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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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Seria de crer que não pode faltar material para responder a essas perguntas,<br />

pois tais processos de desenvolvimento e transformação tiveram de ocorrer em<br />

to<strong>das</strong> as pessoas que são objeto da pesquisa psicanalítica. Mas o material é tão<br />

pouco transparente, a abundância de impressões recorrentes produz tal confusão,<br />

que ainda hoje não posso dar solução completa para o problema, mas<br />

apenas contribuições para uma solução. Ao fazê-lo, não há por que evitar a<br />

oportunidade, se o contexto o permitir, de mencionar algumas outras transformações<br />

instintuais que não dizem respeito ao erotismo anal. Por fim, é<br />

talvez desnecessário enfatizar que os processos de desenvolvimento descritos<br />

— aqui e sempre, na psicanálise — foram inferidos a partir <strong>das</strong> regressões que<br />

lhes foram impostas pelos processos neuróticos.<br />

O ponto de partida para esta discussão pode ser o dado de que nas<br />

produções do inconsciente — pensamentos espontâneos, fantasias e sintomas<br />

— as noções de fezes (dinheiro, presente), criança e pênis são dificilmente separa<strong>das</strong><br />

e facilmente confundi<strong>das</strong>. Ao nos expressarmos desse modo, sabemos<br />

naturalmente que transferimos para o inconsciente, de maneira incorreta, designações<br />

costumeiras em outros âmbitos da vida psíquica, e que nos deixamos<br />

desviar pela vantagem que uma comparação traz consigo. Repitamos, de<br />

forma menos passível de objeção, que esses elementos são com frequência<br />

tratados, no inconsciente, como se equivalessem uns aos outros e pudessem<br />

livremente substituir uns aos outros.<br />

Isso se vê com maior facilidade na relação entre “criança” e “pênis”. Não é<br />

algo sem importância que, tanto na linguagem simbólica do sonho como na da<br />

vida cotidiana, os dois possam ser substituídos pelo mesmo símbolo. Tal como<br />

a criança, o pênis é chamado de “o pequeno”. Sabe-se que frequentemente a<br />

linguagem simbólica não leva em conta a diferença entre os sexos. *“O<br />

pequeno”, que originalmente diz respeito ao membro masculino, pode então,<br />

secundariamente, designar o genital feminino.<br />

Investigando com suficiente profundidade a neurose de uma mulher, não é<br />

raro depararmos com o desejo reprimido de ter um pênis como o homem. Um<br />

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