19.04.2013 Views

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Aqui seria o ponto para se iniciar novas pesquisas. Nossa consciência nos<br />

transmite, desde o interior, não apenas as sensações de prazer e desprazer, mas<br />

também de uma peculiar tensão que pode ela mesma ser prazerosa ou desprazerosa.<br />

Essas sensações devem nos fazer distinguir entre processos de energia<br />

ligados e não ligados, ou a sensação de tensão há de ser relacionada à<br />

quantidade absoluta, eventualmente ao nível do investimento, enquanto a série<br />

prazer-desprazer indica a mudança da quantidade de investimento na unidade<br />

de tempo? Também nos chama a atenção que os instintos de vida tenham bem<br />

mais a ver com nossa percepção interna, pois se apresentam perturbando a paz,<br />

trazendo tensões cuja eliminação é sentida como prazer, enquanto os instintos<br />

de morte parecem realizar seu trabalho discretamente. O princípio do prazer<br />

parece mesmo estar a serviço dos instintos de morte; é certo que vigia também<br />

os estímulos de fora, avaliados como perigosos pelas duas espécies de instintos,<br />

mas sobretudo os aumentos de estímulos a partir de dentro, que chegam a dificultar<br />

a tarefa de viver. A isto se relacionam inúmeras outras questões, que<br />

atualmente não é possível responder. Temos de ser pacientes e aguardar novos<br />

meios e oportunidades de investigação. E permanecer dispostos a abandonar<br />

um caminho que trilhamos por algum tempo, se ele parece não conduzir a algo<br />

de bom. Somente aqueles crédulos, que exigem da ciência um substituto para o<br />

catequismo abandonado, se aborrecerão com o pesquisador por desenvolver<br />

ou modificar seus pontos de vista. De resto, talvez um poeta (Rückert, nos<br />

Macamas, de Hariri) nos console pelo vagaroso progresso de nosso conhecimento<br />

científico:<br />

“O que não podemos alcançar voando, devemos alcançar [claudicando. […]<br />

Segundo as Escrituras, não é pecado claudicar.” *<br />

171/311

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!