi Araújo de Azevedo, grande rival de<br />
Sousa Coutinho, que apresentou um dos pareceres menos críticos, baseado<br />
exclusivamente na exposição histórica e sem nunca abordar o conteúdo político do<br />
«manifesto». Talvez o tivesse feito por uma questão de estratégia política com vista,<br />
num futuro próximo, a regressar ao lugar de que tinha sido apeado pelo Conde de<br />
Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 23