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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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Agora pode nos assaltar a dúvida de que seja pertinente buscar a resposta à<br />

questão da morte natural no estudo dos protozoários. A organização primitiva<br />

dessas criaturas pode nos ocultar importantes condições que também neles se<br />

acham presentes, mas que só nos animais superiores, onde obtiveram expressão<br />

morfológica, podem ser percebi<strong>das</strong>. Se deixarmos o ponto de vista<br />

morfológico e adotarmos aquele dinâmico, para nós será indiferente que a<br />

morte natural dos protozoários possa ser demonstrada ou não. Neles a substância<br />

depois reconhecida como imortal não se separou ainda, de maneira alguma,<br />

daquela mortal. As forças instintuais que querem conduzir a vida à<br />

morte poderiam atuar desde o início também neles, e no entanto o seu efeito<br />

poderia ser coberto de tal modo pelo <strong>das</strong> forças conservadoras da vida, que<br />

seria muito difícil a comprovação direta de sua existência. Vimos, de fato, que<br />

as observações dos biólogos nos autorizam a supor tais processos internos conducentes<br />

à morte também no caso dos protozoários. Mas, ainda que os protozoários<br />

se revelem imortais no sentido de Weismann, sua afirmação de que a<br />

morte é uma aquisição posterior vale apenas para as manifestações evidentes<br />

da morte e não torna impossível uma suposição relativa aos processos que<br />

impelem à morte. Nossa expectativa de que a biologia prontamente afastasse o<br />

reconhecimento dos instintos de morte não se realizou. Podemos continuar<br />

nos ocupando de sua possibilidade, se temos outras razões para fazê-lo. A<br />

notável semelhança da distinção feita por Weismann, entre soma e plasma germinal,<br />

com a nossa separação entre instintos de morte e instintos de vida, continua<br />

a existir e mantém seu valor.<br />

Detenhamo-nos por um momento nessa concepção notadamente dualista<br />

da vida instintual. De acordo com a teoria de E. Hering, na substância viva operam<br />

ininterruptamente dois tipos de processos, em direções opostas — uns<br />

construtivos, anabólicos, os outros destrutivos, catabólicos. Podemos ousar reconhecer,<br />

nessas duas direções dos processos vitais, a atividade de nossos dois<br />

movimentos instintuais, dos instintos de vida e dos instintos de morte? E há<br />

outra coisa que não podemos ignorar: que inadvertidamente adentramos o<br />

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