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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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Esta suposição é confirmada pela análise. A aplicação consequente dela ensina<br />

que as fantasias de surra têm um desenvolvimento nada simples, no curso<br />

do qual a maioria de seus aspectos se modifica mais de uma vez: sua relação<br />

com a pessoa que fantasia, seu objeto, conteúdo e significação.<br />

Para acompanhar mais facilmente tais mudanças nas fantasias de surra, limitarei<br />

minhas descrições às pessoas do sexo feminino, que, de toda forma, constituem<br />

a maioria do material (quatro contra dois). Além disso, às fantasias de<br />

surra dos homens relaciona-se outro tema, que deixarei de lado nesta comunicação.<br />

Nisso me esforçarei em não esquematizar mais do que é inevitável<br />

para a exposição de um caso médio. Observações ulteriores talvez revelem<br />

maior complexidade de relações, mas estou certo de haver apreendido uma<br />

ocorrência típica, e de frequência nada rara.<br />

A primeira fase <strong>das</strong> fantasias de surra <strong>das</strong> meninas, então, deve pertencer a<br />

um período remoto da infância. Algumas coisas nelas permanecem curiosamente<br />

indefini<strong>das</strong>, como se não importassem. A pouca informação obtida<br />

dos pacientes na primeira comunicação — “Batem numa criança” — parece<br />

justificada para essa fantasia. * Uma outra coisa pode ser determinada com certeza,<br />

no entanto, e sempre com o mesmo sentido. A criança que apanha nunca<br />

é a que fantasia, mas invariavelmente uma outra, em geral um irmão menor,<br />

quando existe. Como este pode ser menino ou menina, não pode haver aqui<br />

um nexo constante entre o sexo da criança que fantasia e o da que apanha. A<br />

fantasia não é certamente masoquista, então; talvez se queira chamá-la de<br />

sádica, mas não se deve perder de vista que a criança que fantasia não é jamais<br />

aquela que bate. Permanece obscuro, de início, quem é realmente a pessoa que<br />

bate. Apenas uma coisa pode se constatar: não é outra criança, mas um adulto.<br />

Mais tarde esse adulto indeterminado será reconhecido, de maneira clara e inequívoca,<br />

como o pai (da menina).<br />

Portanto, essa primeira fase da fantasia de surra é cabalmente expressa na<br />

frase: “Meu pai bate na criança”. Já revelo bastante do conteúdo que será apresentado,<br />

quando, em vez disso, afirmo: “Meu pai bate na criança que odeio”.<br />

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