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FREUD, Sigmund. Obras Completas (Cia. das Letras) – Vol. 14

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Pode-se dizer que a angústia que entra na formação dessas fobias é angústia<br />

de castração. Essa afirmação não contradiz a concepção de que a angústia tem<br />

origem na repressão da libido homossexual. Os dois modos de expressão se<br />

referem ao mesmo processo, de que o Eu retira libido do impulso de desejo<br />

homossexual, que é então convertida em angústia livremente suspensa e pode<br />

se ligar a fobias. No primeiro modo de expressão designou-se também o<br />

motivo que impele o Eu.<br />

Olhando-se mais de perto, vê-se que essa primeira doença de nosso paciente<br />

(não considerando o distúrbio alimentar) não é esgotada quando dela se<br />

extrai a fobia, mas tem de ser compreendida como autêntica histeria, a que correspondem,<br />

além de sintomas de angústia, fenômenos de conversão. Uma<br />

parte do impulso homossexual é mantida no órgão que dela participa; desde<br />

então, e também na época posterior, o intestino se comporta como um órgão<br />

histericamente afetado. A homossexualidade inconsciente, reprimida, retirouse<br />

para o intestino. Justamente esse traço de histeria prestou o melhor serviço<br />

na solução da doença posterior.<br />

Agora não nos deve também faltar ânimo para abordar as relações ainda<br />

mais complica<strong>das</strong> da neurose obsessiva. Tenhamos presente a situação: uma<br />

corrente sexual dominante masoquista e uma reprimida homossexual, diante<br />

disso um Eu prisioneiro da recusa histérica; que processos transformam esse<br />

estado na neurose obsessiva?<br />

A transformação não ocorre espontaneamente, por evolução interna, mas<br />

por influência alheia do exterior. Seu resultado visível é que a relação com o<br />

pai, que ocupa o primeiro plano, que até então encontrava expressão na fobia<br />

de lobos, manifesta-se agora em devoção obsessiva. Não posso deixar de assinalar<br />

que o processo que tem lugar no paciente oferece uma confirmação inequívoca<br />

do que afirmei em Totem e tabu sobre a relação do animal totêmico<br />

para com a divindade. 53 Ali optei por sustentar que a representação do deus<br />

não é uma evolução do totem, mas que se eleva a partir da raiz comum a ambos<br />

para substituí-lo, de modo independente dele. O totem seria o primeiro<br />

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