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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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vida o mais rapidamente possível; atingida uma determinada altura desse caminho,<br />

o outro corre para trás, a fim de retomá-lo de certo ponto e assim prolongar<br />

a jornada. Ainda que a sexualidade e a diferença dos sexos certamente<br />

não existissem no começo da vida, é possível que os instintos depois designados<br />

como sexuais tenham entrado em atividade desde o princípio, não tendo<br />

empreendido somente num instante posterior o seu trabalho contra o jogo dos<br />

“instintos do Eu”. 18<br />

Agora voltemos atrás nós mesmos, para perguntar se to<strong>das</strong> essas especulações<br />

têm fundamento. Realmente não existem, à parte os instintos sexuais,<br />

outros instintos senão os que querem restabelecer um estado anterior, nem<br />

outros que aspirem a um estado jamais atingido? Não sei, no mundo orgânico,<br />

de exemplo seguro que contradiga a caracterização aqui proposta. Certamente<br />

não se constata, no mundo <strong>das</strong> plantas e dos animais, um instinto * universal<br />

rumo ao desenvolvimento mais elevado, embora permaneça indiscutível que<br />

há uma tal direção no desenvolvimento. Mas, por um lado, frequentemente<br />

não passa de avaliação nossa, quando afirmamos que um estágio de desenvolvimento<br />

é mais elevado que outro, e a ciência do ser vivente, por outro lado,<br />

mostra-nos que o desenvolvimento superior num ponto é, muitas vezes, obtido<br />

ou compensado pela regressão num outro. Também existem bastantes<br />

formas animais cujos estados juvenis nos fazem ver que o seu desenvolvimento<br />

assumiu, de fato, caráter regressivo. Tanto o desenvolvimento superior como<br />

a regressão poderiam ser consequências de forças externas que impelem à adaptação,<br />

e o papel dos instintos poderia limitar-se, em ambos os casos, a reter<br />

como fonte interna de prazer a mudança imposta. 19<br />

Para muitos de nós pode ser difícil abandonar a crença de que no próprio<br />

homem há um impulso para a perfeição, que o levou a seu atual nível de realização<br />

intelectual e sublimação ética e do qual se esperaria que cui<strong>das</strong>se de seu<br />

desenvolvimento rumo ao super-homem. Ocorre que eu não acredito em tal<br />

impulso interior e não vejo como poupar essa benevolente ilusão. A evolução<br />

humana, até agora, não me parece necessitar de explicação diferente daquela<br />

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