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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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determinada hora. 9 A partir dos dez anos ele ficou periodicamente sujeito a depressões,<br />

que começavam à tarde e atingiam o apogeu às cinco horas. Esse sintoma<br />

ainda existia no tempo da análise. A depressão recorrente substituiu os<br />

acessos de febre ou abatimento de antes; as cinco horas eram o momento do<br />

auge da febre ou da observação do coito, se é que os dois não coincidem. 10<br />

Devido justamente a essa enfermidade, ele se achava provavelmente no quarto<br />

dos pais. Essa doença, corroborada também pela tradição familiar, torna<br />

plausível transferir o evento para o verão, e assim supor para ele, nascido no<br />

dia de Natal, a idade de n + um ano e meio. Ele então dormia em sua caminha,<br />

no quarto dos pais, e acordou à tarde, digamos que devido à febre montante, às<br />

cinco horas talvez, a hora depois marcada pela depressão. Combina com nossa<br />

suposição de um dia quente de verão em que os pais se tenham retirado, semidespidos,<br />

para uma sesta vespertina. Quando ele acordou, foi testemunha de<br />

um coito a tergo [por trás] repetido três vezes, 11 pôde ver os genitais da mãe e<br />

o membro do pai, e compreendeu tanto o fato como a sua significação. 12 Por<br />

fim ele perturbou a relação dos pais, de uma maneira que será discutida depois.<br />

No fundo não é nada extraordinário, nada que dê a impressão de um<br />

produto extravagante da fantasia, o fato de um casal jovem, casado apenas há<br />

alguns anos, ter uma relação amorosa depois da sesta vespertina, num dia<br />

quente de verão, nisso esquecendo do menino de um ano e meio que dorme<br />

em seu pequeno leito. Parece-me, isto sim, algo inteiramente banal, cotidiano,<br />

e mesmo a posição do coito que inferimos não pode mudar esse julgamento.<br />

Sobretudo por não resultar da evidência que o coito se tenha realizado por trás<br />

a cada vez. Uma só vez já bastaria para dar ao espectador a oportunidade para<br />

observações que numa outra posição dos amantes seriam dificulta<strong>das</strong> ou impedi<strong>das</strong>.<br />

Logo, o conteúdo desta cena não pode ser argumento contra a sua credibilidade.<br />

A objeção da improbabilidade será dirigida a três outros pontos: a<br />

que uma criança na tenra idade de um ano e meio seja capaz de acolher as percepções<br />

de um evento tão complicado e conservá-las tão fielmente em seu inconsciente;<br />

a que seja possível que uma elaboração <strong>das</strong> impressões assim<br />

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