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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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comparação pode refletir sua natureza. O trabalho psicanalítico fornece analogias<br />

com a análise química, mas também com a intervenção cirúrgica, com a<br />

interferência do ortopedista ou com a influência do educador. A comparação<br />

com a análise química é limitada pelo fato de que na vida psíquica lidamos com<br />

tendências * sujeitas à compulsão no sentido de unificar e combinar. Se conseguimos<br />

decompor um sintoma, liberar um impulso instintual de um nexo, **<br />

ele não permanece isolado, inserindo-se imediatamente num novo nexo. 1<br />

De fato, o doente neurótico nos oferece uma vida psíquica dilacerada, dividida<br />

por resistências, e, enquanto a analisamos e eliminamos as resistências,<br />

ela cresce organicamente, a grande unidade que chamamos Eu integra em si<br />

todos os impulsos instintuais que até então estavam dela dissociados e ligados<br />

noutra parte. Desse modo a psicossíntese ocorre no analisando sem a nossa interferência,<br />

automática e inevitavelmente. Produzimos as condições para ela<br />

ao decompor os sintomas e levantar as resistências. Não é verdadeiro que algo<br />

no doente esteja decomposto em seus constituintes e aguarde pacientemente<br />

que nós o recomponhamos de algum modo.<br />

O desenvolvimento de nossa terapia tomará provavelmente outros caminhos,<br />

sobretudo aqueles que Ferenczi, no seu trabalho “Dificuldades técnicas de<br />

uma análise de histeria” (Internationale Zeitschrift für ärztliche Psychoanalyse<br />

[Revista Internacional de Psicanálise Médica, v. 5], 1919), caracterizou como<br />

“atividade” por parte do analista.<br />

Entendamo-nos rapidamente sobre o que significa essa atividade. Descrevemos<br />

nossa tarefa terapêutica com base em dois fatores: tornar consciente o<br />

reprimido e pôr a descoberto as resistências. Nisso já somos ativos o bastante,<br />

sem dúvida. Mas devemos deixar o doente a lidar sozinho com as resistências<br />

que lhe foram aponta<strong>das</strong>? Não podemos lhe prestar outro auxílio senão o que<br />

ele experimenta com o estímulo da terapia? Não é natural ajudá-lo também de<br />

outra forma, colocando-o na situação psíquica mais favorável para a desejada<br />

solução do conflito? Pois o que ele pode alcançar depende igualmente de uma<br />

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