19.04.2013 Views

2º Centenário das Invasões Francesas

2º Centenário das Invasões Francesas

2º Centenário das Invasões Francesas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ainda no decorrer <strong>das</strong> comemorações festivas, três dia após o desembarque de<br />

D. João, foi constituído o Ministério que devia fundar os alicerces capazes de poder<br />

sustentar a nova situação da monarquia. O cenário do novo Ministério não deixaria de<br />

ser previsível: embora a ruptura com a França não tivesse sido, ainda, declarada, o<br />

novo alinhamento internacional do País apontava para objectivos bem definidos, tanto<br />

mais que o Ministério que se encontrava em funções no momento da passagem para o<br />

Brasil, havia sido formado por pressão do embaixador francês, que exigiu a demissão<br />

de D. João de Almeida de Melo e Castro e D. Rodrigo de Sousa Coutinho, ambos<br />

anglófilos assumidos.<br />

Reforçados os laços com a Inglaterra e repudiada a tutela francesa, a que<br />

Portugal se tinha visto obrigado pela «dura Ley da necessidade», e proclamado<br />

abertamente as suas sinceras predilecções britânicas, o Príncipe Regente ao organizar o<br />

seu primeiro Ministério, na antiga colónia, não podia deixar de abrir as portas do poder<br />

aos estadistas mais devotados à Inglaterra.<br />

Certamente ainda em Lisboa, e durante a viagem, seriam já várias as figuras,<br />

nomeadamente aquelas que se inclinavam para a velha aliada, a perfilar-se para os<br />

lugares mais apetecidos. Antes da chegada ao Rio, ainda em S. Salvador da Baía, o<br />

Marquês de Belas, que gozava de alguma influência junto do Príncipe, numa memória<br />

que lhe dirigiu, sugeria que o Gabinete adoptasse uma forma diferente, ficando apenas<br />

um ministro com a tutela de to<strong>das</strong> as secretarias de Estado e também com a Junta da<br />

Fazenda, acrescentando que a responsabilidade desse cargo deveria ser atribuída a D.<br />

Fernando José de Portugal e Castro.<br />

As intrigas palacianas desenvolviam-se, e difundiam-se comportamentos<br />

movidos por ambições pessoais e políticas, bem como os projectos de governo. Neste<br />

aspecto era “mestre” D. Rodrigo de Sousa Coutinho, que não deixou de lançar mão da<br />

intriga para realizar as suas ambições. Desejoso de afastar Araújo de Azevedo do<br />

Ministério, e porque visava ser Secretário de Estado no novo elenco a formar no Rio de<br />

Janeiro, redigiu, por seu próprio punho, um escrito, com a finalidade de chegar ao<br />

conhecimento do Príncipe em que «denunciava não só a política, mas a própria pessoa<br />

de António de Araújo de Azevedo, o seu principal adversário, que acusava de sustentar<br />

que se a marinha não estivera pronta mais cedo para a retirada da Família Real era<br />

porque o Príncipe só mesmo no fim se resolvera a largar o Reino. Mais tarde acusá-lo-<br />

ia também de manter uma correspondência cifrada com o seu antigo secretário, que<br />

permanecia em Paris». Aliás, era hábito de D. Rodrigo denunciar e criticar, junto de D.<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!