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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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possibilitar o sentimento de que a excitação fora satisfeita, mesmo com a<br />

renúncia ao ato masturbatório. Num desses casos, o conteúdo “apanhar do<br />

pai” podia ousar novamente adentrar a consciência, quando o próprio Eu era<br />

tornado irreconhecível por um leve disfarce. O herói dessas histórias era invariavelmente<br />

golpeado pelo pai, depois somente castigado, humilhado etc.<br />

Mas repito que via de regra a fantasia permanece inconsciente e tem de ser<br />

reconstruída na análise. Com isso talvez estejam certos os pacientes que<br />

afirmam lembrar que a masturbação apareceu antes, neles, do que a fantasia de<br />

surra da terceira fase (a ser discutida logo adiante); que esta teria sobrevindo<br />

apenas depois, talvez sob a impressão <strong>das</strong> cenas escolares. To<strong>das</strong> as vezes que<br />

demos crédito a tais informações, inclinamo-nos a supor que a masturbação esteve<br />

primeiramente sob o domínio de fantasias inconscientes, que depois foram<br />

substituí<strong>das</strong> por conscientes.<br />

É como tal substituto que vemos a conhecida fantasia da terceira fase, a sua<br />

configuração definitiva, na qual a criança que fantasia aparece, no máximo,<br />

como espectador, e o pai é mantido na pessoa de um professor ou algum outro<br />

superior. A fantasia, que é semelhante à da primeira fase, parece haver se tornado<br />

novamente sádica. Tem-se a impressão de que na frase: “Meu pai está<br />

batendo na outra criança, ele ama somente a mim”, a ênfase recuou para a<br />

primeira parte, após a segunda haver sucumbido à repressão. Mas apenas a<br />

forma dessa fantasia é sádica, a satisfação que se obtém dela é masoquista, sua<br />

significação está em haver tomado o investimento libidinal da parte reprimida<br />

e, com este, também a consciência de culpa ligada ao seu conteúdo. To<strong>das</strong> as<br />

crianças indefini<strong>das</strong> que levam surra do professor são, afinal, substitutos da<br />

criança mesma.<br />

Aqui também se mostra, pela primeira vez, algo como uma constância do<br />

sexo nas pessoas que tomam parte na fantasia. As crianças surra<strong>das</strong> são quase<br />

sempre garotos, tanto nas fantasias dos garotos como nas <strong>das</strong> garotas. Esse<br />

traço não se explica, evidentemente, por alguma rivalidade entre os sexos,<br />

pois, de outro modo, garotas é que apanhariam nas fantasias dos garotos;<br />

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