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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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muitas recordações espontâneas da sua infância, por cujo aparecimento —<br />

primeiro aparecimento, talvez — o médico não se sente responsável de modo<br />

algum, pois não tentou fazer construções que sugerissem ao doente semelhante<br />

conteúdo. Tais recordações, antes inconscientes, não precisam sequer ser verdadeiras;<br />

podem sê-lo, mas com frequência são distorci<strong>das</strong> em relação à verdade,<br />

impregna<strong>das</strong> de elementos de fantasia, exatamente como as chama<strong>das</strong><br />

lembranças encobridoras conserva<strong>das</strong> de modo espontâneo. Quero dizer que<br />

cenas como a de meu paciente, de um período tão antigo e com tal conteúdo, e<br />

que possuem tal importância para a história do caso, em geral não são reproduzi<strong>das</strong><br />

como lembranças, mas têm de ser gradual e laboriosamente adivinha<strong>das</strong><br />

— construí<strong>das</strong> — a partir de uma soma de indícios. E bastaria para meu<br />

argumento admitir que tais cenas não se tornam conscientes como lembranças,<br />

nos casos de neurose obsessiva, ou limitar a afirmação a este caso em estudo.<br />

Não sou de opinião que estas cenas tenham de ser fantasias necessariamente,<br />

porque não retornam como lembranças. Parece-me ser de absoluta<br />

equivalência à lembrança o fato de que elas — como em nosso caso — sejam<br />

substituí<strong>das</strong> por sonhos cuja análise leva regularmente à mesma cena, e que reproduzam<br />

cada fragmento de seu conteúdo em incansável remodelação. Sonhar<br />

é também recordar, embora sujeito às condições do período noturno e da<br />

formação do sonho. Esse retorno em sonhos explica, segundo creio, que nos<br />

pacientes mesmos se forme gradualmente uma firme convicção da realidade<br />

dessas cenas primordiais, uma convicção que em nada fica atrás daquela<br />

baseada na recordação. 20<br />

Naturalmente, os opositores não devem abandonar o combate a esses argumentos<br />

como sendo algo improfícuo. Os sonhos são notoriamente influenciáveis.<br />

21 E a convicção do analisando pode ser consequência da sugestão, para a<br />

qual ainda se procura um papel no jogo de forças do tratamento analítico. * Um<br />

psicoterapeuta da velha cepa iria sugerir ao paciente que ele está são, que superou<br />

suas inibições etc. o psicanalista, porém, que ele teve essa ou aquela<br />

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