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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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grandes. Observa-se também que o caráter desprazeroso da vivência não a torna<br />

sempre inadequada para o brinquedo. Se o doutor examina a garganta da<br />

criança ou realiza nesta uma pequena cirurgia, não há dúvida de que essa aterradora<br />

experiência será o tema da brincadeira seguinte, mas não se pode ignorar,<br />

com isso, o prazer obtido de outra fonte. Quando passa da passividade da<br />

experiência à atividade do jogo, a criança inflige a um companheiro de jogos o<br />

que lhe sucedera de desagradável, vingando-se, assim, na pessoa desse<br />

substituto.<br />

Em todo caso, dessa discussão resulta que é desnecessário supor, como<br />

motivo para o jogo, um particular instinto de imitação. Lembremos ainda que<br />

o jogo e a imitação artísticos dos adultos, que, diferentemente do que fazem as<br />

crianças, dirigem-se à pessoa do espectador, não poupam a este as mais dolorosas<br />

impressões — na tragédia, por exemplo —, e, no entanto, são por ele<br />

percebidos como elevada fruição. Assim nos convencemos de que também sob<br />

o domínio do princípio do prazer há meios e caminhos para tornar objeto de<br />

recordação e elaboração psíquica o que é em si desprazeroso. Uma estética que<br />

considere a economia [psíquica] pode lidar com esses casos e situações que terminam<br />

na obtenção final do prazer; para os nossos propósitos eles não servem,<br />

pois pressupõem a existência e o domínio do princípio do prazer, não atestam a<br />

operação de tendências além do princípio do prazer, isto é, que seriam mais<br />

primitivas que ele e independentes dele.<br />

III<br />

Vinte e cinco anos de trabalho intenso fizeram com que os objetivos imediatos<br />

da técnica psicanalítica sejam agora muito diferentes do que eram no início.<br />

Antes o médico praticante da psicanálise não podia senão procurar descobrir,<br />

reunir e comunicar no momento certo o inconsciente oculto para o doente. A<br />

psicanálise era sobretudo uma arte da interpretação. Como a tarefa terapêutica<br />

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