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2º Centenário das Invasões Francesas

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Por motivos que, agora e aqui, não interessa trazer a “lume”, as suas<br />

competências estavam muito reduzi<strong>das</strong>, além de que a sua recondução parece ter<br />

causado alguma surpresa, uma vez que a viagem para o Brasil pusera a descoberto o<br />

estado em que se encontrava a marinha nacional, não deixando de pôr em “xeque” a<br />

sua reputação.<br />

Segundo Oliveira Lima, este primeiro Ministério, que fazia questão em<br />

implantar uma estrutura administrativa nas terras de Santa Cruz, foi confiado a pessoas<br />

mais prepara<strong>das</strong> do que as que cercavam o Príncipe Regente em Lisboa. Certamente, o<br />

terá sido. Porém, o juízo popular, transposto em estilo joco-sério para o «Correio<br />

Braziliense», comparava a trindade ministerial a três relógios diferentes, o que,<br />

naturalmente, foi motivo de caçoada: um atrasado (D. Fernando de Portugal); outro<br />

parado (Visconde de Anadia) e o terceiro sempre adiantado (D. Rodrigo de Sousa<br />

Coutinho).<br />

Se bem que os colegas do Conde de Linhares não fossem, nem de longe nem de<br />

perto, simples “verbos de encher”, o ministro e secretário dos Estrangeiros e Guerra era<br />

sem dúvida, e foi-o até à sua morte prematura, a figura orientadora e inspiradora do<br />

novo Governo.<br />

Reorganização administrativa.<br />

Com o Reino sob ocupação francesa e não sendo possível prever o tempo de<br />

regresso, o Gabinete tinha de agir com urgência e resolver a montanha de problemas<br />

administrativos que a transferência da Corte para o Brasil não podia deixar de ter<br />

provocado. Assim, durante os primeiros meses, a máquina governamental trabalhou em<br />

ritmo acelerado, produzindo leis em série, revogando restrições coloniais e emitindo<br />

decretos.<br />

Logo à partida, deparava-se com o grande número de funcionários que iam<br />

emperrando a máquina administrativa por via dos muitos cargos criados para satisfazer<br />

aqueles que vieram com o Príncipe Regente, pretextando lealdade e devoção à sua<br />

pessoa, reclamando agora fartos meios de subsistência, em troca dos que, lembravam,<br />

haver abandonado no Reino à cobiça francesa. Naturalmente, os cargos mais rentáveis<br />

eram atribuídos, quase exclusivamente, a nobres portugueses, muitos deles a “leste”<br />

dos problemas da colónia, criando-se, ou recriando-se, departamentos que pouco<br />

tinham a ver com a realidade brasileira, porquanto as disposições apontavam mais para<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 16

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