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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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Aqui seria, então, o lugar de admitir pela primeira vez uma exceção à tese<br />

de que o sonho é uma realização de desejo. Os sonhos de angústia não constituem<br />

exceções tais, como já demonstrei repetidamente e em detalhe, e tampouco<br />

os “sonhos de castigo”, pois apenas substituem a realização proibida do<br />

desejo pelo castigo que lhe é apropriado, sendo, portanto, a realização de<br />

desejo da consciência de culpa que reage ao instinto repudiado. Mas os supramencionados<br />

sonhos dos neuróticos traumáticos já não se incluem na perspectiva<br />

da realização de desejo, nem os sonhos, ocorrentes nas psicanálises,<br />

que nos trazem à memória os traumas psíquicos da infância. Eles obedecem<br />

antes à compulsão de repetição, que na análise, de fato, é favorecida pelo<br />

desejo (encorajado pela “sugestão”) de evocar o que foi esquecido e reprimido.<br />

Assim, também a função do sonho, de eliminar motivos para a interrupção<br />

do sono por meio da realização de desejos, não seria a sua função original; ele<br />

a teria assumido apenas depois que toda a vida psíquica aceitou o domínio do<br />

princípio do prazer. Se existe um “além do princípio do prazer”, é coerente admitir<br />

que também houve uma época anterior à tendência dos sonhos a realizar<br />

desejos. Com isso não é contrariada a sua função posterior. Mas surge, uma<br />

vez rompida essa tendência, uma outra questão: Tais sonhos que obedecem à<br />

compulsão de repetição, no interesse do ligamento psíquico de impressões<br />

traumáticas, não serão possíveis também fora da análise? A resposta é certamente<br />

afirmativa.<br />

Acerca <strong>das</strong> “neuroses de guerra”, na medida em que essa expressão denote<br />

mais do que as circunstâncias em que surgiu a doença, já expus, em outro<br />

lugar, que elas bem poderiam ser neuroses traumáticas que foram facilita<strong>das</strong><br />

por um conflito do Eu. 13 O fato que mencionei acima [parte ii], de que uma<br />

séria ferida causada simultaneamente pelo trauma diminui as chances para o<br />

surgimento de uma neurose, deixa de ser incompreensível se lembramos duas<br />

<strong>das</strong> condições enfatiza<strong>das</strong> pela pesquisa psicanalítica. Primeiro, que o estremecimento<br />

mecânico deve ser reconhecido como uma <strong>das</strong> fontes de excitação<br />

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