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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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quando alcançarem bom termo as pesquisas sobre as relações, que sem dúvida<br />

existem, entre terror, angústia e libido narcísica.<br />

Se as neuroses traumáticas e as neuroses de guerra anunciam em alta voz a<br />

influência do perigo de vida e se calam ou pouco dizem sobre o da “frustração<br />

amorosa”, nas comuns neuroses de transferência de épocas de paz, por outro<br />

lado, não há qualquer pretensão etiológica daquele primeiro fator, tão poderoso<br />

naquelas. Chega-se a pensar que essas últimas são apenas promovi<strong>das</strong> pela<br />

excessiva indulgência, pelo bem-estar e a inatividade, o que, mais uma vez,<br />

oferece um interessante contraste com as circunstâncias de vida em que<br />

surgem as neuroses de guerra. Seguindo o exemplo de seus adversários, os<br />

psicanalistas, cujos pacientes adoeceram por “frustração amorosa”, pelas insatisfeitas<br />

exigências da libido, teriam que afirmar que não pode haver “neuroses<br />

de perigo”, ou que as afecções que surgem após uma vivência aterradora não<br />

são neuroses. Jamais lhes ocorreu fazer isso, naturalmente. Veem, isto sim,<br />

uma boa oportunidade de reunir numa só concepção os dois fatos que aparentemente<br />

divergem. Nas neuroses traumáticas e de guerra, o Eu do indivíduo<br />

se defende de um perigo que o ameaça desde fora, ou que é corporificado<br />

numa postura do próprio Eu; nas neuroses de transferência, o Eu toma sua<br />

própria libido como um inimigo, cujas reivindicações lhe parecem ameaçadoras.<br />

Em ambos os casos o Eu teme ser ferido: neste último, pela libido; naquele,<br />

pelos poderes externos. Poderíamos até dizer que nas neuroses de guerra,<br />

diferentemente da pura neurose traumática e analogamente às neuroses de<br />

transferência, o que se teme é, afinal, um inimigo interno. As dificuldades<br />

teóricas que se acham no caminho de uma tal concepção unificadora não parecem<br />

insuperáveis; afinal, a repressão subjacente a toda neurose pode ser entendida,<br />

com todo o direito, como reação a um trauma, como neurose traumática<br />

elementar.<br />

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