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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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tampouco isso tem algo a ver com o sexo da criança odiada da primeira fase,<br />

apontando, isto sim, para um evento complicador nas meninas. Ao se afastarem<br />

do amor incestuoso ao pai, de sentido genital, rompem facilmente com seu<br />

papel feminino, ativam seu “complexo de masculinidade” ([expressão de] Van<br />

Ophuijsen) e querem ser apenas garotos a partir de então. Daí os meninos surrados,<br />

que as representam nas fantasias, serem meninos. Nos dois casos de<br />

devaneios — um deles alcançou quase o nível de uma obra de arte — os heróis<br />

eram apenas homens jovens, mulheres não apareciam absolutamente nessas<br />

criações; foram incorpora<strong>das</strong> apenas muitos anos depois, em papéis<br />

secundários.<br />

V<br />

Espero haver exposto minhas observações analíticas de modo suficientemente<br />

detalhado, e peço que levem em conta que os seis casos tantas vezes mencionados<br />

não esgotam o meu material, pois, como outros analistas, disponho de um<br />

número bem maior de casos menos detidamente examinados. Essas observações<br />

podem ser usa<strong>das</strong> em diferentes direções: para esclarecer a gênese <strong>das</strong><br />

perversões, em especial do masoquismo, e para avaliar o papel que tem a diferença<br />

sexual na dinâmica da neurose.<br />

O resultado mais evidente dessa discussão concerne à origem <strong>das</strong> perversões.<br />

É certo que nada muda na concepção que nelas destaca o fortalecimento<br />

ou precocidade constitucional de um componente sexual, mas com isso não se<br />

disse tudo. A perversão já não se acha isolada na vida sexual da criança, mas é<br />

admitida no contexto dos típicos — para não dizer normais — processos de<br />

desenvolvimento que conhecemos. É posta em relação com o amor objetal incestuoso<br />

da criança, com o seu complexo de Édipo, surge primeiro no solo<br />

desse complexo e, depois que ele desmorona, resta sozinha frequentemente,<br />

como herdeira de sua carga libidinal e agravada pela consciência de culpa que<br />

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