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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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a esses maus feitos, mas não sem antes entregar-se uma vez mais ao despedaçamento<br />

de lagartas. No tratamento psicanalítico ele se comportava exatamente<br />

assim, ao desenvolver uma “reação negativa” passageira; depois de cada<br />

solução decisiva, ele procurava por um momento negar o seu efeito, mediante<br />

um agravamento do sintoma resolvido. Sabe-se que em geral as crianças se<br />

comportam dessa maneira diante <strong>das</strong> proibições. Se ouvem uma reprimenda,<br />

por causa de um barulho intolerável que fazem, por exemplo, repetem-no<br />

ainda uma vez após a proibição, antes de parar com ele. Assim demonstram<br />

haver parado por vontade própria e desafiado a proibição.<br />

Sob influência do professor alemão originou-se uma nova e melhor sublimação<br />

do seu sadismo, que, correspondendo à puberdade próxima, veio a predominar<br />

sobre o masoquismo. Ele começou a se entusiasmar por coisas militares,<br />

por uniformes, armas e cavalos, e a partir delas alimentou constantes<br />

devaneios. Assim, sob a influência de um homem ele se livrou <strong>das</strong> atitudes passivas<br />

e se encontrou de início numa via razoavelmente normal. Um efeito posterior<br />

de seu apego ao mestre, que logo o abandonou, foi que em sua vida<br />

adulta ele preferia o elemento alemão (médicos, sanatórios, mulheres) àquele<br />

nativo (representando o pai), algo que facilitou bastante a transferência na<br />

terapia.<br />

Do tempo da emancipação através do professor há um outro sonho, que<br />

menciono porque estava esquecido até a emergência durante a terapia. Ele se<br />

via montando a cavalo, perseguido por uma lagarta gigantesca. No sonho reconheceu<br />

uma alusão a outro, da época anterior ao professor, que muito tempo<br />

antes havíamos interpretado. Nesse sonho anterior ele via o diabo em vestes<br />

negras, e na postura erguida com que o lobo e o leão o haviam apavorado<br />

tanto. Com o dedo estendido, apontava para um enorme caracol. Logo percebeu<br />

que esse diabo era o demônio de um conhecido poema, * que o próprio<br />

sonho era a elaboração de uma imagem bem difundida, que representava o demônio<br />

numa cena amorosa com uma mulher. O caracol, no lugar da mulher,<br />

era um refinado símbolo sexual feminino. Guiados pelo gesto demonstrativo<br />

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