19.04.2013 Views

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Desde o princípio nossa concepção era dualista, e hoje é mais claramente dualista<br />

do que antes, desde que não mais denominamos os opostos instintos do<br />

Eu e instintos sexuais, mas instintos de vida e de morte. Já a teoria da libido de<br />

Jung é monista; o fato de ele haver chamado sua única força instintual de “libido”<br />

tinha de causar confusão, mas não deve nos influenciar. Supomos que<br />

outros instintos atuem no Eu, além dos instintos libidinais de autoconservação;<br />

deveríamos ser capazes de indicá-los. Infelizmente a análise do Eu progrediu<br />

pouco, de modo que para nós é difícil fazê-lo. Os instintos libidinais do Eu podem<br />

estar ligados de maneira especial aos outros instintos do Eu que ainda não<br />

conhecemos. Mesmo antes que tivéssemos conhecimento do narcisismo já<br />

havia, na psicanálise, a conjectura de que os “instintos do Eu” atraem para si<br />

componentes libidinais. Mas essas são vagas possibilidades, que nossos opositores<br />

dificilmente considerarão. É embaraçoso que até agora a psicanálise nos<br />

tenha permitido apontar somente instintos libidinais. Mas nem por isso partilharemos<br />

a conclusão de que não existem outros.<br />

Na atual penumbra em que se acha a teoria dos instintos, não convém rejeitar<br />

qualquer ideia que prometa alguma luz. Partimos da grande polaridade<br />

de instintos de vida e instintos de morte. O próprio amor objetal nos mostra<br />

uma segunda oposição assim, aquela de amor (afeição) e ódio (agressão). Se<br />

conseguíssemos relacionar essas duas polaridades, fazer uma remontar à outra!<br />

Há muito reconhecemos um componente sádico no instinto sexual; 29 ele pode,<br />

como sabemos, tornar-se autônomo e, como perversão, dominar toda a<br />

tendência sexual da pessoa. Ele também aparece, como instinto parcial dominante,<br />

numa <strong>das</strong> “organizações pré-genitais”, como as denominei. Mas como<br />

pode o instinto sádico, que visa a ferir o objeto, ser derivado do Eros conservador<br />

da vida? Não cabe supor que esse sadismo é na verdade um instinto de<br />

morte que foi empurrado do Eu pela influência da libido narcísica, de modo<br />

que surge apenas em relação ao objeto? Então ele entra a serviço da função<br />

sexual; no estágio oral da organização da libido, a posse amorosa ainda coincide<br />

com a destruição do objeto, depois o instinto sádico se separa e enfim, no<br />

163/311

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!