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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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psíquicas mais normais e as mais patologicamente extravagantes. Assim foi se<br />

formando, sempre mais nítido e mais completo, o quadro da oficina da psique.<br />

Forças instintuais obscuras, oriun<strong>das</strong> do orgânico, que se empenham em atingir<br />

metas inatas; acima delas um grupo de instâncias de formações psíquicas<br />

mais altamente organiza<strong>das</strong> — aquisições do desenvolvimento humano, sob a<br />

coação da história humana —, que acolheram, desenvolveram ou atribuíram<br />

metas mais eleva<strong>das</strong> a porções desses impulsos instintuais, mas que, de toda<br />

forma, ligam-nos mediante conexões firmes e governam suas forças instintuais<br />

segundo suas próprias intenções. Mas essa organização superior conhecida<br />

como Eu afastou de si, como inaproveitável, uma outra porção dos mesmos<br />

impulsos instintuais elementares, pois eles não podiam encaixar-se na unidade<br />

orgânica do indivíduo ou porque se rebelavam contra as suas metas culturais.<br />

O Eu não é capaz de extirpar esses poderes psíquicos que não lhe são<br />

sujeitados, distancia-se deles, deixa-os no mais primitivo nível psicológico,<br />

protege-se de suas exigências com enérgicas formações protetoras e opositoras<br />

ou busca ajeitar-se com elas mediante satisfações substitutivas. Indomados e<br />

indestrutíveis, mas inibidos para qualquer atividade, esses instintos que sucumbiram<br />

à repressão formam, juntamente com sua primitiva representação<br />

psíquica, o submundo psíquico, o núcleo do inconsciente propriamente falando,<br />

sempre dispostos a fazer valer suas reivindicações e conduzi-los à satisfação<br />

por qualquer via. Daí a instabilidade da orgulhosa superestrutura psíquica, o<br />

noturno aparecimento em sonhos do proibido e reprimido, a inclinação a adoecer<br />

de neuroses e psicoses, assim que a relação de forças entre o Eu e o reprimido<br />

se modifica em detrimento do Eu.<br />

Um pouco mais de reflexão mostraria que uma tal concepção da vida<br />

psíquica humana não podia ficar restrita ao âmbito do sonho e <strong>das</strong> doenças<br />

nervosas. Se havia dado com algo certo, tinha que valer também para o funcionamento<br />

psíquico normal, e mesmo as realizações máximas do espírito humano<br />

deviam ter relação com os fatores encontrados na patologia, com a<br />

repressão, com os esforços para lidar com o inconsciente, com as<br />

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