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2º Centenário das Invasões Francesas

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viragem da política portuguesa.<br />

Os pretextos imediatos da publicação do «manifesto», em 1 de Maio de 1808,<br />

terão sido, por um lado, o conhecimento, através dos jornais ingleses (onde se<br />

transcreve o “Moniteur”) dos relatórios do Ministro dos Negócios Estrangeiros francês<br />

em que se explicava a ocupação de Portugal pela má fé e duplicidade do Governo de<br />

Lisboa; e, por outro, a notícia de que Junot abolira em 1 de Fevereiro o Conselho de<br />

Regência nomeado em Lisboa pelo Príncipe Regente. Esta situação impedia, desde<br />

logo, qualquer hipótese de diálogo com a França, reforçando, assim, a posição política<br />

de Sousa Coutinho.<br />

A proposta do “manifesto” apresentada ao Príncipe Regente propunha-se fazer a<br />

«exposição verídica e exacta da sua conduta, sustentada por factos incontestáveis, a<br />

fim de que os seus vassalos, a Europa imparcial e ainda a mais remota posteridade<br />

pudessem julgar da firmeza da […] conduta de Portugal».<br />

O «manifesto» começava por fazer a história do posicionamento de Portugal,<br />

traçando o quadro geral da política externa portuguesa desde o princípio da Revolução<br />

Francesa até à época da invasão do Reino, não se restringindo apenas à análise dos<br />

acontecimentos que a haviam imediatamente precedido.<br />

Assim, não deixava de acusar, veementemente, o procedimento da França e de<br />

Napoleão pelo apresamento de navios portugueses sem declaração de guerra e as<br />

permanentes e arbitrárias exigências pecuniárias logo a seguir à paz de 1801; também<br />

os abusos do General Lannes não eram esquecidos, bem como o menosprezo por uma<br />

neutralidade cujo reconhecimento fora obtido à custa de enormes sacrifícios e, até a<br />

pilhagem de todos os géneros coloniais e matérias primas.<br />

pontos base:<br />

Em síntese, creio poder considerar-se que o «manifesto» se apoiava em três<br />

O primeiro vincava a incontestável neutralidade portuguesa durante todo o<br />

período em questão, o que tinha por objectivo demonstrar a injustiça da guerra movida<br />

a Portugal pela França. Porém, a defesa deste ponto apresentava alguma fragilidade em<br />

relação à década de 1790, por via da participação portuguesa na Campanha do<br />

Rossilhão. No entanto, a dificuldade foi, ou julgava-se, ultrapassada pelo recurso à tese<br />

então apresentada pela nossa diplomacia: Portugal considerava, apenas, ter-se limitado<br />

a prestar à Espanha os socorros exigidos pela aliança que vigorava entre os dois países,<br />

não se podendo encarar tal participação como um acto de guerra contra a França.<br />

A segunda ideia base consistia em demonstrar a constante fidelidade à aliança<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 22

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