19.04.2013 Views

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

desenvolvimento do desprazer, mas o princípio do prazer não é anulado por<br />

isso. Pelo contrário, a transformação ocorre a serviço do princípio do prazer; a<br />

ligação é um ato preparatório, que introduz e assegura o domínio do princípio<br />

do prazer.<br />

Vamos distinguir entre função e tendência de maneira mais aguda do que<br />

fizemos até agora. O princípio do prazer, então, é uma tendência que se acha a<br />

serviço de uma função, à qual cabe tornar o aparelho psíquico isento de excitação,<br />

ou conservar o montante de excitação dentro dele constante ou o menor<br />

possível. Ainda não podemos nos decidir por nenhuma dessas concepções, mas<br />

notamos que a função assim determinada participaria do universal empenho de<br />

todos os viventes: retornar à quietude do mundo inorgânico. Todos nós<br />

aprendemos que o maior prazer ao nosso alcance, o do ato sexual, está relacionado<br />

à extinção momentânea de uma elevada excitação. Mas a ligação do<br />

impulso instintual seria uma função preparatória, que deve dispor a excitação<br />

para a sua definitiva eliminação no prazer da descarga.<br />

Isso também leva a perguntar se as sensações de prazer e desprazer podem<br />

ser igualmente gera<strong>das</strong> pelos processos excitatórios ligados e pelos não ligados.<br />

Parece totalmente fora de dúvida que os não ligados, os processos<br />

primários, produzem sensações bem mais intensas, nas duas direções, do que<br />

as dos ligados, dos secundários. Os processos primários são também anteriores,<br />

no começo da vida psíquica não há outros, e podemos inferir que, se o<br />

princípio do prazer já não estivesse em operação neles, não poderia chegar a<br />

estabelecer-se para os posteriores. Assim alcançamos um resultado que no<br />

fundo não é simples, de que no começo da vida psíquica o empenho por prazer<br />

se manifesta bem mais intensamente do que depois, mas não tão irrestritamente;<br />

tem que admitir interrupções frequentes. Em períodos mais maduros o<br />

domínio do princípio do prazer é bem mais assegurado, mas ele próprio, assim<br />

como os demais instintos, não escapa à sujeição. De todo modo, aquilo que no<br />

processo excitatório leva ao surgimento <strong>das</strong> sensações de prazer e desprazer<br />

tem que existir no processo secundário, não menos que no primário.<br />

170/311

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!