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2º Centenário das Invasões Francesas

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Rodrigo de Sousa Coutinho, refere-se, por tal motivo, às «violências para alojar todos<br />

os recém-chegados, tanto grandes como pequenos».<br />

Um, entre vários casos de prepotência, é o do Conde de Belmonte, o qual se<br />

apoderou de uma casa acabada de construir pelo comandante do porto, e nunca fora<br />

habitada. Durante cerca de dez anos ali se aboletou, sem nada pagar, enquanto o<br />

proprietário se viu obrigado, com a sua numerosa família, a mudar-se para uma<br />

pequena moradia ao lado da mansão ocupada pelo Conde, que chegou ao extremo de se<br />

apoderar dos escravos do comandante, sem dizer “água vai”, isto é, sem lhe dar<br />

qualquer satisfação.<br />

Também a duquesa de Cadaval, cujo marido tinha morrido durante a escala em<br />

S. Salvador da Baía, ocupou uma chácara (propriedade rural com casa de habitação), do<br />

coronel de milícias Manuel Alves da Costa e por lá se manteve sem sequer pagar um<br />

tostão de renda. Quando o proprietário resolveu reclamar a casa, a duquesa respondeu<br />

que não tinha lugar para onde ir, oferecendo, 600 mil réis mensais, que o legítimo dono<br />

considerou pouco. O certo é que a nobre inquilina fez-se de surda e lá foi<br />

permanecendo. Em 1821, quando voltou para Portugal na companhia de D. João VI,<br />

mandou depositar no Banco a importância de 600 mil réis, sem agradecer ou dar<br />

explicações ao coronel.<br />

Ao fim e ao cabo, esta situação provocada pelo sistema de “aposentadoria”, que<br />

só seria suspenso ao fim de dez anos, não deixou de gerar impasses e conflitos de maior<br />

monta. Acrescente-se, finalmente, que este movimento migratório, em relação ao Rio<br />

de Janeiro, não podia deixar de transformar a cidade na sua fisionomia urbanística e<br />

social.<br />

Novo elenco ministerial.<br />

A mudança da Corte portuguesa para os seus domínios da América do Sul, em<br />

1808, transformou, profundamente, como se verá, a situação do Brasil, que de simples<br />

colónia, embora denominada Estado e geralmente considerada Vice-Reino, passou, de<br />

um momento para o outro, à condição de sede da monarquia lusitana, resultando daí a<br />

necessidade de uma ampla reorganização administrativa <strong>das</strong> Secretarias de Estado,<br />

Tribunais e Repartições antes situa<strong>das</strong> em Lisboa e, também, a adaptação à nova ordem<br />

de coisas já existentes no Rio de Janeiro.<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 12

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