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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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tornar-se masculinamente ativa, e apenas presencia como espectadora o ato<br />

que substitui um ato sexual.<br />

É lícito supor que com a repressão da fantasia inconsciente original não há<br />

grandes mudanças. Tudo o que para a consciência foi reprimido e substituído<br />

por outra coisa é mantido no inconsciente e permanece capaz de atuação. Não<br />

sucede o mesmo com o efeito da regressão a um estágio anterior da organização<br />

sexual. Acerca dela acreditamos que também muda o estado <strong>das</strong> coisas no<br />

inconsciente, de modo que após a repressão, nos dois sexos, continua a existir<br />

no inconsciente a fantasia masoquista de apanhar do pai, mas não aquela (passiva)<br />

de ser amado pelo pai. Também não faltam indícios de que a repressão<br />

atingiu seu propósito apenas de forma bastante incompleta. O menino, que<br />

quis escapar à escolha homossexual de objeto e não mudou seu sexo, sente-se<br />

como mulher em suas fantasias conscientes e dota de atributos e características<br />

masculinas as mulheres que nele batem. A menina, que até abandonou seu sexo<br />

e, no todo, efetuou um trabalho de repressão mais radical, não se livra do pai,<br />

não ousa ela mesma bater, e, como se tornou ela mesma um garoto, faz com<br />

que sobretudo garotos apanhem.<br />

Sei que não ficaram suficientemente esclareci<strong>das</strong> as diferenças entre as<br />

fantasias de surra dos dois sexos que aqui foram descritas; mas não faço a tentativa<br />

de desemaranhar tais complicações, rastreando a sua dependência de outros<br />

fatores, porque eu mesmo não considero exaustivo o material da observação.<br />

Até onde ele vai, porém, gostaria de usá-lo para o exame de duas teorias,<br />

que, opostas uma à outra, tratam da relação entre a repressão e o caráter<br />

sexual, e, cada qual à sua maneira, apresentam essa relação como muito íntima.<br />

Adianto que sempre considerei as duas inadequa<strong>das</strong> e enganosas.<br />

A primeira dessas teorias é anônima; ela me foi dada a conhecer há muitos<br />

anos, por um colega com o qual tinha laços de amizade. Ela é tão atraente, em<br />

sua franca simplicidade, que devemos nos admirar que só em alusões esparsas<br />

apareça na literatura sobre o tema. Apoia-se na constituição bissexual dos seres<br />

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