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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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Neste ponto me permitirei abordar brevemente uma questão que mereceria<br />

tratamento aprofundado. A tese de Kant, segundo a qual o tempo e o espaço<br />

são formas necessárias de nosso pensamento, pode hoje ser submetida a uma<br />

discussão, devido a certos conhecimentos psicanalíticos. Vimos que os processos<br />

psíquicos inconscientes são “atemporais” em si. Isto significa, em<br />

primeiro lugar, que não são ordenados temporalmente, que neles o tempo nada<br />

muda, que a ideia de tempo não lhes pode ser aplicada. São características negativas,<br />

que apenas se fazem compreensíveis quando compara<strong>das</strong> aos processos<br />

psíquicos conscientes. Nossa abstrata ideia de tempo parece derivar inteiramente<br />

do modo de trabalho do sistema P-Cs, correspondendo a uma autopercepção<br />

dele. Com esse modo de funcionamento do sistema poderia ser tomado<br />

um outro caminho para a proteção contra estímulos. Sei que tais afirmações<br />

soam obscuras, mas tenho que me limitar a indicações desse tipo.<br />

Expusemos como a vesícula viva é dotada de uma barreira contra estímulos<br />

do mundo externo. Antes verificamos que a camada cortical vizinha desta tem<br />

que ser diferenciada como órgão para a recepção de estímulos de fora. Mas<br />

essa camada sensível, que se tornará o sistema Cs, também recebe excitações<br />

vin<strong>das</strong> de dentro; a posição do sistema, que fica entre o exterior e o interior, e a<br />

diversidade <strong>das</strong> condições para que haja influência de um ou de outro lado<br />

tornam-se decisivas para a operação do sistema e de todo o aparelho psíquico.<br />

Contra o exterior existe uma proteção, as quantidades de excitação que<br />

chegam terão um efeito reduzido; em relação ao interior é impossível a proteção,<br />

as excitações <strong>das</strong> cama<strong>das</strong> mais profun<strong>das</strong> se propagam de forma direta e<br />

não atenuada no sistema, na medida em que determina<strong>das</strong> características de<br />

seu curso produzem a série <strong>das</strong> sensações de prazer-desprazer. Sem dúvida, as<br />

excitações vin<strong>das</strong> de dentro serão, por sua intensidade e por características outras,<br />

qualitativas (e eventualmente por sua amplitude), mais adequa<strong>das</strong> ao<br />

modo de funcionamento do sistema do que os estímulos provenientes do<br />

mundo exterior. Mas duas coisas são decidi<strong>das</strong> por tal situação: em primeiro<br />

lugar, a prevalência <strong>das</strong> sensações de prazer e desprazer, que são um índice<br />

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