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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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camponesa que prestava serviços à casa, mas ele conseguia não se aproximar<br />

dela. Um dia foi arrebatado pela paixão, ao encontrá-la sozinha num cômodo.<br />

Deu com ela ajoelhada no chão, ocupada na limpeza, o balde e a vassoura ao<br />

lado, exatamente como a garota de sua infância.<br />

Mesmo sua escolha de objeto definitiva, que se tornou tão importante para<br />

a sua vida, revela-se, pelas circunstâncias imediatas que não cabem aqui, dependente<br />

da mesma condição de amor, como um rebento da compulsão que<br />

desde a cena primária, e através da cena com Grucha, dominou sua escolha<br />

amorosa. Já observei, numa passagem anterior, que noto no paciente um empenho<br />

em rebaixar o objeto amoroso. Isso deve ser referido à reação contra a<br />

pressão da irmã que lhe era superior. Mas eu então prometi mostrar (p.32) que<br />

esse motivo de natureza soberana não foi o único decisivo, e que na verdade<br />

esconde uma determinação mais profunda, de motivos puramente eróticos. A<br />

lembrança da babá menina que limpava o chão, em posição rebaixada, sem<br />

dúvida, trouxe à luz essa motivação. Todos os objetos amorosos posteriores<br />

eram pessoas substitutas dela, que havia se tornado o primeiro substituto da<br />

mãe pelo acaso da situação. O primeiro pensamento que ocorreu ao paciente,<br />

sobre o problema da angústia ante a borboleta, pode ser facilmente reconhecido,<br />

a posteriori, como alusão remota à cena primária (a quinta hora). A relação<br />

entre a cena de Grucha e a ameaça de castração foi confirmada por um<br />

sonho particularmente rico de sentido, que ele mesmo soube traduzir. Ele<br />

disse: “Sonhei que um homem arrancava as asas de uma ‘Espe’”. “‘Espe’?”, perguntei,<br />

“o que você quer dizer com isso?” — “Ora, o inseto com listas amarelas<br />

no corpo, que pode picar. Deve ser uma alusão à Grucha, a pera de listas<br />

amarelas.” — “‘Wespe’ [vespa], você quer dizer”, corrigi. — “O nome é<br />

‘Wespe’? Pensei que era ‘Espe’.” (Como muitos outros, ele se aproveita do fato<br />

de falar uma língua estrangeira para cobrir atos sintomáticos.) “Mas ‘Espe’ sou<br />

eu, S. P. (as iniciais de seu nome).” A ‘Espe’ é naturalmente uma ‘Wespe’<br />

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