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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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Uma concepção despoja o problema da reprodução de seu fascínio misterioso,<br />

ao apresentá-la como manifestação parcial do crescimento (multiplicação<br />

por divisão, germinação, gemiparidade). A origem da reprodução através<br />

de células germinais sexualmente diferencia<strong>das</strong> pode ser vista, segundo<br />

um modo de pensar sobriamente darwiniano, da forma seguinte: a vantagem<br />

da anfimixia, obtida em certo momento pela copulação casual de dois protozoários,<br />

foi mantida e depois aproveitada na evolução subsequente. * O “sexo”,<br />

portanto, não seria muito antigo, e os instintos extraordinariamente arrebatados<br />

que visam promover a união sexual estariam repetindo algo que aconteceu<br />

casualmente uma vez e que desde então se firmou por ser vantajoso.<br />

Como no caso da morte, a questão aqui é se devemos admitir nos protozoários<br />

apenas o que mostram, e se podemos supor que forças e processos que<br />

se tornam visíveis apenas em organismos superiores surgiram também neles<br />

primeiramente. A concepção da sexualidade que acabamos de mencionar é de<br />

pouca valia para nosso propósito. Poder-se-á objetar a ela que pressupõe a existência<br />

de instintos de vida já atuantes nos mais simples organismos, pois de<br />

outro modo a copulação, que atua contra o curso da vida e torna mais difícil a<br />

tarefa de deixar de viver, não teria sido mantida e elaborada, mas sim evitada.<br />

Logo, se não quisermos abandonar a hipótese de instintos de morte, será<br />

preciso conjugá-los a instintos de vida desde o começo. Mas é preciso reconhecer<br />

que aí trabalharemos com uma equação de duas incógnitas. O que na<br />

ciência encontramos sobre a gênese da sexualidade é tão pouco, que o problema<br />

pode ser comparado a uma escuridão em que nem o raio de luz de uma<br />

hipótese penetrou. É em outro lugar que deparamos com uma tal hipótese, de<br />

natureza tão fantástica, porém — é antes um mito que uma explicação<br />

científica —, que eu não ousaria apresentá-la aqui, se ela não satisfizesse justamente<br />

uma condição que procuramos satisfazer. Pois ela faz derivar um instinto<br />

da necessidade de restauração de um estado anterior.<br />

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