19.04.2013 Views

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

essaltam duas características, que podem ser pontos de partida para a reflexão;<br />

em primeiro lugar, pareciam causa<strong>das</strong> principalmente pelo fator da surpresa,<br />

do terror; em segundo, uma ferida ou contusão sofrida simultaneamente<br />

atuava, em geral, contra o surgimento da neurose. “Terror”, “medo” e “angústia”<br />

* são empregados erradamente como sinônimos; mas podem se diferenciar<br />

de modo claro na sua relação com o perigo. “Angústia” designa um estado<br />

como de expectativa do perigo e preparação para ele, ainda que seja desconhecido;<br />

“medo” requer um determinado objeto, ante o qual nos amedrontamos;<br />

mas “terror” se denomina o estado em que ficamos ao correr um<br />

perigo sem estarmos para ele preparados, enfatiza o fator da surpresa. Não<br />

creio que a angústia possa produzir uma neurose traumática; na angústia há<br />

algo que protege do terror e também da neurose de terror. Retornaremos depois<br />

a essa questão.<br />

Podemos considerar o estudo dos sonhos o caminho mais seguro para a investigação<br />

dos processos psíquicos profundos. Ora, os sonhos que ocorrem<br />

numa neurose traumática têm a característica de que o doente sempre retorna à<br />

situação do acidente, da qual desperta com renovado terror. As pessoas não se<br />

surpreendem o bastante com isso. Acham que é justamente uma prova de<br />

como foi forte a impressão deixada pela vivência traumática, que até no sonho<br />

volta a se impor ao doente. Este se acha, então, psiquicamente fixado ao<br />

trauma, por assim dizer. Tais fixações à vivência que desencadeou a enfermidade<br />

nos são conheci<strong>das</strong> há muito tempo, no caso da histeria. Breuer e Freud<br />

afirmaram, em 1893, que “os histéricos sofrem principalmente de reminiscências”.<br />

Também nas neuroses de guerra observadores como Ferenczi e Simmel<br />

puderam explicar vários sintomas motores pela fixação ao momento do<br />

trauma.<br />

Mas não é do meu conhecimento que os que sofrem de neurose traumática<br />

se ocupem muito da lembrança do acidente quando se acham acordados.<br />

Talvez procurem antes não pensar nele. Aceitar como óbvio que o sonho<br />

126/311

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!