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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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uma aberração sexual no adulto — perversão, fetichismo, inversão —, podemos<br />

justificadamente esperar que uma anamnese descubra um tal evento fixador<br />

na época da infância. De fato, bem antes da psicanálise, observadores<br />

como Binet fizeram remontar as peculiares aberrações sexuais da maturidade a<br />

impressões desse tipo, justamente no quinto ou sexto ano de vida. É certo que<br />

aí encontrávamos um limite da nossa compreensão, pois as impressões fixadoras<br />

não tinham nenhuma força traumática, eram geralmente banais e desinteressantes<br />

para outros indivíduos; era impossível dizer por que o impulso<br />

sexual * fixara-se justamente nelas. Mas sua importância podia se achar no fato<br />

de haverem proporcionado o ensejo, ainda que casual, para a adesão do componente<br />

sexual prematuro e pronto para lançar-se, e devíamos prever que a cadeia<br />

de laços causais teria um fim provisório em algum lugar. A constituição<br />

congênita parecia justamente responder a to<strong>das</strong> as exigências para tal ponto de<br />

apoio.<br />

Se o componente sexual que prematuramente se desprendeu é o sádico,<br />

formamos a expectativa, baseados em conhecimento adquirido em outras<br />

fontes, de que graças à posterior repressão dele surja uma disposição para a<br />

neurose obsessiva. Não se pode dizer que tal expectativa seja contrariada pelo<br />

resultado da investigação. Entre os seis casos (quatro mulheres e dois homens)<br />

cujo estudo aprofundado serviu de base para esta comunicação, havia casos de<br />

neurose obsessiva: um bastante severo, incapacitante, outro menos grave,<br />

acessível à influência analítica, e um terceiro que evidenciava ao menos alguns<br />

traços nítidos de neurose obsessiva. Um quarto caso, admita-se, era uma<br />

franca histeria com dores e inibições, e um quinto, que buscou a análise apenas<br />

por indecisões na vida, não seria classificado num diagnóstico tosco, ou seria<br />

despachado como “psicastenia”. Essa estatística não deve ser vista como decepcionante,<br />

pois sabemos, em primeiro lugar, que nem toda disposição vem a<br />

se tornar enfermidade, e, em segundo lugar, deve nos bastar esclarecer o que<br />

se acha presente, podemos nos furtar à tarefa de também levar a entender por<br />

que algo não se produziu. **<br />

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