19.04.2013 Views

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

quantidade de excitação, tudo o que tem a propriedade de aumentá-la será percebido<br />

como disfuncional, ou seja, como desprazeroso. O princípio do prazer<br />

deriva do princípio da constância; na realidade o princípio da constância foi<br />

deduzido dos fatos que nos impuseram a hipótese do princípio do prazer. E, ao<br />

aprofundar a discussão, veremos que esse empenho do aparelho psíquico, que<br />

nós supomos, subordina-se, como caso especial, ao princípio fechneriano da<br />

tendência à estabilidade, ao qual ele, Fechner, relacionou as sensações de<br />

prazer-desprazer.<br />

Mas devemos assinalar que, a rigor, não é correto dizer que o princípio do<br />

prazer domina o curso dos processos psíquicos. Se assim fosse, a grande<br />

maioria de nossos processos mentais teria de ser acompanhada de prazer ou<br />

conduzir ao prazer, quando a experiência geral contradiz energicamente essa<br />

ilação. O que pode então suceder é que haja na psique uma forte tendência ao<br />

princípio do prazer, à qual se opõem determina<strong>das</strong> forças ou constelações, de<br />

modo que o resultado final nem sempre corresponde à tendência ao prazer.<br />

Veja-se esta observação de Fechner, motivada por algo semelhante (idem, p.<br />

90): “Mas como a tendência ao objetivo não significa o alcance do objetivo, e<br />

este é alcançável apenas em aproximações […]”. Se agora nos voltamos para a<br />

questão de quais circunstâncias podem impedir o prevalecimento do princípio<br />

do prazer, pisamos novamente um chão seguro e conhecido, e para respondêla<br />

dispomos, em larga medida, de nossas experiências analíticas.<br />

O primeiro caso de uma tal inibição do princípio do prazer nos é familiar,<br />

apresentando-se com regularidade. Sabemos que o princípio do prazer é<br />

próprio de um modo de funcionamento primário do aparelho psíquico, e que,<br />

para a autoafirmação do organismo em meio às dificuldades do mundo externo,<br />

já de início é inutilizável e mesmo perigoso em alto grau. Por influência<br />

dos instintos de autoconservação do Eu é substituído pelo princípio da realidade,<br />

que, sem abandonar a intenção de obter afinal o prazer, exige e consegue<br />

o adiamento da satisfação, a renúncia a várias possibilidades desta e a<br />

123/311

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!