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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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considerando morfologicamente a substância viva, nela vê um componente<br />

fadado a morrer, o soma, o corpo sem o material responsável pelo sexo e a<br />

hereditariedade, e um imortal, o plasma germinativo que é útil à conservação<br />

da espécie, à procriação. Quanto a nós, não recorremos à substância viva, mas<br />

às forças nela atuantes, e fomos levados a distinguir duas espécies de instintos,<br />

aqueles que pretendem conduzir a vida à morte e os sexuais, que sempre buscam<br />

e efetuam a renovação da vida. Isto soa como um corolário dinâmico da<br />

teoria morfológica de Weismann.<br />

Mas a aparência de uma significativa concordância logo se desfaz, quando<br />

vemos o que decide acerca do problema da morte. Pois para ele a distinção<br />

entre soma mortal e plasma germinativo imortal é válida somente nos organismos<br />

pluricelulares, nos animais unicelulares o indivíduo e a célula de procriação<br />

ainda são a mesma coisa. 22 Afirma, então, que os unicelulares são potencialmente<br />

imortais, que a morte surge apenas nos metazoários, nos pluricelulares.<br />

Essa morte dos seres vivos superiores é certamente uma morte natural,<br />

por causas internas, mas não se baseia numa qualidade primordial da substância<br />

viva, 23 não pode ser apreendida como uma necessidade absoluta, fundamentada<br />

na essência da vida. 24 A morte é um arranjo de conveniência, * uma<br />

manifestação de adaptação às condições de vida externas, pois, a partir da divisão<br />

<strong>das</strong> células corporais em soma e plasma germinativo, uma ilimitada duração<br />

da vida individual se tornaria um luxo inconveniente. Surgindo essa<br />

diferenciação nos pluricelulares, a morte se tornou possível e adequada. Desde<br />

então a soma dos seres vivos superiores morre por razões internas após algum<br />

tempo, enquanto os protozoários permanecem imortais. Já a procriação não foi<br />

introduzida apenas com a morte, sendo antes uma qualidade primordial da<br />

matéria viva, tal como o crescimento, do qual se originou, e a vida permaneceu<br />

contínua desde o seu início na Terra. 25<br />

Facilmente se constata que a admissão de uma morte natural para os organismos<br />

superiores não nos auxilia muito. Se a morte é uma aquisição tardia dos<br />

seres vivos, instintos de morte existentes desde o início da vida na Terra não<br />

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