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2º Centenário das Invasões Francesas

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lisonjeiras. Eu não sei explicar o assombro, a consternação, e o sentimento de todos<br />

por causa <strong>das</strong> desgraças da mãe pátria. As lágrimas corriam dos olhos de todos, e<br />

muitos ficaram sem articular uma só palavra ao ouvir tão infausta novidade. Se tão<br />

grandes eram os motivos de mágoa e aflição, não menores eram as causas de consolo<br />

e de prazer: uma nova ordem de coisas ia principiar nesta parte do hemisfério austral.<br />

O império do Brasil já se considerava projectado, e ansiosamente suspirávamos pela<br />

mão poderosa do Príncipe Regente nosso senhor para lançar a primeira pedra da<br />

futura grandeza, prosperidade e poder do novo império».<br />

O autor do extracto acabado de transcrever é Luis Gonçalves dos Santos, uma<br />

fonte da maior importância para o estudo do<br />

período em que a Corte permaneceu no Brasil.<br />

Cónego da Igreja Católica, Luis Gonçalves dos<br />

Santos, mais conhecido por Padre “Perereca”,<br />

devido à estatura baixa e franzina, «não era<br />

jornalista de profissão, mas cronista por vocação».<br />

Era um homem versado em latim, grego e filosofia,<br />

aparentando a idade de cerca de quarenta anos a quem os cabelos grisalhos davam um<br />

aspecto intelectual. O Padre Perereca registava tudo o que observava, defendendo as<br />

suas ideias de forma apaixonada, vindo a ser o melhor e mais completo repórter dos<br />

acontecimentos ocorridos entre 1808 e 1821, período em que a sede do Governo se<br />

fixou no Rio de Janeiro. Após o regresso da Corte a Lisboa, o Padre “Perereca”<br />

publicava, em 1825, os dois volumes do seu livro «Memórias para servir à história do<br />

reino do Brasil, dividi<strong>das</strong> em três épocas de felicidade, honra e glória; escritas na<br />

corte do Rio de Janeiro no ano de 1821, e ofereci<strong>das</strong> a S. Majestade El-rei nosso<br />

senhor D. João VI». Apresenta um tom laudatório, de lisonja e “deslumbramento”,<br />

porém, os pormenores demonstram um observador atento e curioso.<br />

Ao tomar conhecimento que a cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro se<br />

tornaria, dentro em pouco, a sede da monarquia portuguesa, o Vice-Rei do Brasil, D.<br />

Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, (filho do outro Conde, a quem um touro<br />

matou na arena de Salvaterra, nas últimas toura<strong>das</strong> que se correram no reinado de D.<br />

José e que levou Rebelo da Silva a escrever «A Última Corrida de Touros em<br />

Salvaterra», uma <strong>das</strong> mais célebres narrativas do nosso Romantismo) desconhecendo<br />

ainda a decisão do Príncipe Regente fazer escala em Salvador, não perdeu tempo e<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 2

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