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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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I<br />

É raro o psicanalista sentir-se inclinado a investigações estéticas, mesmo<br />

quando a estética não é limitada à teoria do belo, mas definida como teoria <strong>das</strong><br />

qualidades de nosso sentir. Ele trabalha em outras cama<strong>das</strong> da vida psíquica, e<br />

pouco lida com as emoções atenua<strong>das</strong>, inibi<strong>das</strong> quanto à meta, dependentes de<br />

muitos fatores concomitantes, que geralmente constituem o material da estética.<br />

Pode ocorrer, no entanto, que ele venha a interessar-se por um âmbito<br />

particular da estética, e então este será, provavelmente, um âmbito marginal,<br />

negligenciado pela literatura especializada na matéria.<br />

“O inquietante” * é um desses domínios. Sem dúvida, relaciona-se ao que é<br />

terrível, ao que desperta angústia e horror, e também está claro que o termo<br />

não é usado sempre num sentido bem determinado, de modo que geralmente<br />

equivale ao angustiante. É lícito esperarmos, no entanto, que exista um núcleo<br />

especial [de significado] que justifique o uso de um termo conceitual específico.<br />

Gostaríamos de saber que núcleo comum é esse, que talvez permita<br />

distinguir um “inquietante” no interior do que é angustiante.<br />

A respeito disso nada encontramos nos minuciosos tratados de estética, que<br />

se ocupam antes <strong>das</strong> belas, sublimes, atraentes — ou seja, positivas — sensibilidades,<br />

de suas condições e dos objetos que as provocam, do que daquelas<br />

contrárias, repulsivas, dolorosas. Do lado da literatura médico-psicológica sei<br />

apenas de um trabalho de E. Jentsch, de conteúdo rico, porém não exaustivo. 1<br />

Mas devo admitir que, por razões fáceis de imaginar, liga<strong>das</strong> ao momento atual,<br />

* não pesquisei a fundo a bibliografia para essa pequena contribuição, em<br />

particular a de língua estrangeira, motivo pelo qual a apresento ao leitor sem<br />

nenhuma reivindicação de prioridade.<br />

Jentsch tem inteira razão ao enfatizar, como uma dificuldade no estudo do<br />

inquietante, que a suscetibilidade para esse sentimento varia enormemente de

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