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2º Centenário das Invasões Francesas

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um momento para o outro, passou de sessenta para setenta mil, não deixando de causar<br />

um natural impacto nos residentes. Era o preço a pagar pelo «enobrecimento e a<br />

distinção que a presença da Corte e a sua elevação a sede da monarquia conferiam à<br />

cidade do Rio de Janeiro».<br />

Urgia, pois, tomar providências rápi<strong>das</strong>. Antes de mais, era necessário proceder<br />

à acomodação da Família Real que, na circunstância, teria que se adaptar a habitações<br />

mais modestas, longe da sumptuosidade e dos amplos espaços como o Palácio de<br />

Mafra, preferido de D. João, e Queluz, residência de D. Maria.<br />

Nos primeiros dias o Príncipe Regente, D. Carlota Joaquina e os filhos ficaram<br />

alojados no remodelado paço dos vice-reis, agora Paço Real, no Largo do Carmo, o que<br />

não terá agradado nada à Princesa, pois estava habituada a viver apartada do marido e,<br />

assim, só descansaria quando a situação “normalizasse”, o que, de facto, em breve viria<br />

a acontecer.<br />

Devido à reduzida dimensão do Palácio, foi necessário adaptar o Convento do<br />

Carmo, a Casa da Câmara e a cadeia, ligando-os por um passadiço improvisado, o que<br />

era, naturalmente, uma forma engenhosa de aumentar o espaço habitável e, ao mesmo<br />

tempo, resguardar a privacidade real, pois que para passar de um prédio para outro não<br />

era necessário sair à rua. O referido Convento, a parte mais nobre, que dava sobre o<br />

Largo do Paço, ficou destinado aos aposentos da Rainha e <strong>das</strong> suas aias, pelo que os<br />

carmelitas foram transferidos para o Seminário da Lapa.<br />

A residência de D. João parece ter sido temporária. Com efeito, não tardou que<br />

se tivesse mudado para um palácio mais amplo e confortável, (e longe da mulher)<br />

situado no actual Bairro de S. Cristóvão, próximo do Morro da Mangueira e do Estádio<br />

do Maracanã. Um grande negociante português, Elias António Lopes, «resolveu ceder<br />

ao Príncipe Regente uma casa de campo nos subúrbios da cidade, a Chácara do Elias,<br />

em S. Cristóvão, dizendo não ter outro interesse senão o bem-estar de Sua Majestade.<br />

De toda a maneira, ajeitavam-se as coisas: Elias Lopes receberia de volta mais tarde,<br />

devidamente inflacionado, o valor da sua “oferta”, e a Princesa Carlota Joaquina<br />

permaneceria no Paço real, bem no centro da Corte e, principalmente, afastada do<br />

marido».<br />

Depois de instalada a Corte, o mais complicado seria encontrar habitações para<br />

aqueles que com ela tinham feito a viagem, nomeadamente nobres, magistrados,<br />

militares, oficiais-maiores, homens de negócio, etc.<br />

Carlos Jaca A Corte Portuguesa no Brasil 10

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