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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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procuramos os sóbrios resultados da pesquisa ou da reflexão nela baseada, e<br />

não desejamos que eles possuam outra característica senão a da certeza. 16<br />

Portanto, se todos os instintos orgânicos são conservadores, historicamente<br />

adquiridos e orientados para a regressão, o restabelecimento de algo anterior,<br />

temos de pôr os êxitos do desenvolvimento orgânico na conta de influências<br />

externas, perturbadoras e desviantes. O ser vivo elementar não pretenderia<br />

mudar desde o seu início; permanecendo iguais as condições, ele repetiria<br />

sempre o mesmo curso de vida. Mas, em última instância, a história do desenvolvimento<br />

da terra e de sua relação com o sol é que deixaria sua marca no<br />

desenvolvimento dos organismos. Os instintos orgânicos conservadores acolheram<br />

cada uma dessas mudanças impostas ao curso da vida e as preservaram<br />

para a repetição, e assim produzem a enganadora impressão de forças que aspiram<br />

à transformação e ao progresso, quando apenas tratam de alcançar uma<br />

antiga meta por vias antigas e novas. Também essa meta final de todo esforço<br />

orgânico pode ser indicada. Seria contrário à natureza conservadora dos instintos<br />

que o objetivo da vida fosse um estado nunca antes alcançado. Terá de<br />

ser, isto sim, um velho estado inicial, que o vivente abandonou certa vez e ao<br />

qual ele se esforça por voltar, através de todos os rodeios de seu desenvolvimento.<br />

Se é lícito aceitarmos, como experiência que não tem exceção, que todo<br />

ser vivo morre por razões internas, retorna ao estado inorgânico, então só podemos<br />

dizer que o objetivo de toda vida é a morte, e, retrospectivamente, que o<br />

inanimado existia antes que o vivente.<br />

Em algum momento, por uma ação de forças ainda inteiramente inimaginável,<br />

os atributos do vivente foram suscitados na matéria inanimada.<br />

Talvez tenha sido um processo exemplarmente semelhante ao que depois, em<br />

certa camada da matéria viva, fez surgir a consciência. A tensão que sobreveio,<br />

na substância anteriormente inanimada, procurou anular a si mesma; foi o<br />

primeiro instinto, o de retornar ao inanimado. Era fácil morrer, para a matéria<br />

então vivente; provavelmente percorria um curso de vida bastante breve, cuja<br />

direção era determinada pela estrutura química da jovem vida. Assim, por<br />

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