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AnaSantiago<br />

SofiaPaixão<br />

Consultor científico-pedagógico<br />

JOAQUIM SEGURA<br />

Coautor do novo PPEB<br />

P6PORTUGUÊS<br />

6. o ANO


2<br />

UNIDADE<br />

HISTÓRIAS<br />

COM BARBAS<br />

LEITURA E COMPREENSÃO DO ORAL<br />

Textos tradicionais e textos de autor<br />

Salta-Pocinhas, Aquilino Ribeiro<br />

excerto narrativo<br />

Bom conselho, Chico Buarque<br />

letra de canção<br />

O galo e a raposa, La Fontaine<br />

fábula<br />

Velhas histórias que convém saber melhor,<br />

Alves Redol<br />

excerto narrativo<br />

Bela Infanta, Almeida Garrett<br />

romance tradicional<br />

A lenda de Pedro Cem, Inácio Nuno Pignatelli<br />

lenda<br />

O Gigante Egoísta, Oscar Wilde<br />

narrativa na íntegra<br />

Um criado esperto, José António Gomes<br />

conto tradicional<br />

A ponte, Ilse Losa<br />

narrativa na íntegra<br />

Textos de imprensa, comunicação e divulgação<br />

Texto informativo, avisos<br />

EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA<br />

Provérbio e explicação, texto expositivo,<br />

texto instrucional, texto de opinião,<br />

<strong>leitura</strong> dramatizada, letra de canção,<br />

reconto, narrativa<br />

CONHECIMENTO DA LÍNGUA<br />

Classes de palavras e morfologia: advérbio,<br />

preposição, quantificador<br />

Sintaxe: grupos da frase<br />

Som e sílaba<br />

Relações entre palavras<br />

Dicionário<br />

EM RESUMO<br />

Os textos tradicionais<br />

AVALIAÇÃO


Percurso 1<br />

EXPRESSÃO ORAL<br />

Provérbio<br />

e explicação<br />

LEITURA<br />

Excerto narrativo<br />

– expressões populares<br />

– perífrase<br />

Fábula<br />

– personificação<br />

COMPREENSÃO<br />

DO ORAL<br />

E ESCRITA<br />

Letra de canção<br />

Provérbio<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

Grupo nominal<br />

e grupo verbal<br />

Provérbio<br />

e explicação<br />

PROFESSOR<br />

EXPRESSÃO ORAL<br />

PowerPoint<br />

Provérbios ao desafio<br />

1. Um provérbio é um texto curto,<br />

popular e intemporal, que usa um<br />

tom moralizador.<br />

LEITURA<br />

1. O tom moralizador, sentencioso –<br />

ambos pretendem ensinar alguma<br />

coisa e condicionar os comportamentos.<br />

1.1. As personagens principais são<br />

animais personificados. A história<br />

contém uma moral.<br />

VOCABULÁRIO<br />

1 Raposeta: raposa jovem.<br />

2 Fagueira: meiga, carinhosa.<br />

3 Lambisqueira: gulosa, lambareira.<br />

56<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

5<br />

10<br />

15<br />

EXPRESSÃO ORAL<br />

1. Utiliza os adjetivos seguintes para explicitares oralmente uma definição<br />

de provérbio.<br />

curto sentencioso intemporal popular<br />

2. Escolhe dois provérbios entre os distribuídos pelo teu professor<br />

que abordem o mesmo tema e memoriza-os.<br />

3. A partir de uma ordem pré-definida, diz muito rapidamente os provérbios<br />

que memorizaste.<br />

4. Em conjunto com os colegas e com a ajuda do professor, tenta<br />

explicar o sentido desses provérbios.<br />

LEITURA<br />

1. Antes de leres o texto, recorda o que já sabes sobre a fábula.<br />

Que característica aproxima uma fábula de um provérbio?<br />

1.1. Lê o excerto inicial do livro Romance da raposa do escritor<br />

português Aquilino Ribeiro e indica duas das características<br />

da fábula aí presentes.<br />

Salta-Pocinhas<br />

Havia três dias e três noites que a Salta-Pocinhas – raposeta 1<br />

matreira, fagueira 2 , lambisqueira 3 – corria os bosques, farejando,<br />

batendo mato, sem conseguir deitar a unha a outra caça além duns<br />

míseros gafanhotos, nem atinar com abrigo em que pudesse dormir<br />

um soninho descansado. Desesperada de tão pouca sorte, vinham-lhe<br />

tentações de tornar para casa dos pais, onde, embora subterrânea, a<br />

cama era mais quente e segura que em castelo de rei, e onde nunca<br />

faltava galinha, quando não fosse fresca, de conserva, ou então coelho<br />

bravo, acabado de degolar. Mas temia-se da mãe, que, ao cabo duma<br />

semana de fome, depois do assalto frustrado à capoeira dum lavrador<br />

em que vira a morte a dois passos, lhe atormentara o juízo com advertências<br />

e bons conselhos:<br />

– Salta-Pocinhas, minha filha, tens de procurar outro ofício. Comer<br />

e dormir, dormir e comer também eu queria. Olé! Se ainda não o sabes,<br />

fica sabendo: quem não trabuca não manduca. Mal entre a lua nova – e<br />

não tarda a hora que chegue às portinhas do céu – estás na idade de


20<br />

25<br />

30<br />

35<br />

te conduzir por tua cabeça. Também já te lá cantam dezoito meses, e<br />

dezoito meses nada ladros 4 , louvado seja o pai dos bichos. É olhar-te<br />

para a navalha dos dentes e a boa saia de peluche. Uma riqueza!<br />

– Ih, ih, ih! – desatara a Salta-Pocinhas a choramingar.<br />

– Santa paciência! Teus irmãos por aí andam ganhando o pão, sabe<br />

Deus com que trabalhos! O Pé-Leve saiu um azougue de finura 5 …<br />

– E bom filho! Estava ontem a gineta 6 a fazer-lhe um rasgadíssimo<br />

elogio – disse o pai velho, um raposão de rabo pelado, ao tempo<br />

que se espreguiçava entesando e voltando a entesar um longo e descarnadíssimo<br />

pernil.<br />

– Pudera! Foi ele que bifou 7 ao padre-prior o rico galo galaroz 8 ,<br />

crista de vermelhão e pernas de retrós 9 . Comemos nós, comeu a gineta<br />

e, cem anos que eu viva, não me hei de esquecer do fartote. Coitado,<br />

o Pé-Leve emancipou-se há já umas semanas. A ti, Salta-Pocinhas,<br />

guardámos-te mais tempo connosco, esperando que nos servisses de<br />

arrimo 10 para o fim dos dias. É negócio arrumado, se tratares de ti,<br />

já nos damos por contentes. Pronto, deitaste bom corpo, arranja-te,<br />

arranja-te! Para baronesa não nasceste…<br />

– O mundo vai mal! O mundo vai mal! – emitiu o raposão em<br />

tom pessimista. – Quem houver de levar a vidinha segundo as regras<br />

VOCABULÁRIO<br />

4 Ladros: ladrões.<br />

5 Um azougue de finura: muito<br />

esperto e fino.<br />

6 Gineta: animal semelhante a<br />

um gato grande de pelo cinzento<br />

e negro.<br />

7 Bifou (popular): roubou.<br />

8 Galo galaroz: galo grande.<br />

9 Pernas de retrós: pernas brilhantes<br />

e sedosas.<br />

10 Arrimo: amparo, proteção.<br />

57


Percurso 1<br />

Aquilino Ribeiro<br />

1885, Carregal —<br />

1963, Lisboa<br />

A sua obra<br />

distingue-se<br />

pela riqueza da<br />

linguagem que utiliza,<br />

com muitas palavras<br />

e expressões populares.<br />

O Malhadinhas e O livro de<br />

Marianinha (dedicado à neta)<br />

são exemplos de obras suas.<br />

VOCABULÁRIO<br />

11 Toirão: o mesmo que furão;<br />

pequeno animal.<br />

12 Caçapo: coelho jovem e pequeno.<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

2. Não conseguir caçar para comer<br />

nem encontrar um local seguro para<br />

dormir.<br />

3. A solução seria voltar para casa<br />

dos pais, onde encontraria boa<br />

cama e boa comida, mas Salta-<br />

-Pocinhas tem medo da mãe, que<br />

já a avisara de que tinha de trabalhar<br />

para ter o conforto desejado e<br />

tinha imposto a sua saída de casa.<br />

4. A mãe considera que a filha está<br />

mal habituada e que já tem idade e<br />

capacidade para caçar e viver sozinha,<br />

tal como os irmãos.<br />

4.1. «Quem não trabuca não manduca»<br />

significa que quem não trabalha<br />

não come. Ao dizê-lo, a mãe<br />

está a repreender a filha e a reforçar<br />

a ideia de que esta tem de lutar<br />

para conseguir as coisas básicas da<br />

vida: comida e dormida.<br />

5. O pai de Salta-Pocinhas está mais<br />

preocupado com o seu descanso<br />

e prefere elogiar o filho, Pé-Leve,<br />

do que repreender a filha.<br />

5.1. Quem quiser sobreviver tem de<br />

ser inteligente.<br />

5.2. O pai reforça a ideia de que os<br />

tempos estão difíceis, mas acrescenta<br />

que não basta ser forte, é<br />

preciso ser esperto.<br />

6. A mãe contava que Salta-Pocinhas<br />

lhes valesse quando fossem<br />

mais velhos, mas percebeu que, não<br />

sendo capaz de cuidar de si própria,<br />

a raposeta não conseguiria cuidar<br />

de ninguém e, por isso, tinha de<br />

aprender a sobreviver à sua custa.<br />

58<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

40<br />

45<br />

50<br />

do amor ao pelo precisa de lume no olho. Sim, senhora! Hoje em dia,<br />

assaltar uma capoeira é um problema difícil de matemática…<br />

– Estou velha… caduca – tornou a mãe, sem fazer caso da filosofia<br />

do raposo. – Não te posso manter, ainda que quisesse. Há coisa de dias<br />

um cãozito bem reles, um destes totós que não prestam para mais nada<br />

que para soltar béu! béu!, deitou a correr atrás de mim e por pouco que<br />

não me rasga a fralda. O toirão 11 que diga. Teu pai, depois que apanhou<br />

a chumbada nas pernas, está o que para ali se vê: um entrevadinho, um<br />

borralheiro, incapaz de pegar um caçapo 12 a dormir a sesta no covil.<br />

Aquelas palavras não eram ditas, rompera o pai raposo a maldizer<br />

do bicho-homem e da danada invenção das armas de fogo. E, depois<br />

de muito praguejar e de muito chorar a má estrela, foi levado, como<br />

estava em seus hábitos de velho impostor, a fazer grande alarde da<br />

ligeireza e coragem que possuíra nos bons tempos, quando estafava<br />

um galgo na carreira. Mas a mãe raposa mandou-lhe calar a caixa, ao<br />

ver que no galho dum freixo, por cima deles, se viera empoleirar mestre<br />

Vicente, o corvo, com ar trocista a desfrutar o gabarola.<br />

Aquilino Ribeiro, Romance da raposa, Bertrand, 1979<br />

2. Desde que saiu de casa dos pais, Salta-Pocinhas tem dois problemas.<br />

Quais?<br />

3. Qual seria a solução para esses problemas? O que impede a «raposeta»<br />

de tomar esse caminho?<br />

4. O que pensa a mãe sobre o modo de vida da filha?<br />

4.1. Transcreve para o teu caderno o provérbio que a mãe usa para<br />

ensinar uma lição a Salta-Pocinhas e explica o seu significado.<br />

5. O pai de Salta-Pocinhas está tão preocupado com a filha quanto a<br />

mãe? Explica porquê.<br />

5.1. Explica o sentido da frase «— Quem houver de levar a vidinha<br />

segundo as regras do amor ao pelo precisa de lume no olho.»<br />

(linhas 36-37).<br />

5.2. O que é que esta frase dita pelo pai acrescenta aos conselhos<br />

da mãe?<br />

6. Por que razão a mãe permitiu que Salta-Pocinhas vivesse mais tempo<br />

do que os irmãos em casa dos pais? O que a fez mudar de ideias?


7. A quem atribui o raposão as culpas da sua incapacidade enquanto<br />

caçador? E a mãe? Tem a mesma opinião?<br />

8. Escolhe a opção correta.<br />

8.1. A linguagem utilizada no excerto<br />

a) corresponde à norma.<br />

b) afasta-se da norma.<br />

8.2. O autor utiliza maioritariamente<br />

a) palavras cuidadas.<br />

b) regionalismos e expressões populares.<br />

9. Explica o sentido das seguintes frases e expressões do texto.<br />

a) «batendo mato» (linha 3)<br />

b) «sem conseguir deitar a unha» (linha 3)<br />

c) «dezoito meses nada ladros» (linha 18)<br />

d) «Pronto, deitaste bom corpo, arranja-te, arranja-te!» (linhas 33-34)<br />

e) «Para baronesa não nasceste…» (linha 34)<br />

f) «mandou-lhe calar a caixa» (linha 51)<br />

9.1. A perífrase é um recurso expressivo em que dizemos por<br />

várias palavras o que poderíamos dizer por poucas. Substitui<br />

a perífrase «deitar a unha» por uma só palavra.<br />

COMPREENSÃO DO ORAL E ESCRITA<br />

1. Num poema conhecido, o músico e escritor brasileiro Chico Buarque<br />

diz vários provérbios conhecidos, mas altera-lhes o sentido.<br />

1.1. Ouve o poema e regista no teu caderno a versão do autor para<br />

os seguintes provérbios:<br />

a) Quem espera sempre alcança.<br />

b) Quem brinca com o fogo queima-se.<br />

c) Devagar se vai ao longe.<br />

2. Na nossa tradição, existem muitos provérbios que são aparentemente<br />

contraditórios, como por exemplo: Quem espera sempre<br />

alcança. / Quem espera desespera.<br />

2.1. Escolhe alguns dos provérbios que trabalhaste anteriormente<br />

e reescreve-os, com os teus colegas, de modo a criares novos<br />

provérbios com sentidos diferentes. Explica esse sentido.<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

7. O raposão culpa o homem, as<br />

armas de fogo, a sua má sorte e a<br />

velhice. Já a mãe acredita que o raposão<br />

ficou incapaz desde que foi<br />

atingido nas pernas, sem ligar às<br />

filosofias do pai raposo.<br />

8.1. b).<br />

8.2. b).<br />

9.<br />

a) Andar muito sem rumo certo.<br />

b) Sem conseguir caçar.<br />

c) Dezoito meses de vida generosos<br />

em relação ao desenvolvimento<br />

de Salta-Pocinhas.<br />

d) Tens bom corpo para te desenvencilhares<br />

sozinha.<br />

e) Não nasceste para ser servida<br />

pelos outros.<br />

f) Ordenou que se calasse.<br />

9.1. Apanhar.<br />

COMPREENSÃO DO ORAL<br />

E ESCRITA<br />

Áudio Faixa 5<br />

Bom conselho<br />

1.1.<br />

a) Quem espera nunca alcança.<br />

b) Brinque com meu fogo / Venha<br />

se queimar.<br />

c) Devagar é que não se vai longe.<br />

2.1. Por exemplo: Faz o bem, mas<br />

olha sempre a quem. Quem não<br />

ama esquece. Cão que ladra pode<br />

morder.<br />

Provérbio<br />

59


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 1<br />

VOCABULÁRIO<br />

1 Dissensões: desentendimentos.<br />

La Fontaine<br />

1621, Château-<br />

-Thierry — 1695, Paris<br />

Poeta e fabulista<br />

francês. Nas suas<br />

Fábulas, denuncia os<br />

vícios dos homens através<br />

de animais. A lebre e a<br />

tartaruga e O leão e o rato são<br />

exemplos de fábulas suas.<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

2. A raposa informa o galo de<br />

que as velhas disputas existentes<br />

entre os dois estão oficialmente<br />

terminadas.<br />

2.1. Convencer o galo de que já<br />

não o persegue e, assim, conseguir<br />

aproximar-se dele e caçá-lo.<br />

3. b).<br />

3.1. «Irmão e amigo»; «uma notícia<br />

bela»; «estreito abraço»; «beijo fraternal!»<br />

4. O galo finge acreditar na raposa<br />

e lança-lhe uma armadilha<br />

semelhante, afirmando que dois<br />

galgos se aproximam para lhes<br />

dar a feliz notícia. Como mentiu<br />

sobre a falsa paz, a raposa sabe<br />

que o galo também está a mentir<br />

e, logo, sabe que, se forem verdadeiros,<br />

os galgos aproximam-se<br />

para a caçar.<br />

5. O galo, porque consegue enredar<br />

e iludir a raposa na mentira<br />

que ela própria inventou.<br />

60<br />

LEITURA<br />

1. Lê agora uma fábula completa de La Fontaine.<br />

O galo e a raposa<br />

Empoleirado num sobreiro antigo,<br />

fazia um velho galo sentinela.<br />

Uma raposa diz-lhe: «Irmão e amigo,<br />

Venho trazer-te uma notícia bela.<br />

Nas nossas dissensões 1 lançou-se um traço<br />

E acaba de assinar-se a paz geral;<br />

Desce, que quero dar-te estreito abraço<br />

E juntamente o beijo fraternal!»<br />

– Amiga – diz-lhe o galo – folgo imenso;<br />

Não podia esperar maior delícia!…<br />

Vejo dois galgos a correr, e penso<br />

Que são correios da feliz notícia.<br />

Foge a raposa sem dar mais cavaco;<br />

E o galo sentiu íntimo consolo.<br />

Pois é grande prazer ver a um velhaco<br />

Entrar espertalhão e sair tolo!<br />

La Fontaine, Fábulas, Minerva, s.d.<br />

2. Refere, por palavras tuas, a «notícia bela» que a raposa dá ao galo.<br />

2.1. O que pretende, de facto, a raposa?<br />

3. Escolhe a opção correta para completares a frase.<br />

Quando fala com o galo, a raposa é<br />

a) agressiva e hostil.<br />

b) agradável e bajuladora.<br />

3.1. Retira do texto palavras ou expressões que permitam justificar<br />

a tua opção.<br />

4. Afinal, por que razão foge a raposa?<br />

5. Nesta fábula, quem é mais matreiro, o galo ou a raposa? Porquê?


6. Explica, por palavras tuas, a razão do «grande prazer» sentido pelo<br />

galo.<br />

7. A personificação é um recurso expressivo utilizado ao longo de<br />

todo o texto. Explica a importância do seu uso.<br />

CONHECIMENTO DA LÍNGUA<br />

Já consigo identificar os principais grupos da frase?<br />

1. Forma duas frases com os grupos seguintes:<br />

Grupo nominal (GN) Grupo verbal (GV)<br />

A raposa caçam astutamente.<br />

As raposas caça com astúcia.<br />

1.1. Identifica a classe da palavra mais importante de cada um dos<br />

grupos.<br />

1.2. Indica as funções sintáticas desempenhadas pelos grupos<br />

nominais e pelos grupos verbais que associaste.<br />

1.3. Explica a regra que te levou a associar cada grupo nominal a<br />

um grupo verbal.<br />

2. Observa agora outras frases e divide-as nos seus dois grupos principais<br />

— o GN e o GV.<br />

a) Ela caça.<br />

b) A raposa, astuta e matreira, caça.<br />

2.1. Quais são as diferenças entre os grupos nominais que iniciam<br />

estas duas frases e os grupos nominais do exercício anterior?<br />

3. Observa o GV da frase seguinte e escolhe a opção que melhor o<br />

caracteriza.<br />

As raposas comem pequenos animais, frutos, sementes e cereais.<br />

a) GV constituído apenas pelo verbo.<br />

b) GV constituído pelo verbo e por outros grupos.<br />

4. Completa e conclui.<br />

O grupo nominal é habitualmente constituído por um A ou<br />

por um B , mas pode ser aumentado com outros C .<br />

A palavra mais importante do grupo verbal é o D , que pode<br />

aparecer E ou acompanhado por outros F .<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

6. A razão foi ter transformado uma<br />

raposa velhaca numa raposa tola.<br />

7. Atribui características humanas<br />

aos animais, contribuindo para que<br />

a moral desta história tenha como<br />

destinatários os homens.<br />

Os grupos da frase:<br />

grupo nominal<br />

e grupo verbal<br />

Guia Gramatical, p. 238<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

1. A raposa caça. As raposas caçam.<br />

1.1. GN (nomes): raposa; raposas.<br />

GV (verbos): caça; caçam.<br />

1.2. Grupos nominais — sujeito.<br />

Grupos verbais — predicado.<br />

1.3. O verbo do grupo verbal /<br />

predicado concorda em pessoa e<br />

número com o grupo nominal que<br />

tem a função sintática de sujeito.<br />

2.<br />

a) GN: Ela. GV: caça.<br />

b) GN: A raposa, astuta e matreira.<br />

GV: caça.<br />

2.1. Na frase a), o GN com a função<br />

sintática de sujeito é um pronome.<br />

Na frase b), o GN com a função sintática<br />

de sujeito é constituído pelo<br />

nome e por dois adjetivos.<br />

3. b).<br />

4.<br />

A nome;<br />

B pronome;<br />

C grupos;<br />

D verbo;<br />

E sozinho;<br />

F grupos.<br />

Gramática interativa<br />

O GN e o GV<br />

61


Percurso 2<br />

LEITURA<br />

Excerto narrativo<br />

– assunto<br />

– presente histórico<br />

Texto informativo<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

Advérbio<br />

ESCRITA<br />

Texto expositivo<br />

Texto instrucional<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

1. O título sugere que se conheçam<br />

melhor algumas histórias antigas.<br />

VOCABULÁRIO<br />

1 Bisões: bisontes.<br />

62<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

5<br />

10<br />

15<br />

20<br />

25<br />

30<br />

LEITURA<br />

1. Observa o título do texto que se segue. Consideras que contém<br />

algum conselho ou sugestão? Justifica a tua resposta.<br />

Velhas histórias que<br />

convém saber melhor<br />

– Há aí uns oito mil anos…<br />

– Ena! – disse, espantado, o Serrano gorducho.<br />

Os outros grãos olharam-no numa reprimenda, enquanto o Amarelo<br />

de Barba Preta se limitou a olhá-lo de banda e a sorrir.<br />

– Os antepassados do homem de hoje – prosseguiu o narrador –<br />

viviam em pequenos grupos, onde o trabalho era dividido. E assim,<br />

enquanto os varões se dedicavam à caça e à pesca, as mulheres colhiam<br />

frutos selvagens e raízes, se as cavernas ficavam junto das florestas, ou<br />

apanhavam mariscos, se o mar estava perto.<br />

– Eu sei – disse o Serrano – que elas desenterravam as raízes servindo-se<br />

de paus aguçados.<br />

– Que engraçado! – exclamou a Sementinha, muito interessada.<br />

– Trágico é que devias chamar-lhe, minha amiga – respondeu o<br />

Amarelo de Barba Preta. – Quantas mulheres morreram antes que soubessem<br />

distinguir-se os cogumelos, as raízes e os frutos venenosos? Mas<br />

só assim foi possível, experimentando, aumentar os recursos com que<br />

matavam a fome. E como, principalmente, dependiam de animais, os<br />

homens rudes desse tempo julgavam-se seus descendentes. E adotavam<br />

os seus nomes, e adoravam-nos, fazendo festas em que os imitavam,<br />

dançando, no convencimento de que assim os caçariam mais facilmente.<br />

Tão certos estavam desse poder mágico que começaram a gravar no<br />

interior das cavernas os perfis das renas, dos bisões 1 e dos mamutes.<br />

– E os nossos avós? – perguntou o Serrano.<br />

Fez-se um movimento de impaciência entre os bagos de trigo.<br />

– Os nossos avós, e mais a cevada, foram também descobertos<br />

entre as plantas selvagens que as mulheres iam encontrando…<br />

– E onde foi? – indagou a Sementinha, mordida pela curiosidade.<br />

– Dizem uns que na Mesopotâmia, outros que na Abissínia…<br />

Sem as sementes saberem como, apareceram-lhes, de súbito, uns<br />

estranhos bagos de trigo: um deles era preto, outro vermelho, outro,<br />

ainda, azul.


35<br />

40<br />

45<br />

50<br />

– O que é isto? – perguntou o Mocho de Espiga Branca. – Agora<br />

também brincamos o Carnaval?…<br />

– Sabes pouco, companheiro – respondeu o Bago Azul. – Isto não<br />

é uma máscara, mas a nossa própria cor…<br />

As sementes estavam espantadas com aqueles grãos bizarros.<br />

– Basta de graças! – disse o Amarelo de Barba Preta.<br />

– Não é o que tu julgas, meu velho – retorquiu o Bago Vermelho.<br />

– Como falavas na pátria do trigo, nós viemos para te dizer que somos<br />

originários desse país…<br />

– Da Mesopotâmia?<br />

– Do Afeganistão – explicou o Trigo Negro. – É aí, na Ásia, que<br />

ainda existe, ocupando campos inteiros, o trigo anão… Um trigo de<br />

tamanho bizarro, que é o nosso mais velho antepassado.<br />

Deixando as outras sementes viver uma expectativa que as imobilizava,<br />

o grão asiático prosseguiu:<br />

– O nosso povo era pacífico, mas um dia, há milhares de anos, a<br />

sua terra foi invadida por outro povo vindo do Ocidente.<br />

– Dias terríveis! – exclamou o Bago Azul. – As guerras são sempre<br />

terríveis! Tão terríveis e tão cruéis que ainda hoje há gente do Afeganistão<br />

a morar em cidades abertas nas montanhas, com receio dos<br />

homens que levaram a guerra…<br />

E o Trigo Azul calou-se, emocionado, como se vivesse ainda essa<br />

época distante.<br />

2. Quem são as personagens deste texto?<br />

Alves Redol, A vida mágica da Sementinha, Caminho, 2009<br />

2.1. Não sendo personagens humanas, as personagens deste texto<br />

comportam-se como tal. Que recurso expressivo permite atribuir<br />

a estas personagens comportamentos humanos?<br />

2.2. Em que situação se encontram as personagens?<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

2. O Serrano, o Amarelo de Barba<br />

Preta, a Sementinha, o Mocho de<br />

Espiga Branca, o Bago Azul/Trigo<br />

Azul, o Bago Vermelho, o Trigo Negro<br />

e outros bagos de trigo.<br />

2.1. A personificação.<br />

2.2. Encontram-se reunidas a ouvir<br />

o Amarelo de Barba Preta, sendo<br />

que, a dada altura, aparecem o Bago<br />

Azul/Trigo Azul, o Bago Vermelho<br />

e o Trigo Negro.<br />

Alves Redol<br />

1911, Vila Franca de<br />

Xira — 1996, Lisboa<br />

Escritor<br />

com grandes<br />

preocupações<br />

políticas e sociais, teve<br />

um papel muito importante<br />

na literatura portuguesa, sendo<br />

autor de romances e de peças<br />

teatrais. Gaibéus e Constantino,<br />

guardador de vacas e de sonhos<br />

são obras suas.<br />

63


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 2<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

3. Dá uma informação temporal: a<br />

de que o assunto diz respeito a oito<br />

mil anos atrás.<br />

3.1. A história dos antepassados<br />

dos bagos de trigo e dos homens.<br />

3.2. Muito interesse: a Sementinha<br />

mostra-se entusiasmada com o<br />

que ouve, o Serrano interrompe o<br />

Amarelo de Barba Preta para dizer<br />

o que também sabe sobre o assunto<br />

e para fazer uma pergunta e os<br />

bagos de trigo mostram-se impacientes,<br />

aguardando a continuação<br />

do discurso do Amarelo de Barba<br />

Preta.<br />

4. O Amarelo de Barba Preta conta<br />

a história dos antepassados. Esta<br />

é uma das velhas histórias «que<br />

convém saber», porque dá um ensinamento.<br />

5. … em pequenos grupos, onde<br />

o trabalho é dividido. E assim, enquanto<br />

os varões se dedicam à caça<br />

e à pesca, as mulheres colhem<br />

frutos selvagens e raízes, se as cavernas<br />

ficam junto das florestas, ou<br />

apanham mariscos, se o mar está<br />

perto.<br />

5.1. Seria possível, porque o presente<br />

é, em certos casos, usado<br />

para relatar ou expor factos do<br />

passado. Daí poder ser chamado<br />

«presente histórico».<br />

6.<br />

a) não espera que os seus ouvintes<br />

lhe respondam.<br />

b) serve para sublinhar a importância<br />

desse assunto do passado<br />

e para introduzir a explicação que<br />

dá a seguir.<br />

7. Quando o Amarelo de Barba Preta<br />

explica que os antepassados do<br />

trigo foram descobertos ou na Mesopotâmia<br />

ou na Abissínia.<br />

7.1. Porque são originários da pátria<br />

do Trigo.<br />

8. A guerra: «E o Trigo Azul calouse,<br />

emocionado, como se vivesse<br />

ainda essa época distante».<br />

64<br />

3. O excerto inicia-se com a fala do Amarelo de Barba Preta.<br />

Que informação nos dá essa fala sobre o assunto que vai introduzir?<br />

3.1. Que assunto é esse?<br />

3.2. Qual é o grau de interesse dos ouvintes nesse assunto (muito<br />

ou pouco)? Justifica a tua resposta.<br />

4. O Amarelo de Barba Preta conta uma história que ensina alguma<br />

coisa a quem o ouve. Relaciona-a com o título do excerto.<br />

5. «— Os antepassados do homem de hoje — prosseguiu o narrador<br />

[…]». Reescreve a fala do Amarelo de Barba Preta, iniciando-a com<br />

as palavras apresentadas abaixo e conjugando os verbos no presente<br />

do indicativo.<br />

Como vivem os homens nesse tempo? Vivem…<br />

5.1. Seria possível o Amarelo de Barba Preta usar o presente do<br />

indicativo como presente histórico no seu discurso? Porquê?<br />

6. «— Quantas mulheres morreram antes que soubessem distinguir-<br />

-se os cogumelos, as raízes e os frutos venenosos?» Seleciona as<br />

opções corretas para completares a afirmação sobre esta pergunta<br />

do Amarelo de Barba Preta.<br />

a) Quando o Amarelo de Barba Preta faz esta pergunta,<br />

espera que os seus ouvintes lhe respondam.<br />

não espera que os seus ouvintes lhe respondam.<br />

mostra que não sabe a resposta.<br />

mostra que esse assunto não tem interesse nenhum.<br />

b) Essa pergunta do Amarelo de Barba Preta<br />

serve para sublinhar a importância desse assunto do passado<br />

e para introduzir a explicação que dá a seguir.<br />

interrompe o assunto de que a personagem estava a falar.<br />

permite mudar de assunto, logo a seguir, no seu discurso.<br />

é totalmente despropositada.<br />

7. Em que momento da explicação do Amarelo de Barba Preta aparecem<br />

«uns estranhos bagos de trigo»?<br />

7.1. Por que razão aparecem nesse momento?<br />

8. Que acontecimento do passado impressiona particularmente um<br />

desses bagos? Transcreve a passagem do texto que confirma a tua<br />

resposta.


CONHECIMENTO DA LÍNGUA<br />

Que advérbios usamos para fazer perguntas?<br />

1. «— E onde foi? — indagou a Sementinha, mordida pela curiosidade.»<br />

A informação que a Sementinha pretende obter com esta pergunta<br />

relaciona-se com<br />

a) o modo como se deu um acontecimento.<br />

b) o tempo em que se deu um acontecimento.<br />

c) a razão por que se deu um acontecimento.<br />

d) o lugar onde se deu um acontecimento.<br />

1.1. Que palavra na pergunta da Sementinha te permitiu responder<br />

à questão anterior?<br />

2. Associa cada uma das perguntas seguintes às diferentes frases<br />

apresentadas no exercício 1.<br />

Quando descobriram os cereais?<br />

Como descobriram os cereais?<br />

Porque aumentaram os homens os seus recursos?<br />

Os homens aumentaram os seus recursos porquê?<br />

2.1. Das palavras usadas nas frases anteriores, apenas uma em<br />

cada frase pode ser um advérbio. Indica o advérbio usado em<br />

cada uma das frases.<br />

3. A partir dos exercícios anteriores, completa a conclusão seguinte.<br />

As palavras onde, A , B , C e D são advérbios<br />

interrogativos. Usamos os advérbios interrogativos para fazer<br />

E sobre o lugar, o F , o G e a H de alguma coisa.<br />

Como nos ajudam os advérbios a excluir ou a incluir algo?<br />

4. Associa cada advérbio destacado nas passagens seguintes a uma<br />

das alíneas apresentadas.<br />

«Mas só assim foi possível, experimentando, aumentar os recursos<br />

com que matavam a fome.»<br />

«Os nossos avós, e mais a cevada, foram também descobertos<br />

entre as plantas selvagens […].»<br />

a) É um advérbio que inclui determinados elementos num conjunto.<br />

b) É um advérbio que exclui outras possibilidades para além da<br />

que é apresentada.<br />

O advérbio<br />

Guia Gramatical, p. 231<br />

PROFESSOR<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

1. d).<br />

1.1. onde.<br />

2.<br />

Quando descobriram os cereais? b).<br />

Como descobriram os cereais? a).<br />

Porque aumentaram os homens<br />

os seus recursos? / Os homens aumentaram<br />

os seus recursos porquê?<br />

c).<br />

2.1. Quando, Como, Porque, porquê.<br />

3.<br />

A quando;<br />

B como;<br />

C porque;<br />

D porquê;<br />

E perguntas;<br />

F tempo;<br />

G modo;<br />

H causa.<br />

4.<br />

a) também.<br />

b) só.<br />

Gramática interativa<br />

O advérbio<br />

65


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 2<br />

PROFESSOR<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

5.<br />

A até;<br />

B apenas.<br />

6.<br />

A também;<br />

B até;<br />

C só;<br />

D apenas.<br />

LEITURA<br />

Imagem<br />

Ervas aromáticas em vaso<br />

1.<br />

a) A primeira e a segunda colunas:<br />

Vai bem com… / Faz bem a…<br />

b) A terceira coluna: Como usar…<br />

66<br />

5. Usa os advérbios apenas e até para completares as frases, respei-<br />

tando a ideia apresentada entre parênteses.<br />

Os homens primitivos adoravam os animais e A (ideia de<br />

inclusão) os imitavam.<br />

As mulher colhiam alimentos; B (ideia de exclusão) os ho-<br />

mens caçavam e pescavam.<br />

6. Completa para concluíres.<br />

Os advérbios A e B são advérbios de inclusão, porque<br />

permitem incluir alguém, alguma coisa ou alguma ideia num con-<br />

junto. Os advérbios C e D são advérbios de exclusão,<br />

porque permitem excluir alguém, alguma coisa ou alguma ideia.<br />

LEITURA<br />

1. Lê o texto seguinte e depois aponta:<br />

a) a(s) coluna(s) em que se expõem as características/propriedades<br />

das ervas aromáticas;<br />

b) a(s) coluna(s) em que se dão instruções para manter as ervas<br />

aromáticas.<br />

ERVAS AROMÁTICAS EM VASO<br />

Vai i bem com… m Faz bem<br />

m a… Como Como mo usa usar… sa sar… r…<br />

Tomilho TTomilho ho Pe Perf Perfeito r eito t para<br />

a gu guisad guisados ados e cozidos cozidos. o .<br />

Ao contr contrário trár á io de<br />

e outras outr t as a ervas, erv rv r as,<br />

o o sa ssabor bo b r pe ppersiste rs rsiste t apó após pós várias vá vári ri r as horas hor o as<br />

de coz cozedura. oz o ed edura. Muito to uuti<br />

utilizado t liza zado<br />

em e em pra pratos r to tos s de car carne, arne n , pe peix peixe, ixe, e ssopas<br />

op o as<br />

e mo mmolhos. lhos os o . Sa Sali Salienta lien e ta o sab sabor abor or de<br />

e<br />

outr outras tras as erv ervas rv rvas as a sem em o o int intensificar.<br />

n en e si sific fic fi ar ar.<br />

Manje Manjericão je jericã cão Ig Igualmen Igualmente ente te ccon<br />

conhecido onhe heci c do d ppor<br />

por or<br />

ba basíli basílico, lico co c , er era<br />

a us usad usado ado o em e em Itá Itália tálii lia a<br />

pa para<br />

ra pre presentear rese se sent nt ntea ear r na namo namoradas. mo m ra r da d s.<br />

É a er erva<br />

va de<br />

e ex eexcelência ce celê lênc ncia ia i ppar<br />

para ara a a<br />

ar arom aromatização om o at atiz izaç aç a ão de dde<br />

e so sopa sopas, pa p s, ssal<br />

saladas, al a ad adas as, ,<br />

mo mmolhos lh lhos os e m mmas<br />

massas. as assa sa sas. s. s<br />

Sal Salsa alsa sa Transversal Tr Tran ansv sv s er ersa sal l a todas to toda da d s as a culturas, ccul<br />

ultu tu t ra ras, s, s<br />

vai va vai i bem be bem m com co com m sopas, so sopa pas, s, s mmol<br />

molhos, ol olho ho h s,<br />

pratos pr prat atos os o dde<br />

de e carne ca carn rne e e de d peixe ppei<br />

eixe xe<br />

e omeletas. om omel elet etas as. . As suas ssua<br />

uas folhas fo folh lhas as e talos ttal<br />

alos os<br />

podem po pode dem m ser se ser r usados. us usad ad ados os. . É muito mu muit ito<br />

apreciada ap apre reci ciad ada a para pa para ra usar uusa<br />

sar r como co como mo<br />

guarnição. gu guar arni niçã ção. o.<br />

Alivia distúrb distúrbios r ios intestinais<br />

e é utilizad utilizado a o em e em gargarejo gargarejos, jo j s, s<br />

contra<br />

r inflamaç inflamações aç a õe õ s na gar garganta, a ga g nt nta, a<br />

e em xar xarope, a op ope, e par para ar a a tratamen tratamento en ento<br />

de tosses e congestões<br />

conges e tões<br />

re resp respiratórias s iratória i s<br />

Quando<br />

do uti utilizado t liza z do em<br />

m gr ggrandes andes s<br />

quantida quantidades, da dades, s funci funciona c on o a como<br />

m<br />

antigripal.<br />

Estimulante Esti t mu mula l nte e e diurética, aux auxilia uxil i ia i<br />

também ta tamb m ém na dige digestão. g stão. So SSob b<br />

a forma a de infusão, tem<br />

m<br />

benefícios par para ara a pele. Co Como<br />

emplastro, empl p as a tr t o, ali alivia l via irrita irritações ta t ções es<br />

e picadas pi p ca cadas de inset insetos. e os.<br />

Ma Mant Mantenha-o nt n en enha ha ha-o -o - ssob<br />

sob ob o sol<br />

ol pleno<br />

ou à mmei<br />

meia-luz, eiaa-lu<br />

luz, z, z eem<br />

em m solo<br />

lo l bbem<br />

bem em<br />

dr dren drenável, enável el e , en enri enriquecido riqu quec ecido co com<br />

m<br />

ma maté matéria téri ri ria a or oorgânica. gâ g ni nica ca. . As A As reg regas eg egas a<br />

de deve devem ve vem m se ser<br />

r re regu reguladas, gula la lada d s, sem<br />

em<br />

en ench encharcamentos.<br />

ch char ar a ca came me m nt ntos o .<br />

Re Regu Regue gue e ap aapenas en enas as a qua quando uando o co ccomeçar me meça ç r<br />

a mu murc murchar. rc rcha ha har. r. CColoque-o<br />

Col oloq oque ue u -o num local<br />

al a<br />

qu quen quente en ente te t e eens<br />

ensolarado. ns n ol olarado.<br />

Dê pre ppreferência<br />

re refe fe f rê rênc ncia ia a sol solos o os o ricos<br />

os<br />

e co com<br />

m bo boa<br />

a dr ddrenagem enag ag a em e opte<br />

e<br />

po ppor r lo loca locais cais is com ccom<br />

om o sol<br />

ol ddireto.<br />

ireto. Cor Corte o te t<br />

se semp sempre mp m re r aaci<br />

acima cima ma das<br />

as folhas em e em<br />

cr cres crescimento.<br />

es esci ci cime ment nto. o.<br />

Sabe bem, faz bem, n.º 2, julho / agosto 2011 (adaptado)


1.1. Indica a(s) coluna(s) em que predominam:<br />

b) as frases imperativas, com as formas verbais no presente<br />

do conjuntivo;<br />

a) as frases declarativas, com as formas verbais no presente<br />

do indicativo.<br />

1.2. Verifica se é possível substituir o presente do conjuntivo por<br />

formas verbais no imperativo, reescrevendo alguns exemplos.<br />

2. Relembra o que sabes sobre o texto expositivo e lê a informação da<br />

caixa sobre o texto instrucional. Depois, identifica sequências expositivas<br />

e sequências instrucionais no texto sobre as ervas aromáticas.<br />

ESCRITA<br />

1. Usa um processador de texto para escreveres:<br />

um texto expositivo sobre um dos alimentos incluídos na Roda<br />

dos Alimentos;<br />

um texto instrucional para uma ementa diária saudável.<br />

Texto expositivo<br />

Pesquisa informação sobre esse alimento e organiza-a num<br />

esquema. Deves incluir:<br />

— o nome do alimento;<br />

— o grupo a que pertence na Roda dos Alimentos e a respetiva<br />

porção diária;<br />

— as suas propriedades / os seus benefícios;<br />

— a origem e as condições necessárias ao seu desenvolvimento.<br />

Entre outros, usa os verbos ser e ter no presente, para expores<br />

as características / propriedades do alimento.<br />

Texto instrucional<br />

Organiza as instruções que queres dar, de acordo com a ordem<br />

das refeições diárias.<br />

Usa o imperativo para dares as tuas instruções.<br />

Dá a conhecer os teus textos em cartazes para afixar e em folhetos<br />

para distribuir no refeitório e/ou no bar da tua escola.<br />

Sabes quando se escreve «porque» e «por que»?<br />

A razão A esses alimentos são importantes é serem ricos em ferro.<br />

Explica-me os motivos B devemos ter uma boa alimentação.<br />

C devemos beber água? Explica-me D temos de a ingerir.<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

1.1.<br />

a) A terceira coluna: Como usar…<br />

b) A primeira e a segunda colunas:<br />

Vai bem com… / Faz bem a…<br />

1.2. É possível fazer essa substituição,<br />

como nos exemplos: «Mantem-<br />

-no sob sol pleno ou à meia-luz»;<br />

«Rega apenas quando começar a<br />

murchar»; «Dá preferência a solos<br />

ricos e com boa drenagem e opta<br />

por locais com sol direto»; «Corta<br />

sempre acima das folhas em crescimento».<br />

Texto expositivo<br />

Texto instrucional<br />

2.<br />

Sequências expositivas: «Salienta<br />

o sabor de outras ervas sem o<br />

intensificar»; «é utilizada em gargarejos,<br />

contra inflamações na<br />

garganta»; «É a erva de excelência<br />

para a aromatização de sopas, saladas,<br />

molhos e massas».<br />

Sequências instrucionais: «Mantenha-o<br />

sob sol pleno ou à meia-luz»;<br />

«Coloque-o num local quente e<br />

ensolarado»; «Corte sempre acima<br />

das folhas em crescimento».<br />

A por que;<br />

B por que;<br />

C porque;<br />

D porque.<br />

PowerPoint<br />

Texto escrito: o texto expositivo<br />

Texto escrito: o texto instrucional<br />

TEXTO INSTRUCIONAL<br />

Apresentam-se, de<br />

forma organizada, as<br />

instruções necessárias<br />

para a realização de um<br />

conjunto de operações<br />

com vista a um resultado,<br />

habitualmente indicado<br />

no título do próprio texto.<br />

Usam-se os verbos no<br />

infinitivo ou no imperativo<br />

(quando se dirige à<br />

segunda pessoa)/no<br />

presente do conjuntivo<br />

(quando se usa a terceira<br />

pessoa).<br />

67


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 3<br />

LEITURA E ESCRITA<br />

Romance tradicional<br />

Texto de opinião<br />

EXPRESSÃO ORAL<br />

Leitura dramatizada<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

Som e sílaba<br />

– sons e sequências<br />

de sons<br />

– sílaba métrica e sílaba<br />

gramatical<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

1. Trata-se de uma narrativa em<br />

versos rimados, com personagens<br />

de tempos antigos.<br />

VOCABULÁRIO<br />

1 Senhas: sinais.<br />

2 Estacada: campo de combates<br />

e torneios.<br />

3 Gerzeli (Gerzelim): semente<br />

da planta com o mesmo nome,<br />

também conhecida por «sésamo».<br />

68<br />

5<br />

10<br />

15<br />

20<br />

LEITURA E ESCRITA<br />

1. Lê a informação sobre o romance tradicional na página 94. Depois,<br />

lê o texto seguinte e explica por que razão se trata de um romance<br />

tradicional.<br />

Estava a bela Infanta<br />

No seu jardim assentada<br />

Com o pente d’ oiro fino<br />

Seus cabelos penteava.<br />

Deitou os olhos ao mar<br />

Viu vir uma nobre armada;<br />

Capitão que nela vinha,<br />

Muito bem que a governava.<br />

– «Dize-me, ó capitão<br />

Dessa tua nobre armada,<br />

Se encontraste meu marido<br />

Na terra que Deus pisava.»<br />

– Anda tanto cavaleiro<br />

Naquela terra sagrada…<br />

Dize-me tu, ó senhora,<br />

As senhas 1 que ele levava.»<br />

– «Levava cavalo branco,<br />

Selim de prata doirada;<br />

Na ponta da sua lança,<br />

A cruz de Cristo levava.»<br />

Bela Infanta<br />

25<br />

30<br />

35<br />

40<br />

45<br />

50<br />

– «Pelos sinais que me deste<br />

Lá o vi numa estacada 2<br />

Morrer morte de valente:<br />

Eu sua morte vingava.»<br />

– «Ai triste de mim viúva,<br />

Ai triste de mim coitada!<br />

De três filhinhas que tenho,<br />

Sem nenhuma ser casada!…»<br />

– «Que darias tu, senhora,<br />

A quem no trouxera aqui?»<br />

– «Dera-lhe oiro e prata fina,<br />

Quanta riqueza há por i.»<br />

– «Não quero oiro nem prata,<br />

Não nos quero para mi:<br />

Que darias mais, senhora,<br />

A quem no trouxera aqui?<br />

– «De três moinhos que tenho,<br />

Todos três to dera a ti;<br />

Um mói o cravo e a canela,<br />

Outro mói do gerzeli 3 :<br />

Rica farinha que fazem!<br />

Tomara-os el-rei pra si.»<br />

– «Os teus moinhos não quero,<br />

não nos quero para mi:<br />

Que darias mais, senhora,<br />

A quem to trouxera aqui?»<br />

– «As telhas do meu telhado<br />

Que são de oiro e marfim.»<br />

– «As telhas do teu telhado<br />

Não nas quero para mi:<br />

Que darias mais, senhora,<br />

A quem no trouxera aqui?»<br />

– «De três filhas que eu tenho,<br />

Todas três te dera a ti:


55<br />

60<br />

65<br />

Uma para te calçar,<br />

Outra para te vestir,<br />

A mais formosa de todas<br />

Para contigo dormir.»<br />

– «As tuas filhas, infanta,<br />

Não são damas para mi:<br />

Dá-me outra coisa, senhora,<br />

Se queres que o traga aqui.»<br />

– «Não tenho mais que te dar,<br />

Nem tu mais que me pedir.»<br />

– «Tudo, não, senhora minha,<br />

Que inda te não deste a ti.»<br />

– «Cavaleiro que tal pede,<br />

Que tão vilão é de si,<br />

Por meus vilões arrastado<br />

O farei andar aí<br />

Ao rabo do meu cavalo,<br />

À volta do meu jardim.<br />

Vassalos, os meus vassalos,<br />

Acudi-me agora aqui!»<br />

– «Este anel de sete pedras<br />

Que eu contigo reparti…<br />

Que é dela a outra metade?<br />

Pois a minha, vê-la aí!»<br />

– «Tantos anos que chorei,<br />

Tantos sustos que tremi!…<br />

Deus te perdoe, marido,<br />

Que me ias matando aqui.»<br />

Almeida Garrett, Romanceiro, Círculo de Leitores, 1997<br />

2. Em que versos se apresentam as personagens e o espaço da ação?<br />

2.1. Identifica e caracteriza as personagens a partir desses versos.<br />

2.2. Identifica, também, o espaço da ação.<br />

3. Localiza, no texto, o diálogo das personagens.<br />

4. Seleciona a opção correta para completares cada frase.<br />

4.1. O tema do diálogo entre as personagens é<br />

a) o marido da Infanta. c) a chegada do capitão.<br />

b) a riqueza da Infanta. d) a família da Infanta.<br />

4.2. O tema do diálogo desenvolve-se com<br />

a) as recusas da Infanta. c) as recusas do Capitão.<br />

b) as ofertas da Infanta e as d) a referência do Capitão<br />

respostas do Capitão. ao anel.<br />

4.3. O anel<br />

a) revela a identidade do<br />

Capitão.<br />

b) está inteiro, quando a<br />

Infanta o vê.<br />

4.4. O marido da Infanta<br />

a) morreu na guerra.<br />

b) nunca poderia ser<br />

o Capitão.<br />

70<br />

75<br />

80<br />

c) faz parte das senhas do<br />

marido da Infanta.<br />

d) não é reconhecido pela<br />

Infanta.<br />

c) pretende pô-la à prova.<br />

d) perdeu a sua metade<br />

do anel.<br />

Almeida<br />

Garrett<br />

1799, Porto —<br />

1854, Lisboa<br />

Escritor e político,<br />

é o autor de obras<br />

importantes como<br />

Frei Luís de Sousa<br />

e Viagens na minha terra.<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

2. Nos oito primeiros versos.<br />

2.1. Infanta: bela, com um pente de<br />

ouro fino. Capitão: desempenha<br />

bem as suas funções de capitão da<br />

armada.<br />

2.2. O jardim da Infanta, perto do<br />

mar.<br />

3. O diálogo inicia-se no verso 9 e<br />

termina no final do texto.<br />

4.1. a).<br />

4.2. b).<br />

4.3. a).<br />

4.4. c).<br />

69


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 3<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

5. Número três: «três filhinhas»,<br />

três «senhas» que identificavam o<br />

marido da Infanta («cavalo branco»,<br />

«selim de prata doirada»,<br />

«cruz de Cristo» na lança), «três<br />

moinhos» que moem três produtos<br />

(«cravo», «canela», «gerzeli».<br />

Número sete: «sete pedras».<br />

6. O anel do Capitão, porque é um<br />

círculo que se fecha quando se completa<br />

com a metade da Infanta. De<br />

facto, o Capitão mostra a metade<br />

do anel que repartira com a Infanta,<br />

sua mulher, antes de partir, e pede-<br />

-lhe para mostrar a sua metade desse<br />

objeto. A Infanta percebe então<br />

que está a falar com o seu próprio<br />

marido, concluindo-se a narrativa.<br />

7. A Infanta, que está sentada a<br />

pentear-se com um pente de oiro;<br />

o Capitão que vem na armada e que<br />

é o marido da Infanta, o qual partira<br />

num cavalo branco e cuja arma era<br />

uma lança com a cruz de Cristo.<br />

7.1. Forma antiga de aí: «i». Forma<br />

antiga de mim: «mi».<br />

Texto de opinião<br />

Leitura<br />

dramatizada<br />

70<br />

5. Nos textos tradicionais, é habitual a referência ao número três (que<br />

representa, por exemplo, a perfeição) e ao número sete (que repre-<br />

senta, muitas vezes, o encerramento de um ciclo, como o ciclo dos<br />

dias da semana).<br />

Prova que esses números estão presentes neste romance tradicional.<br />

6. Que objeto referido no conto pode, pela sua forma, representar o<br />

encerramento de um ciclo? Justifica a tua resposta.<br />

7. Embora não se saiba com exatidão em que momento foi produzido<br />

este texto, é possível situá-lo num tempo antigo a partir de referências<br />

várias à vida das personagens. Dá exemplos dessas referências.<br />

7.1. Encontramos, igualmente, formas antigas de determinadas<br />

palavras, que situam o texto num passado distante.<br />

Descobre, no texto, as formas antigas de aí e de mim.<br />

8. Num texto com 45 a 50 palavras, escreve a tua opinião sobre a<br />

atitude do marido da Infanta, apresentando dois argumentos.<br />

Começa o teu texto com uma das seguintes expressões: creio que,<br />

julgo que, na minha opinião, parece-me que, em meu entender.<br />

Introduz os teu argumentos, usando palavras e expressões como:<br />

porque, já que, visto que, uma vez que…<br />

EXPRESSÃO ORAL<br />

1. Em trabalho de pares, faz a <strong>leitura</strong> dramatizada do diálogo entre a<br />

Infanta e o Capitão.<br />

1. O PASSO<br />

Releiam o texto e associem às diferentes falas possíveis sentimentos<br />

e estados de espírito das personagens (ansiedade, calma, desconfiança,<br />

indignação, alívio, felicidade…)<br />

2. O PASSO<br />

Experimentem alterar o tom de voz de acordo com esses sentimentos<br />

e estados de espírito, bem como o volume (mais baixo ou mais<br />

alto), consoante o que pretendem transmitir nas diferentes falas.<br />

Ensaiem alguns gestos adequados às falas das personagens.<br />

3. O PASSO<br />

Apresentem a vossa <strong>leitura</strong> dramatizada à turma.<br />

Façam uma avaliação das várias <strong>leitura</strong>s, tendo em conta o volume<br />

e o tom usados para transmitir os sentimentos e estados de espírito<br />

associados às falas, assim como os gestos escolhidos em cada caso.


CONHECIMENTO DA LÍNGUA<br />

Como sei se um ditongo é crescente ou decrescente?<br />

1. «As telhas do meu telhado / Que são de oiro e marfim.»<br />

Indica os ditongos presentes nestes versos.<br />

1.1. Lê com atenção a definição de semivogal.<br />

Depois, identifica-a em cada ditongo do exercício anterior.<br />

semivogal n.f. LP Som representado na escrita por uma vogal mas<br />

que, por ser átono, não define uma nova sílaba, ocorrendo sempre<br />

junto a outra vogal e formando, com ela, um ditongo (sinais, trouxera).<br />

Dicionário escolar – Português, Texto, 2011 (adaptado)<br />

2. Presta atenção à posição da semivogal em cada ditongo.<br />

Ditongo crescente: quarta.<br />

Ditongo decrescente: feira.<br />

2.1. Os ditongos do exercício 1 são crescentes ou decrescentes?<br />

Porquê?<br />

2.2. Completa, para concluíres.<br />

Num ditongo crescente, a A vem antes da B . Num<br />

ditongo decrescente, a C vem depois da D .<br />

Há só uma maneira de contar as sílabas?<br />

1. Soletra as sílabas gramaticais na sequência de palavras correspondente<br />

ao primeiro verso do romance tradicional «Bela Infanta».<br />

«Estava a bela Infanta»<br />

1.1. Conta as sílabas que soletraste.<br />

1.2. Experimenta, agora, dizer a sequência de seguida.<br />

Que sons se juntaram quando a disseste?<br />

2. Tratando-se de um verso, é possível contar as suas sílabas métricas.<br />

Faz essa contagem, respeitado as instruções seguintes:<br />

conta as sílabas até à última sílaba tónica do verso;<br />

junta o som vocálico átono no final de uma palavra com o som<br />

vocálico no início da palavra seguinte e conta uma única sílaba.<br />

3. «Muito bem que a governava»<br />

Conta as sílabas gramaticais e as sílabas métricas desta sequência.<br />

3.1. O número de sílabas é o mesmo? Porquê?<br />

O som e a sílaba<br />

Guia Gramatical, p. 206<br />

PROFESSOR<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

Sons e sequências de sons<br />

1. meu, oiro.<br />

1.1. semivogais u e i.<br />

2.1. Ditongos decrescentes (nos<br />

dois casos, a semivogal vem depois<br />

da vogal: eu, oi).<br />

2.2.<br />

A semivogal.<br />

B vogal.<br />

C semivogal.<br />

D vogal.<br />

Sílaba métrica e sílaba<br />

gramatical<br />

1. e 1.1. Es / ta / va/ a/ be / la / In /<br />

fan / ta: 9 sílabas.<br />

1.2. Os sons das sílabas va e a e os<br />

sons das sílabas la e In.<br />

2. Es / ta / va a/ be / la In /fan ta:<br />

6 sílabas.<br />

3. Mui / to / bem / que / a / go /<br />

ver / na / va: 9 sílabas gramaticais.<br />

Mui / to / bem / que a / go / ver /<br />

na va: 7 sílabas métricas.<br />

3.1. Não, porque as sílabas métricas<br />

têm regras específicas e nem<br />

sempre coincidem com as sílabas<br />

gramaticais.<br />

Gramática interativa<br />

O som e a sílaba<br />

71


Percurso 4<br />

LEITURA<br />

Lenda<br />

Letra de canção<br />

ESCRITA E<br />

EXPRESSÃO ORAL<br />

Letra de canção<br />

– ritmo, tom, volume<br />

e articulação<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

Relações entre<br />

palavras: relações<br />

semânticas<br />

e relações entre<br />

grafia e fonia<br />

Dicionário<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

1. Sugere-se que os alunos recuperem<br />

o que sabem sobre as características<br />

da lenda. Sugere-se,<br />

igualmente, que os alunos proponham<br />

significados para o nome da<br />

personagem mencionada no título.<br />

72<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

5<br />

10<br />

15<br />

LEITURA<br />

1. Lê o título do texto que se segue. Qual será o assunto do texto?<br />

Que característica da personagem referida no título poderá estar<br />

relacionada com o seu nome?<br />

A lenda de Pedro Cem<br />

Pedro Cem tinha um palácio<br />

Tinha navios no mar<br />

Tesouros e mais tesouros<br />

De um nunca mais acabar.<br />

O palácio tinha uma torre<br />

Donde se avistava o mar<br />

E pelas tardes ele ia<br />

Seus navios ver chegar.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Vinha gente a sua casa<br />

Pedir para ele emprestar<br />

Mas Pedro Cem se fazia<br />

De mil juros bem pagar.<br />

20<br />

25<br />

30<br />

35<br />

40<br />

Vinham pobres ver se tinha<br />

Uma moeda para dar<br />

Mas Pedro Cem avarento<br />

Mandava-os escorraçar.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Sentimentos não sentia<br />

Nele não tinham lugar.<br />

No peito só ambição<br />

Avareza no olhar.<br />

Por isso o povo espantou-se<br />

Quando ele se quis casar<br />

Por amor nunca seria<br />

Que amor não tinha para dar.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Mas casou-se e as festas foram<br />

Quinze dias sem parar.<br />

Pedro Cem estava contente<br />

Tinha barcos a chegar.<br />

Por isso subiu à torre<br />

Para os barcos avistar.<br />

Eram barcos carregados<br />

Com velas a esvoaçar.<br />

TEXTO NA<br />

ÍNTEGRA


45<br />

50<br />

55<br />

60<br />

65<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Tamanha armada não vira<br />

Nunca ninguém sobre o mar.<br />

E a ambição de Pedro Cem<br />

Cresceu, cresceu sem parar.<br />

Do alto da sua torre<br />

Começou ele a bradar:<br />

«Agora nem tu, ó Deus,<br />

Me poderás empobrar.»<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Palavras não eram ditas<br />

Tempestade sobre o mar.<br />

Erguem-se as ondas em fúria<br />

Ribombam trovões no ar.<br />

Quebram-se os mastros e as velas<br />

A armada está-se a afundar<br />

Dos barcos de Pedro Cem<br />

Nem um só para contar.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Soberbo como ninguém.<br />

A mais rica das armadas<br />

Foi tragada pelo mar.<br />

E um raio circunda a torre<br />

Fogo a tudo vai pegar.<br />

No mar apenas destroços<br />

Na terra cinza a voar<br />

Nada resta a Pedro Cem<br />

Dos seus tesouros sem par.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Que já teve e que não tem.<br />

Era uma vez Pedro Cem<br />

Que já teve e que não tem.<br />

Barcos, palácio, riqueza<br />

Tudo viu desmoronar.<br />

Hoje percorre a cidade<br />

Louco e pobre a mendigar.<br />

Uma esmola a Pedro Sem<br />

Que já teve e que não tem.<br />

Uma esmola a Pedro Sem<br />

Que já teve e que não tem.<br />

Inácio Nuno Pignatelli, A lenda de Pedro Cem, Campo das Letras, 2007<br />

2. Este texto é a letra de uma canção em que se conta uma história.<br />

Refere os elementos narrativos que encontras no texto.<br />

2.1. Qual desses elementos é mencionado no refrão da canção?<br />

Por que razão é esse o elemento destacado no refrão?<br />

2.2. Prova que a rima está presente neste texto.<br />

3. Identifica, no texto, a situação inicial, o acontecimento principal e<br />

o desfecho da ação.<br />

4. Localiza, no texto, os versos que se referem à tempestade.<br />

4.1. Indica as sensações de Pedro Cem quando assiste ao início da<br />

tempestade, da torre do seu palácio.<br />

70<br />

75<br />

80<br />

85<br />

90<br />

Inácio Nuno<br />

Pignatelli<br />

1950, Porto<br />

Escritor<br />

e professor, que<br />

tem colaborado<br />

em grupos de teatro,<br />

em jornais e em revistas.<br />

Lembranças da chuva<br />

e O Sobe-Montanhas são<br />

algumas das suas obras.<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

2. Personagens (Pedro Cem/Sem,<br />

o povo), espaço (palácio, torre,<br />

mar), tempo (antes e depois da<br />

tempestade), ação (sucessão de<br />

acontecimentos como o casamento,<br />

o desafio de Pedro Cem, a tempestade,<br />

a ruína), narrador.<br />

2.1. A personagem Pedro Cem/<br />

Sem, porque é o elemento central<br />

da narrativa.<br />

2.2. Por exemplo: mar/acabar, Cem/<br />

ninguém, desmoronar/mendigar.<br />

3. Situação inicial: Pedro Cem era<br />

dono de um palácio, de navios e de<br />

tesouros e avistava a sua armada<br />

da torre da sua morada. Acontecimento<br />

principal: a tempestade.<br />

Desfecho da ação: a ruína de Pedro<br />

Cem, que passou a chamar-se<br />

Pedro Sem.<br />

4. «Palavras não eram ditas / […] /<br />

Tudo viu desmoronar» (vv. 61-86).<br />

4.1. Sensações visuais: «Erguem-se<br />

as ondas em fúria». Sensações auditivas:<br />

«Ribombam trovões no ar».<br />

73


Percurso 4<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

4.2. «Quebram-se», «está-se a afundar»,<br />

«Foi tragada», «circunda», «vai<br />

pegar», «a voar», «viu desmoronar».<br />

4.3. Tornam a narrativa mais viva,<br />

como se os acontecimentos estivessem<br />

a acontecer agora, diante<br />

dos nossos olhos.<br />

5. Antes da tempestade: via os<br />

navios a chegar todas as tardes,<br />

emprestava dinheiro a juros muito<br />

altos, escorraçava os pobres.<br />

Depois da tempestade: percorre a<br />

cidade a mendigar.<br />

5.1. Quando era rica e soberba, a<br />

personagem era Pedro Cem: um<br />

nome com quantificador numeral<br />

«cem», que indica, neste caso,<br />

grande quantidade. Depois da tempestade<br />

e da ruína, a personagem<br />

passa a ser Pedro Sem: um nome<br />

com a preposição «sem», que indica<br />

a falta ou ausência de alguma coisa.<br />

6. Por exemplo: humilde.<br />

Letra de canção<br />

Áudio Faixa 6<br />

Excertos de música clássica<br />

74<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

4.2. Seleciona as formas verbais que, sugerindo movimentos, con-<br />

tribuem para transmitir a imensa destruição causada pela tempestade.<br />

4.3. Certas formas verbais encontram-se no presente do indicativo.<br />

Que efeito produzem na narração dos acontecimentos?<br />

5. Refere os comportamentos habituais de Pedro Cem, antes e depois<br />

da tempestade.<br />

5.1. Relaciona esses comportamentos com a alteração do seu nome.<br />

6. «Era uma vez Pedro Cem / Soberbo como ninguém»<br />

«Uma esmola a Pedro Sem / Que já teve e que não tem».<br />

Sugere um adjetivo para caracterizar Pedro Sem, que tenha um<br />

sentido oposto ao do adjetivo «soberbo».<br />

7. Procura informação sobre a lenda de Pedro Sem. Pesquisa em<br />

livros e/ou na internet, com a ajuda de um motor de busca. Pergunta<br />

também às pessoas mais idosas o que sabem sobre essa<br />

lenda. Regista a informação e partilha-a com a turma.<br />

ESCRITA E EXPRESSÃO ORAL<br />

1. A partir de um conto tradicional, de uma fábula ou de uma lenda,<br />

escreve, em grupo, um texto que pudesse ser a letra de uma canção.<br />

1. O PASSO<br />

Escrevam uma primeira versão do texto (incluam a situação inicial,<br />

a sequência dos acontecimentos mais importantes, o desfecho da<br />

narrativa e a informação a destacar no refrão). Leiam-na à turma e<br />

recolham sugestões para aperfeiçoarem o vosso texto.<br />

2. O PASSO<br />

Escolham um excerto musical que possa servir de som de fundo<br />

para a <strong>leitura</strong> coletiva do vosso texto.<br />

3. O PASSO<br />

Distribuam os versos do vosso texto e ensaiem a <strong>leitura</strong> com o<br />

excerto musical que escolheram. Preparem muito bem a adequação<br />

do ritmo da <strong>leitura</strong> ao ritmo da música, treinem o tom e o<br />

volume da vossa voz, assim como a articulação correta dos sons.<br />

4. O PASSO<br />

Apresentem a <strong>leitura</strong> da vossa letra de canção à turma e apreciem<br />

as <strong>leitura</strong>s dos restantes grupos.


CONHECIMENTO DA LÍNGUA<br />

Que relações podem existir entre as palavras «cem» e «sem»?<br />

1. Compara a grafia, o som e o significado das palavras «cem» e «sem».<br />

Em que são iguais ou diferentes essas palavras?<br />

2. Observa as palavras destacadas em cada alínea.<br />

Quais mantêm a mesma relação que «cem» e «sem»? Porquê?<br />

a) Pedro vira os olhos para o mar. Era a maior armada que jamais vira.<br />

b) A torre foi atingida por um raio! Fujamos, antes que tudo torre!<br />

c) Tinham belas velas os navios de Pedro, mas agora nem vê-las!<br />

d) Era uma vez um homem soberbo, que é este louco que aqui vês.<br />

2.1. Completa o quadro com as palavras dos exercícios anteriores.<br />

Homónimas Homófonas Homógrafas Parónimas<br />

Som e grafia<br />

iguais e<br />

significados<br />

diferentes<br />

Som igual<br />

e grafia e<br />

significados<br />

diferentes<br />

Grafia igual<br />

e som e<br />

significados<br />

diferentes<br />

a) b) c) d)<br />

Grafia e som<br />

semelhantes<br />

e significados<br />

diferentes<br />

3. Pedro Cem mostrava arrogância, mas Pedro Sem manifestava a<br />

sua modéstia. Que relação de sentido existe entre as palavras destacadas?<br />

4. Forma pares com as palavras retiradas do texto, respeitando as relações<br />

de parte-todo que estabelecem entre si, como torre/palácio.<br />

mar tempestade navios ondas trovões mastros<br />

5. Completa a frase, selecionando a opção correta.<br />

A palavra «navio» é uma palavra de<br />

a) sentido geral em relação à palavra «embarcação».<br />

b) sentido específico em relação à palavra «embarcação».<br />

6. Completa e conclui.<br />

As palavras podem estabelecer relações de grafia e fonia,<br />

classificando-se como palavras A , B , C e D .<br />

Também podem estabelecer relações semânticas, que são rela-<br />

ções de sentido, como é o caso das palavras E e F ou<br />

das palavras que mantêm entre si relações de parte-todo e de<br />

sentido geral-sentido específico.<br />

As relações entre<br />

palavras: relações<br />

semânticas e relações<br />

entre grafia e fonia<br />

Guia Gramatical, p. 252<br />

PROFESSOR<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

1. São iguais no som e diferentes na<br />

grafia e no significado.<br />

2. d) vez/vês: têm o mesmo som,<br />

mas grafia e significado diferentes<br />

(já as palavras vira/vira têm som<br />

e grafia igual e significados diferentes;<br />

as palavras torre/torre têm<br />

grafia igual e som e significados<br />

diferentes; as palavras velas/vê-las<br />

têm som e grafia semelhantes e<br />

significado diferente).<br />

2.1.<br />

a) vira/vira.<br />

b) vez/vês.<br />

c) torre/torre.<br />

d) velas/vê-las.<br />

3. São palavras antónimas.<br />

4. ondas/mar; trovões/tempestade;<br />

mastros/navios.<br />

5. b).<br />

6.<br />

A homónimas;<br />

B homófonas;<br />

C homógrafas;<br />

D parónimas;<br />

E sinónimas;<br />

F antónimas.<br />

Gramática interativa<br />

As relações semânticas entre palavras<br />

As relações entre grafia e fonia<br />

75


Percurso 5<br />

LEITURA<br />

Narrativa na íntegra<br />

– ação<br />

– tempo<br />

– comportamentos<br />

das personagens<br />

COMPREENSÃO<br />

DO ORAL E LEITURA<br />

Avisos<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

Preposição<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

1. Egoísta: alguém que só pensa em<br />

si próprio.<br />

VOCABULÁRIO<br />

1 Iracunda: enfurecida.<br />

76<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

5<br />

10<br />

15<br />

20<br />

25<br />

LEITURA<br />

1. Vais ler um conto do escritor irlandês Oscar Wilde. Observa o título<br />

e explica, por palavras tuas, o significado do adjetivo aí presente.<br />

TEXTO NA<br />

ÍNTEGRA<br />

O Gigante Egoísta<br />

Todas as tardes, ao voltarem da escola, as crianças costumavam ir<br />

brincar para o jardim do Gigante.<br />

Era um jardim grande e bonito, coberto de relva macia e verde.<br />

Aqui e ali, entre essa relva, desabrochavam flores lindas como estrelas;<br />

havia uma dúzia de pessegueiros que ao vir a Primavera floresciam de<br />

cor-de-rosa e de tons de pérola, e no Outono se carregavam de frutos<br />

opulentos. As aves poisavam nas árvores e cantavam com tanta doçura<br />

que os pequenos interrompiam os seus jogos para ficarem a escutá-las.<br />

– Que bom que é estar aqui – diziam uns para os outros.<br />

Certo dia, o Gigante regressou. Fora visitar o seu amigo Papão da<br />

Cornualha, e demorara-se lá sete anos. Ao fim desses sete anos havia<br />

dito tudo o que tinha a dizer, porque a sua conversa era limitada, e<br />

resolveu voltar ao castelo que lhe pertencia. Quando chegou, viu as<br />

crianças a brincarem no jardim.<br />

– Que estais aqui a fazer? – exclamou com voz iracunda 1 . E os<br />

pequenos fugiram.<br />

– Este jardim é muito meu – declarou. – Que todos o fiquem<br />

sabendo. Não consinto que ninguém venha para cá divertir-se, a não<br />

ser eu próprio.<br />

Edificou então um muro muito alto em toda a roda e colocou nele<br />

este aviso:<br />

SERÃO CASTIGADOS<br />

OS INTRUSOS<br />

Era bastante egoísta, esse Gigante.<br />

Os desgraçados dos petizes não tinham já onde brincassem. Tentaram<br />

fazê-lo na estrada, mas havia aí muita poeira e calhaus aguçados, o<br />

que lhes desagradava. Vaguearam então em volta do alto muro, depois<br />

das aulas, conversando acerca do belo jardim que existia do outro lado.<br />

– Que bom que era estar lá! – diziam uns para os outros.<br />

Veio a Primavera e por todo o país abriram flores e cantaram<br />

pássaros: só no jardim do Gigante continuava Inverno. As aves não


30<br />

35<br />

40<br />

45<br />

50<br />

55<br />

se interessavam em ir para ali chilrear, porque não havia crianças, e<br />

as árvores esqueceram-se de florir. Uma vez houve uma florinha que<br />

levantou a cabeça acima da relva, mas deu logo com a vista na tabuleta<br />

do aviso e teve tanta pena da petizada que de novo se ocultou rente ao<br />

chão, e adormeceu. Os únicos entes satisfeitos eram a Neve e a Geada.<br />

– A Primavera esqueceu-se deste jardim – comentavam elas. – De<br />

maneira que podemos ficar cá todo o ano.<br />

A Neve cobriu os relvados com o seu imenso manto branco, e a<br />

Geada pintou de prata todas as árvores. Convidaram depois o Aquilão<br />

2 a viver com eles, e ele aceitou o convite. Andava embrulhado em<br />

peles e bramava 3 todo o dia pelo jardim, derrubando as chaminés da<br />

residência.<br />

– Magnífico lugar – dizia ele. – Temos de convidar também o<br />

Granizo.<br />

Veio, pois, o Granizo, e diariamente, durante três horas, começou<br />

a rufar no telhado do castelo até quebrar grande parte das ardósias.<br />

Em seguida corria de roda do jardim, com a maior velocidade de que<br />

dispunha. Vestia de cinzento e tinha um hálito frio como gelo.<br />

«Não percebo porque é que a Primavera tarda tanto», pensava o<br />

Gigante Egoísta sentado à janela, a olhar para o seu parque branco de<br />

neve. «Espero que o tempo acabe por mudar.»<br />

Mas a Primavera nunca veio, nem o Verão. O Outono amadurecia<br />

fruta em todos os quintais, menos no do Gigante. «É muito egoísta»,<br />

explicava. Ali era sempre Inverno, e o Aquilão, e a Neve, e o Granizo,<br />

e a Geada dançavam de contínuo em redor das árvores.<br />

Certa manhã, estava o Gigante ainda na cama, porém já acordado,<br />

quando ouviu deliciosa música. Soava-lhe tão agradavelmente aos<br />

ouvidos que até julgou serem os músicos do rei que passavam por lá.<br />

Mas era apenas um pintarroxo que lhe cantava perto da janela. Havia<br />

VOCABULÁRIO<br />

2 Aquilão: o vento norte.<br />

3 Bramava: fazia um grande barulho.<br />

77


VOCABULÁRIO<br />

4 Lobrigaram: viram ao longe.<br />

78<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 5<br />

60<br />

65<br />

70<br />

75<br />

80<br />

85<br />

90<br />

95<br />

já tanto tempo que não escutava o canto dos pássaros no seu jardim<br />

que achou aquilo a mais bela música do mundo. O Granizo deixou de<br />

rufar-lhe nos telhados, o Aquilão cessou de rugir e, pela janela aberta,<br />

chegou-lhe às narinas um perfume inebriante.<br />

– Parece que, enfim, se resolveu a vir a Primavera! – exclamou o<br />

Gigante.<br />

Saltou da cama e olhou para fora.<br />

E que viu ele?<br />

Viu um espetáculo soberbo. Através dum buraco pequenino do<br />

muro, as crianças haviam entrado e estavam agora empoleiradas nos<br />

ramos das árvores. Em todas as árvores via ele uma criança. E as<br />

árvores sentiram-se tão contentes com o regresso da petizada que se<br />

cobriam de flores e lhes ondulavam suavemente os ramos por cima<br />

das cabecitas. Em torno, voavam pássaros, chilreando satisfeitos, e as<br />

flores espreitavam do meio da relva, sacudidas pelo riso. Era uma cena<br />

encantadora, e só num recanto mais afastado do jardim permanecia<br />

o Inverno. Ali, estava um miúdo que não conseguia trepar à árvore<br />

e que chorava de desgosto; e a pobre da árvore continuava cheia de<br />

neve, enquanto por cima dela uivava o Aquilão.<br />

– Sobe, meu filho – disse a árvore, inclinando os ramos o mais que<br />

pôde. Mas a criança era pequenina de mais.<br />

O coração do Gigante enterneceu-se quando olhou para fora.<br />

– Tenho sido tão egoísta! – exclamou. – Agora percebo o motivo<br />

por que a Primavera não aparecia cá. Vou colocar aquele miúdo em<br />

cima da árvore e depois derrubar o muro. E o jardim será sempre o<br />

lugar de recreio das crianças.<br />

Arrependia-se deveras do que fizera até aí. Desceu, pois, a escada,<br />

abriu de mansinho a porta e chegou ao jardim. Quando, porém, o lobrigaram<br />

4 os pequenos, de tal modo se assustaram que fugiram a sete pés,<br />

e o Inverno regressou ao jardim. Só o tal petiz é que não fugiu, porque<br />

tinha os olhos rasos de lágrimas e não viu entrar o Gigante. Este<br />

foi muito devagar por trás dele, pegou-lhe com todo o cuidado e pô-lo<br />

em cima da árvore. E a árvore imediatamente se encheu de flores, e os<br />

pássaros vieram cantar, e o rapazinho, estendendo os braços, abraçou o<br />

Gigante e beijou-o. As outras crianças, vendo isto, compreenderam que<br />

o Gigante já não era mau e vieram a correr, e a Primavera veio atrás delas.<br />

– Este jardim, agora, é vosso, meus filhos – declarou o dono.<br />

Pegou então numa picareta colossal e demoliu o muro. Quando<br />

as pessoas da terra se dirigiam ao mercado, ao meio-dia, viram o<br />

Gigante a entreter a petizada no mais belo jardim que os seus olhos<br />

tinham contemplado.


100<br />

105<br />

110<br />

115<br />

120<br />

125<br />

130<br />

E todo o dia brincaram, e, ao anoitecer, foram ter com o Gigante<br />

para se despedirem dele.<br />

– Onde está o vosso companheiro pequenino? – perguntou o<br />

dono da propriedade. – Aquele que eu pus em cima duma árvore…<br />

Estimava-o muito, porque fora o que lhe dera um beijo.<br />

– Não sabemos – retorquiram 5 os miúdos. – Deve ter-se ido embora.<br />

– Então dizei-lhe que não tenha receio e que volte amanhã.<br />

– Não sabemos onde é que ele mora. Nunca o vimos antes.<br />

Esta resposta entristeceu o Gigante.<br />

Todas as tardes, ao saírem da escola, vinham os pequenos brincar<br />

com o Gigante. Aquele, no entanto, de quem o Gigante mais gostava,<br />

esse não tornou a ser visto. O dono do jardim mostrava-se muito<br />

bondoso para com todos, mas suspirava sempre pelo seu primeiro<br />

amiguinho, de quem falava bastantes vezes.<br />

– Gostava tanto de o tornar a ver! – repetia.<br />

Passaram os anos e o Gigante envelheceu e enfraqueceu muito.<br />

Como já não podia brincar, sentava-se numa poltrona enorme a<br />

admirar o seu jardim e a ver os jogos das crianças.<br />

– Tenho flores lindíssimas – dizia ele –, mas as crianças são ainda<br />

mais bonitas.<br />

Certa manhã de Inverno, enquanto se vestia, olhou pela janela. Já<br />

não embirrava agora com o Inverno, pois sabia que era apenas o sono<br />

da Primavera e o repouso das flores.<br />

De súbito, esfregou os olhos, espantado, olhou e tornou a olhar.<br />

Não havia dúvida de que era uma coisa estranha. No canto mais afastado<br />

do jardim estava uma árvore completamente revestida de flores<br />

alvacentas 6 . Eram áureos 7 os ramos e argênteos 8 os frutos que pendiam.<br />

E debaixo da árvore estava o rapazinho de quem ele gostava tanto.<br />

Desceu o Gigante a escada, cheio de alegria, e penetrou no jardim.<br />

Foi a correr por cima da relva e chegou aonde estava o pequeno;<br />

mas, ao vê-lo, indignou-se e perguntou:<br />

Oscar Wilde<br />

1854, Dublin —<br />

1900, Paris<br />

Escritor irlandês,<br />

também<br />

conhecido pelo<br />

seu modo de vida<br />

extravagante. Escreveu<br />

peças de teatro, o conhecido<br />

romance O retrato de Dorian<br />

Gray e vários contos infantis<br />

para os seus filhos.<br />

VOCABULÁRIO<br />

5 Retorquiram: responderam.<br />

6 Alvacentas: esbranquiçadas.<br />

7 Áureos: cor de ouro.<br />

8 Argênteos: cor de prata.<br />

79


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 5<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

2.<br />

a) Tempo passado indeterminado.<br />

c) Personagens anónimas.<br />

d) Encerra uma moralidade.<br />

f) Presença de personagens fantásticas.<br />

3.<br />

a) Certo dia.<br />

b) Linhas 10-54.<br />

c) 55-119.<br />

d) Conclusão.<br />

e) Certa manhã de Inverno.<br />

f) 120-140.<br />

4.1. b).<br />

4.2. A sua beleza.<br />

80<br />

135<br />

140<br />

– Quem se atreveu a magoar-te? Dize-me sem demora, para que<br />

eu o mate com a minha espada.<br />

– Estas – volveu a criança – são as feridas do Amor.<br />

– E tu quem és? – continuou o Gigante, invadido por um estranho<br />

sentimento e ajoelhando ao lado da criança.<br />

Ela sorriu e respondeu:<br />

– Deixaste-me um dia brincar no teu jardim. Hoje virás comigo<br />

para o meu, que é o Paraíso.<br />

E quando, nessa tarde, as crianças apareceram lá, encontraram o<br />

Gigante morto, debaixo da árvore, e todo coberto de flores alvacentas.<br />

Oscar Wilde, trad. Cabral do Nascimento, Contos, Relógio d’Água, 2001<br />

2. O texto que acabaste de ler possui características de um conto<br />

tradicional. Assinala-as.<br />

a) Tempo passado indeterminado.<br />

b) Localização geográfica definida.<br />

c) Personagens anónimas.<br />

d) Encerra uma moralidade.<br />

e) História recente.<br />

f) Presença de personagens fantásticas.<br />

3. Este conto apresenta uma estrutura típica e pode ser dividido em<br />

quatro partes. Copia a tabela para o teu caderno e completa-a com<br />

as informações em falta.<br />

Estrutura Informações temporais Linhas<br />

1. a parte Introdução Todas as tardes 1 a 9<br />

2. a parte<br />

3.<br />

Desenvolvimento<br />

a) b)<br />

a parte Certa manhã c)<br />

4. a parte d) e) f)<br />

4. Relê a primeira parte do conto.<br />

4.1. «Todas as tardes, ao voltarem da escola, as crianças costumavam<br />

ir brincar para o jardim do Gigante.» Nesta frase, as palavras<br />

e expressões sublinhadas mostram que as brincadeiras no<br />

jardim do Gigante são<br />

a) pontuais.<br />

b) habituais.<br />

c) esporádicas.<br />

d) raras.<br />

4.2. O que levava as crianças a gostarem tanto daquele jardim?


4.3. Para caracterizar o espaço e os seus elementos, são usados<br />

adjetivos e uma expressão de sentido equivalente. Transcreve<br />

os que melhor qualificam:<br />

a) o jardim;<br />

d) as flores dos pessegueiros;<br />

b) a relva;<br />

c) as flores;<br />

4.4. Identifica agora uma comparação e diz por que razão é usado<br />

este recurso expressivo.<br />

5. Relê os parágrafos da segunda parte do conto.<br />

5.1. Que acontecimento vem perturbar as brincadeiras das crianças?<br />

5.2. Ao afirmar que o Gigante tinha deixado o seu amigo porque<br />

«a sua conversa era limitada», que característica está a ser<br />

evidenciada pelo narrador?<br />

5.3. Por que razão o Gigante expulsa as crianças do jardim?<br />

5.4. Que medidas toma para se assegurar de que elas não voltam?<br />

Qual dessas medidas te parece mais eficaz? Explica porquê.<br />

5.5. O que acontece no jardim após a expulsão das crianças?<br />

5.6. Transcreve do texto frases que exemplifiquem os sentimentos<br />

de perplexidade e de esperança do Gigante Egoísta perante a<br />

transformação do seu jardim.<br />

6. Explica por que razão as palavras «Primavera», «Inverno», «Neve»,<br />

«Geada», «Granizo», «Verão» e «Outono» aparecem grafadas com<br />

letra maiúscula.<br />

7. Relê a terceira parte do conto.<br />

7.1. Reconta os acontecimentos daquela manhã em que «estava o<br />

Gigante ainda na cama».<br />

7.2. A partir desse dia, que alterações se verificam na personalidade<br />

do Gigante e na vida das crianças?<br />

8. Relê a quarta e última parte do conto.<br />

e) os frutos dos pessegueiros.<br />

8.1. No dia da sua morte, o Gigante revê a criança de quem tanto<br />

gostava. Quem será, afinal, essa criança?<br />

8.2. Explica o que permitiu que o Gigante Egoísta tivesse o direito<br />

de entrar no Paraíso.<br />

8.3. Qual é a moral desta história, ou seja, o que se aprende com ela?<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

4.3.<br />

a) o jardim «grande e bonito»;<br />

b) a relva «macia e verde»;<br />

c) as flores «lindas»;<br />

d) as flores dos pessegueiros «corde-rosa»,<br />

«tons de pérola»;<br />

e) os frutos dos pessegueiros<br />

«opulentos».<br />

4.4. A comparação «flores lindas<br />

como estrelas» reforça a beleza, o<br />

brilho e a grandiosidade daquele<br />

espaço.<br />

5.1. O regresso do Gigante.<br />

5.2. A sua falta de inteligência; a<br />

sua pobreza de espírito.<br />

5.3. Porque não admite que outros,<br />

para além dele próprio, se divirtam<br />

num espaço que é seu.<br />

5.4. Ergue um muro à volta do jardim<br />

e coloca um aviso ameaçador,<br />

que é mais eficaz, porque a ameaça<br />

provoca o medo do castigo.<br />

5.5. O Inverno instala-se no jardim e<br />

nunca mais desaparece.<br />

5.6. Perplexidade: «Não percebo<br />

porque é que a Primavera tarda<br />

tanto». Esperança: «Espero que o<br />

tempo acabe por mudar».<br />

6. Porque, neste texto, surgem<br />

personificadas e agem como personagens,<br />

como acontece na frase<br />

sobre o Granizo: «Vestia de cinzento<br />

e tinha o hálito frio como gelo».<br />

7.1. O Gigante acordou e verificou<br />

com alegria que o Inverno desaparecera<br />

e que as crianças tinham<br />

descoberto uma entrada no muro<br />

e voltado a brincar no jardim. Deslumbrado,<br />

a sua atenção voltou-se<br />

para uma criança que chorava, porque<br />

não conseguia trepar a uma árvore.<br />

O Gigante aproximou-se para<br />

a ajudar, mas as outras crianças<br />

assustaram-se e fugiram. Quando<br />

a criança que chorava agradeceu<br />

ao Gigante com um beijo, as outras<br />

perceberam que não corriam perigo<br />

e voltaram para o jardim.<br />

7.2. As crianças voltaram diariamente<br />

ao jardim e a Primavera nunca<br />

mais deixou de aparecer. O Gigante,<br />

que já não era egoísta, brincava<br />

com elas, mas, para seu desgosto, a<br />

criança que ele ajudara nunca mais<br />

apareceu.<br />

8.1. Uma figura divina.<br />

8.2. O facto de ter ajudado aquela<br />

criança e, com esse gesto, ter deixado<br />

de ser egoísta.<br />

8.3. Esta história condena o egoísmo,<br />

o rancor e o ódio e defende a<br />

amizade e a solidariedade, provando<br />

que só tem direito a recompensa<br />

aquele que se preocupa com os<br />

outros.<br />

81


Percurso 5<br />

PROFESSOR<br />

COMPREENSÃO DO ORAL<br />

E LEITURA<br />

Áudio Faixa 7<br />

Avisos<br />

Imagem<br />

Avisos<br />

1. a), c).<br />

2.<br />

a) Aconselhar ou convencer a agir<br />

de determinada forma: «Não os<br />

deite fora e reutilize-os; poupa<br />

dinheiro e é amigo do ambiente.»;<br />

«Proteja os seus bens; esteja<br />

especialmente atento à entrada e<br />

à saída do comboio.»; «Por favor,<br />

aguarde o comboio na metade da<br />

frente do cais.»; «Atenção ao intervalo<br />

entre o cais e o comboio.»<br />

c) Informar: «Os cartões 7 Colinas<br />

e Viva Viagem podem ser usados<br />

sempre que quiser.»; «Na linha azul,<br />

a partir das 21h30m, os comboios<br />

circulam com três carruagens.»;<br />

«Próxima estação: Baixa-Chiado;<br />

há correspondência com a linha<br />

verde.»<br />

3. Convincente, agradável, suave.<br />

4.1.<br />

a) Saída: conduzir as pessoas para<br />

a saída correta.<br />

b) Sorria, está a ser filmado: a indicação<br />

de que todas as ações serão<br />

filmadas pode impedir atos criminosos.<br />

c) Cuidado com o cão: afastar assaltantes<br />

e/ou afastar as pessoas<br />

de um cão perigoso.<br />

d) Pintado de fresco: impedir que<br />

as pessoas toquem em tinta fresca.<br />

e) Proibido pisar a relva!: impedir<br />

que as pessoas pisem a relva.<br />

5. As regras são respeitadas, porque<br />

a mensagem é curta, não repetitiva<br />

e aborda as pessoas com<br />

cortesia.<br />

82<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

COMPREENSÃO DO ORAL E LEITURA<br />

1. Um aviso pode ser uma comunicação, uma informação, uma advertência<br />

e até um conselho.<br />

Ouve os registos áudio de avisos do Metro de Lisboa e escolhe as<br />

duas opções que referem as intenções com que foram feitos.<br />

a) Aconselhar ou convencer a agir de determinada forma.<br />

b) Obrigar a agir de determinada forma.<br />

c) Informar.<br />

d) Dar uma opinião.<br />

e) Vender um produto.<br />

2. Ouve novamente a gravação e associa cada aviso, ou partes de um<br />

aviso, às alíneas que escolheste.<br />

3. Escolhe adjetivos para caracterizar a voz dos avisos.<br />

estridente agradável convincente desarticulada suave<br />

4. Observa os avisos seguintes.<br />

a)<br />

d)<br />

b)<br />

4.1. Identifica o comportamento que se pretende com cada aviso.<br />

5. Relê o aviso b) e diz se a linguagem utilizada respeita as regras da<br />

cortesia e da cooperação. Justifica a tua resposta.<br />

6. Regista os avisos que ouves ou lês entre a tua casa e a escola. Tenta<br />

perceber o que pretendem e partilha-os com a turma.<br />

e)<br />

c)


CONHECIMENTO DA LÍNGUA<br />

Como identifico as preposições?<br />

1. O primeiro passo para reconhecer uma preposição é saber de cor<br />

as preposições simples mais frequentes.<br />

Organiza-as alfabeticamente e decora-as:<br />

sob durante trás ante de com perante sem<br />

desde até para por segundo a sobre entre<br />

após em contra<br />

2. Conhecendo as preposições simples, facilmente reconhecerás as<br />

contrações de preposições.<br />

2.1. Identifica, nas frases, as preposições simples e as preposições<br />

contraídas com determinantes ou pronomes.<br />

a) «Todas as tardes, ao voltarem da escola, as crianças costumavam<br />

ir brincar para o jardim do Gigante.»<br />

b) «Quando chegou, viu as crianças a brincarem no jardim.»<br />

c) «[…] por cima dela uivava o Aquilão.»<br />

d) «Suspirava sempre pelo seu primeiro amiguinho.»<br />

e) «Este foi muito devagar por trás dele […].»<br />

f) «[…] durante três horas, começou a rufar no telhado do<br />

castelo.»<br />

2.2. Completa as afirmações com exemplos retirados das frases<br />

anteriores para chegares a várias conclusões sobre as preposições.<br />

As preposições simples como<br />

veis.<br />

A são palavras invariá-<br />

Os pronomes e os determinantes que se contraem com<br />

preposições podem variar em género e número, como os<br />

exemplos B .<br />

A palavra C resulta da contração entre a preposição<br />

por e o determinante artigo definido o.<br />

Por vezes, usamos locuções (conjunto de palavras) com o<br />

mesmo valor das preposições, como nos exemplos D .<br />

As preposições servem para ligar palavras na frase e<br />

podem, por exemplo, indicar espaço, como em E , ou<br />

tempo, como em F .<br />

A preposição<br />

Guia Gramatical, p. 230<br />

PROFESSOR<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

1. a, ante, após, até, com, contra,<br />

de, desde, durante, em, entre, para,<br />

perante, por, segundo, sem, sob,<br />

sobre, trás.<br />

2.<br />

a) «Todas as tardes, ao voltarem da<br />

escola, as crianças costumavam ir<br />

brincar para o jardim do Gigante.»<br />

b) «Quando chegou, viu as crianças<br />

a brincarem no jardim.»<br />

c) «[…] por cima dela uivava o<br />

Aquilão.»<br />

d) «Suspirava sempre pelo seu primeiro<br />

amiguinho.»<br />

e) «Este foi muito devagar por trás<br />

dele […].»<br />

f) «[…] durante três horas, começou<br />

a rufar no telhado do castelo.»<br />

2.2.<br />

A para, a, por, trás, durante;<br />

B ao, da, do, no, dela, pelo;<br />

C pelo;<br />

D por cima dela, por trás dele;<br />

E da escola, para o jardim, no jardim,<br />

no telhado do castelo;<br />

F durante três horas.<br />

Gramática interativa<br />

A preposição<br />

83


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 6<br />

LEITURA<br />

Conto tradicional<br />

– tempo<br />

– ação<br />

ESCRITA<br />

Reconto<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

Quantificador<br />

VOCABULÁRIO<br />

1 Soldadas: salário de criados.<br />

2 Ajuste: acerto de contas.<br />

3 Assoldadar: contratar para um<br />

serviço.<br />

84<br />

5<br />

10<br />

15<br />

20<br />

25<br />

LEITURA<br />

1. O texto que vais ler é um conto tradicional português.<br />

Lê o título e o primeiro parágrafo do texto e coloca hipóteses para<br />

responderes às perguntas:<br />

Quem será o «criado» referido no título?<br />

Que problema terá de enfrentar?<br />

Em que o poderá ajudar a característica referida no título?<br />

Partilha as tuas hipóteses com a turma.<br />

Um criado esperto<br />

Havia um sujeito que era padre e que tinha por costume não<br />

pagar as soldadas 1 do criado, valendo-se de uma esperteza no ato do<br />

ajuste 2 . Certo dia, bateu-lhe à porta um rapaz e perguntou-lhe se<br />

queria assoldadar 3 um criado.<br />

– Quanto queres ganhar?<br />

– Seis moedas por ano.<br />

– Pago-te cinco réis, mas com a condição de fazeres só o que te<br />

mando.<br />

– Estou pelo contrato – respondeu o rapaz.<br />

No dia seguinte, entrou o criado ao serviço do amo, que o mandou<br />

varrer a rua.<br />

O rapaz varreu a rua e deixou o estrume em monte.<br />

– Porque não apanhaste o estrume?<br />

– Porque o patrão só me mandou varrer a rua.<br />

Percebeu o amo que tinha ao seu serviço um criado fino. Tentou<br />

durante muito tempo apanhar o rapaz nalguma falta, e não lhe era<br />

possível.<br />

Conferenciou o amo com um compadre muito esperto, e este<br />

disse-lhe:<br />

– Diga amanhã ao seu criado que lhe arranje um almoço muito<br />

leve, e seja qual for o almoço diga-lhe que é pesado.<br />

E assim sucedeu. O criado pôs-se a pensar na malícia do patrão e<br />

na maneira como se havia de sair. Depois de matutar algum tempo,<br />

veio pousar-lhe um pintassilgo.<br />

Apanhou-o vivo, meteu-o numa terrina, tapou-a com a tampa e<br />

esperou pelo patrão.<br />

Este entrou e pediu o almoço.


30<br />

35<br />

40<br />

45<br />

50<br />

55<br />

– Está dentro dessa terrina.<br />

– Pois tu não sabes que as sopas são alimento muito pesado para<br />

mim?<br />

– Veja bem: não são sopas.<br />

O amo levantou a terrina, e o pintassilgo safou-se, voando.<br />

– Parece-me que não podia arranjar-lhe um almoço mais leve –<br />

disse o criado.<br />

O amo calou-se e foi conferenciar com o compadre.<br />

– Manda amanhã comprar dez réis de arres e dez réis de ais.<br />

E assim sucedeu. O criado pensou por algum tempo e disse consigo:<br />

achei.<br />

Foi ao campo com um saco, e meteu-lhe dentro grande porção de<br />

urtigas; depois comprou dez réis de laranjas e meteu dentro grandes<br />

porções de alfinetes com as pontas para fora, colocando as laranjas<br />

por baixo das urtigas.<br />

Trouxe o saco para casa e disse ao amo:<br />

– Aqui tem no saco o que me mandou comprar.<br />

O amo abriu o saco e meteu dentro a mão.<br />

– Arre! – gritou o patrão, sentindo-se picado nas urtigas.<br />

– Os ais estão mais abaixo.<br />

– Ai!, Ai! – disse o patrão desesperado, picando-se nos alfinetes.<br />

– Já vê que cumpri as suas ordens.<br />

Tornou o amo a casa do compadre. Este já não sabia que conselho<br />

dar-lhe. Pensou, pensou e disse:<br />

– Diga-lhe que é costume da casa jejuar-se três dias seguidos.<br />

É impossível que ele resista a tão grande jejum. E nesta hipótese ele<br />

safa-se, e o compadre vê-se livre dele.<br />

O patrão veio para casa e disse:<br />

85


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

José António<br />

Gomes<br />

1956, Porto<br />

Escritor português,<br />

é também professor<br />

de literatura. Assina<br />

parte da sua obra com<br />

o pseudónimo João Pedro<br />

Mésseder. A poesia na literatura<br />

para a infância e Grandes autores<br />

para pequenos leitores são obras<br />

suas.<br />

VOCABULÁRIO<br />

4 Seira: cesto ou saco onde se<br />

guardam figos.<br />

5 Albarda: sela de animal de<br />

carga.<br />

6 Estevas: plantas arbustivas.<br />

7 À sorrelfa: à socapa, às escondidas.<br />

8 Carapinha: parte da esteva.<br />

9 Outeiro: colina.<br />

86<br />

Percurso 6<br />

60<br />

65<br />

70<br />

75<br />

80<br />

85<br />

90<br />

– É costume da casa jejuar-se três dias seguidos; eu também jejuo.<br />

– Ora – respondeu o criado –, na casa do último patrão jejuei seis<br />

dias, e não me custou o jejum.<br />

O criado preveniu-se com uma seira 4 de figos secos, que o amo<br />

reservava para o mês de maio, e comia os figos, quando o amo não<br />

estava em casa.<br />

Ao segundo dia, ordenou-lhe o amo que aparelhasse duas cavalgaduras<br />

para ambos irem a uma feira. O criado aparelhou-as e meteu<br />

no forro da albarda 5 da sua cavalgadura uma boa porção de figos. Ora<br />

o amo, como já se disse, era padre e ia à feira para dizer missa numa<br />

capela rural.<br />

Pelo caminho tiveram de atravessar uma grande porção de mato,<br />

feito de estevas 6 . O amo ia adiante e o criado atrás. Este ia comendo o<br />

seu figo, à sorrelfa 7 . O amo, repentinamente, voltou os olhos para trás<br />

e viu o criado a comer.<br />

– Perdeste, pois que não jejuaste – gritou ele.<br />

– Não perdi, vou entretido em mastigar a carapinha 8 das estevas,<br />

que refrescam a língua.<br />

O amo quis seguir o exemplo, mas estas são muito amargas e ele<br />

pôs-se a saboreá-las com repugnância. Chegaram a um outeiro 9 , de<br />

onde se avistava ainda a casa do padre; e este fez parar a cavalgadura,<br />

exclamando:<br />

– Ai que me esqueceu a caixa das hóstias!…<br />

– Se quer eu vou lá; ceda-me a sua mula que é mais ligeira do que<br />

a minha e aqui estou num momento.<br />

– Pois sim, não te esqueças. Diz à criada que é a caixa maior.<br />

O criado montou na mula do patrão. Chegou a casa e disse à criada:<br />

– O patrão ordena que me entregue a bolsa maior do dinheiro,<br />

que tem no baú.<br />

– A maior não pode ser, porque é onde ele tem o dinheiro para<br />

pagar a fazenda que comprou.<br />

– Olhe, ele está além: pergunte-lhe.<br />

– A criada subiu à varanda do prédio e pôs-se a gritar:<br />

– A maior ou a mais pequena?<br />

– A maior, a maior – respondeu o padre.<br />

A criada desceu e entregou a bolsa maior, que o criado arrecadou.<br />

Depois nunca mais apareceu nem com o dinheiro nem com a mula.<br />

Vingara assim os outros criados que não tinham recebido os seus<br />

salários.<br />

José António Gomes,<br />

Fiz das pernas coração – contos tradicionais portugueses, Caminho, 2000


2. O conto parte de uma situação inicial, avança para um conflito<br />

(uma luta de interesses) e para as provas a ultrapassar e tem um<br />

determinado desfecho. Completa o quadro sobre a ação do conto.<br />

Situação inicial a)<br />

Conflito e papel das personagens b)<br />

Provas e sua superação c)<br />

Desfecho d)<br />

3. «Havia um sujeito que era padre […]». Este início do conto permite<br />

localizar a ação num tempo definido ou indefinido?<br />

4. Quantos dias passam do início ao final da história?<br />

Deves reler o texto e tomar as notas necessárias sobre o que acontece<br />

em cada um desses dias.<br />

5. Várias expressões temporais contribuem, no texto, para sugerir o<br />

avanço da ação. Dá exemplos dessas expressões.<br />

6. «Certo dia, bateu-lhe à porta um rapaz e perguntou-lhe se queria<br />

assoldadar um criado. […] No dia seguinte, entrou o criado ao serviço<br />

do amo». Transcreve:<br />

a) a primeira expressão que permite identificar a personagem;<br />

b) uma outra expressão utilizada para referir essa mesma personagem;<br />

c) uma expressão temporal indefinida;<br />

d) uma expressão temporal que localiza novos acontecimentos na<br />

sequência de acontecimentos anteriores.<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

2.<br />

a) Um rapaz bate à porta de um<br />

padre que arranjava motivos para<br />

despedir os criados sem lhes pagar.<br />

b) O padre quer arranjar um motivo<br />

para despedir o rapaz sem<br />

lhe pagar e este quer evitar ir-se<br />

embora sem dinheiro; o compadre<br />

ajuda o padre, e a criada, sem o saber,<br />

ajuda o rapaz.<br />

c) 1. a — Arranjar um almoço muito<br />

leve: o rapaz mete um pintassilgo<br />

na terrina, que voa quando o amo<br />

levanta a tampa. 2. a — Comprar<br />

arres e ais: o rapaz mete urtigas<br />

e laranjas com alfinetes dentro de<br />

um saco e o patrão solta arres e ais<br />

ao picar-se. 3. a — Jejuar três dias: o<br />

rapaz come figos e diz estar a mastigar<br />

a carapinha das estevas.<br />

d) O padre esquece-se da caixa<br />

grande das hóstias; o rapaz diz à<br />

criada que o patrão quer a bolsa<br />

grande do dinheiro; a criada, desconfiada,<br />

pergunta se o patrão<br />

quer a maior ou a mais pequena;<br />

o patrão, sem saber, dá a resposta<br />

que o rapaz quer ouvir; o rapaz foge<br />

com o dinheiro.<br />

3. Num tempo indefinido.<br />

4.<br />

Dia 1: contrato entre o rapaz e o<br />

padre.<br />

Dia 2: tarefa de varrer a rua.<br />

Dia 3: tarefa do almoço leve.<br />

Dia 4: tarefa de comprar arres e ais.<br />

Dia 5: primeiro dia de jejum.<br />

Dia 6: segundo dia de jejum e fuga<br />

do rapaz.<br />

5. «Certo dia», «No dia seguinte»,<br />

«durante muito tempo», «amanhã»<br />

(duas vezes), «Depois de matutar<br />

algum tempo», «por algum tempo»,<br />

«depois», «Ao segundo dia»,<br />

«Depois nunca mais».<br />

6.<br />

a) «um rapaz»;<br />

b) «o criado»;<br />

c) «Certo dia»;<br />

d) «No dia seguinte».<br />

87


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 6<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

7.<br />

a) «Pelo caminho»;<br />

b) «ia comendo», «a comer»;<br />

c) «voltou», «viu»;<br />

d) «repentinamente».<br />

8. As formas verbais: «Apanhou-o»,<br />

«meteu-o» e «tapou-a».<br />

8.1. «O criado».<br />

8.2. Pronome o: «pintassilgo». Pronome<br />

a: «terrina».<br />

9. Criada: bolsa. Padre: caixa.<br />

9.1. A criada quer ter a certeza de<br />

que o patrão pediu a bolsa maior,<br />

como o rapaz lhe dissera. E o patrão,<br />

pensando que ela se refere<br />

à caixa das hóstias, responde-lhe<br />

que é a maior, sem saber que está<br />

a confirmar a mentira do rapaz.<br />

Reconto<br />

PowerPoint<br />

Texto escrito: o reconto<br />

88<br />

7. «Pelo caminho tiveram de atravessar uma grande porção de mato,<br />

feito de estevas. O amo ia adiante e o criado atrás. Este ia comendo<br />

o seu figo, à sorrelfa. O amo, repentinamente, voltou os olhos para<br />

trás e viu o criado a comer.» Transcreve as palavras ou expressões<br />

destacadas que indicam:<br />

a) o espaço onde vão decorrendo os acontecimentos;<br />

b) uma ação ocorrida nesse espaço e que dura algum tempo;<br />

c) ações momentâneas, ou seja, decorridas num tempo muito curto;<br />

d) o modo como decorre uma ação que é momentânea.<br />

8. «Apanhou-o vivo, meteu-o numa terrina, tapou-a com a tampa e<br />

esperou pelo patrão.» Que palavras da frase indicam ações decorridas<br />

num curto espaço de tempo?<br />

8.1. Que personagem protagoniza as ações referidas? (Relê o texto<br />

entre as linhas 22 e 24.)<br />

8.2. Indica, também, os nomes a que se referem os pronomes o e a.<br />

9. Nas falas seguintes, a que objeto se refere cada personagem?<br />

«— A maior ou a mais pequena?<br />

— A maior, a maior — respondeu o padre.» (linhas 89-90)<br />

9.1. Explica como a ausência do nome desses objetos contribui<br />

para o final do conto.<br />

ESCRITA<br />

1. Escreve o reconto do texto «Um criado esperto».<br />

1. O PASSO<br />

Revê a informação que registaste no quadro sobre a ação do conto<br />

e toma nota de outros aspetos que completem essa informação.<br />

2. O PASSO<br />

Escreve o teu texto apoiando-te na informação registada e usando<br />

expressões temporais que sugiram o avanço da ação (Um dia,<br />

depois, no outro dia, foi então que, passado algum tempo, por fim…).<br />

3. O PASSO<br />

Terminado o reconto, faz uma revisão cuidada do texto.<br />

Verifica se: respeitaste a ordem dos acontecimentos, bem como<br />

as regras de ortografia, acentuação e pontuação; escreveste um<br />

título; assinalaste corretamente os parágrafos.


CONHECIMENTO DA LÍNGUA<br />

Para que servem os quantificadores?<br />

1. No diálogo inicial do conto «Um criado esperto», o padre e o rapaz<br />

discutem o salário.<br />

Transcreve a expressão do texto que indica o pagamento pretendido<br />

pelo rapaz.<br />

1.1. Seleciona a palavra que serve para indicar a quantidade numérica<br />

em causa.<br />

2. Retira do texto as palavras que vêm antes dos nomes seguintes,<br />

para indicar a sua quantidade exata: «réis», «dias», «ceira de figos<br />

secos», «cavalgaduras».<br />

3. «Tentou durante muito tempo apanhar o rapaz […]»<br />

«Depois de matutar algum tempo […]»<br />

Seleciona a opção correta para completares a frase.<br />

As palavras destacadas revelam a quantidade<br />

a) exata do nome a que se referem;<br />

b) imprecisa do nome a que se referem.<br />

4. Sem lhe alterares o sentido, reescreve a última frase do conto, selecionando<br />

a melhor palavra para substituíres a que se encontra destacada.<br />

Faz as alterações necessárias.<br />

poucos todos sete<br />

« Vingara assim os outros criados que não tinham recebido os<br />

seus salários.»<br />

5. Completa o texto a partir dos exercícios anteriores.<br />

Como muitas outras, as palavras poucos, todos e seis são quantificadores,<br />

porque vêm antes de um A , para indicarem a<br />

B em relação a esse nome.<br />

Desses três quantificadores, o quantificador C refere-se<br />

à totalidade dos elementos de um conjunto; o quantificador<br />

D refere-se a uma parte dos elementos de um conjunto; o<br />

quantificador E refere uma quantidade exata.<br />

O quantificador<br />

Guia Gramatical, p. 221<br />

PROFESSOR<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

1. «Seis moedas por ano».<br />

1.1. Seis.<br />

2.<br />

«réis» — «cinco» e «dez»;<br />

«dias» — «três» e «seis»;<br />

«ceira de figos secos» — «uma»;<br />

«cavalgaduras» — «duas».<br />

3. b).<br />

4. Vingara assim todos os criados<br />

que não tinham recebido os seus<br />

salários.<br />

5.<br />

A nome;<br />

B quantidade;<br />

C todos;<br />

D poucos;<br />

E sete.<br />

Gramática interativa<br />

O quantificador<br />

89


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

Percurso 7<br />

COMPREENSÃO<br />

DO ORAL E ESCRITA<br />

Narrativa<br />

LEITURA<br />

Narrativa na íntegra<br />

– comportamento<br />

das personagens<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

Grupo preposicional<br />

e grupo adverbial<br />

Narrativa<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

1. A narrativa de Ilse Losa recupera<br />

a tradição das narrativas populares:<br />

a sua origem é muito antiga, sendo<br />

uma história que atravessou várias<br />

gerações, sem que se saiba quem<br />

a narrou de início; sabemos pouco<br />

acerca das personagens, que são<br />

identificadas apenas pelos nomes<br />

comuns «pais» e «pai» e pelo nome<br />

próprio «João»; o espaço é indefinido,<br />

pois sabemos apenas que se<br />

trata de «uma aldeia», do caminho<br />

para «a cidade» com «cinco quilómetros»,<br />

onde há «uma ponta», por<br />

debaixo da qual passava «o rio»;<br />

há uma moralidade, como acontece<br />

nos contos populares/tradicionais,<br />

pois o pai dá uma lição ao<br />

filho, que se vê obrigado a admitir<br />

a mentira.<br />

90<br />

5<br />

10<br />

15<br />

COMPREENSÃO DO ORAL E ESCRITA<br />

1. Recolhe uma história antiga junto de familiares ou pessoas tuas<br />

conhecidas, regista os acontecimentos e escreve uma narrativa.<br />

1. O PASSO<br />

Num quadro, regista a situação inicial, os acontecimentos e o desfecho<br />

da ação. Depois, escreve a tua narrativa, iniciando-a por:<br />

A história que vos vou contar…<br />

2. O PASSO<br />

Revê o texto e prepara a sua <strong>leitura</strong> em voz alta.<br />

3. O PASSO<br />

Lê o texto à turma, como um verdadeiro contador de histórias.<br />

LEITURA<br />

1. Lê o texto e explica porque se aproxima dos textos tradicionais.<br />

A ponte<br />

TEXTO NA<br />

ÍNTEGRA<br />

A história que vos vou contar não foi inventada por mim. É muito<br />

velha e foi o meu avô quem ma contou pela primeira vez, quando eu<br />

ainda era pequena. Por sua vez, fora a sua bisavó quem lha contara a<br />

ele; mas o que não sei é quem foi que a narrara a ela. Pode ser que<br />

alguns de vós também a conheçam; julgo, no entanto, haver muitos<br />

que nunca a ouviram ou leram.<br />

Vivia numa pequena aldeia um menino chamado João. Era esperto<br />

e estudioso. Mas tinha um defeito: gostava de mentir. Os pais sofriam<br />

com isto um grande desgosto. Não se cansavam de explicar ao João<br />

que não se devia mentir e que ele fazia com que os pais estivessem<br />

muitas vezes tristes. Mas o João continuava, de vez em quando, a<br />

meter uma das suas mentiras.<br />

Um dia, o pai tinha de ir à cidade. O João já lhe pedira muitas<br />

vezes para o levar, e, desta vez, o pai resolveu fazer-lhe a vontade.<br />

A distância da aldeia à cidade era de cinco quilómetros, o que não é<br />

longe, quando se vai de automóvel, de comboio ou até de bicicleta.<br />

Mas não se esqueçam de que esta história é muito velha. No tempo<br />

em que a contaram pela primeira vez, não havia nem automóveis,


20<br />

25<br />

30<br />

35<br />

40<br />

nem comboios, nem bicicletas. Havia apenas diligências, que ficavam<br />

caras, e o pai do João não era rico. Iam, portanto, a pé.<br />

Quando o João caminhava assim ao lado do pai, apeteceu-lhe<br />

conversar. Pensava no que havia de dizer e, como não se lembrava de<br />

coisa nenhuma, inventou uma mentira:<br />

– Sabe vossemecê, pai, quando ontem passei pelo campo onde<br />

costumavam pastar os bois e as vacas, vi um cão que era maior do que<br />

um boi. O pai não fez comentários. Porém, daí a um bocado, disse:<br />

– É verdade, João, quase me ia esquecendo de te contar uma coisa.<br />

Daqui mais ou menos a meia hora havemos de passar uma ponte, que<br />

é diferente de qualquer outra ponte.<br />

– Diferente em quê, pai?<br />

– Não no feitio, meu filho, nisto é como muitas outras: de madeira,<br />

assente em pilares altos, com grades de ferro. Mas é diferente, porque<br />

quando uma pessoa que, pouco antes, mentiu, passa por cima dela e<br />

chega ao meio, solta-se uma das tábuas de madeira e o mentiroso cai<br />

ao rio, exatamente no sítio onde ele é mais fundo. Não achas que se<br />

trata duma ponte muito singular?<br />

João abanou com a cabeça que sim. Calado e pensativo, caminhava<br />

ao lado do pai. Passado algum tempo, este exclamou:<br />

– Olha, meu filho, já se vê a ponte!<br />

E apontou com o dedo para uma ponte larga.<br />

João viu-a bem, assim como o rio cheio de água. Olhou para o pai<br />

e disse, baixinho:<br />

– Sabe vossemecê, pai, aquele cão que vi no campo não era maior<br />

do que um boi; era só do tamanho dum boi.<br />

Ilse Losa<br />

1913, Bauer<br />

(Alemanha) —<br />

2006, Porto<br />

Nasceu na<br />

Alemanha, mas<br />

abandonou o país em<br />

1930, em consequência<br />

da ameaça de ser enviada para<br />

um campo de concentração,<br />

devido à sua ascendência<br />

judaica. Adquiriu a nacionalidade<br />

portuguesa e dedicou-se<br />

à tradução e à literatura<br />

infantojuvenil. O mundo em que<br />

vivi, Silka e O rei Rique e outras<br />

histórias são obras suas.<br />

91


Percurso 7<br />

PROFESSOR<br />

LEITURA<br />

Animação<br />

D. Caio<br />

2. Os pronomes pessoais «vos» e<br />

«vós».<br />

2.1. Explica que a história não foi<br />

inventada por si, que é uma história<br />

muito antiga e avisa os leitores<br />

para não se esquecerem desse aspeto.<br />

3. «gostava de mentir».<br />

4. Sabia que o filho estava a mentir<br />

e preparava-se para lhe dar uma<br />

lição.<br />

5. Primeiro, João contou o que<br />

supostamente vira, de uma forma<br />

aparentemente natural, mas ficou<br />

«calado e pensativo», quando o<br />

pai lhe falou da ponte. Depois, ao<br />

avistar a ponte apontada pelo pai,<br />

alterou o que dissera, falando «baixinho».<br />

De seguida, com a ponte<br />

cada vez mais próxima, João, «a<br />

morder os lábios», alterou novamente<br />

o que dissera. Logo depois,<br />

perto da ponte, João com «a cara<br />

aflita», tornou a alterar, de repente,<br />

o que tinha dito. Finalmente, ao pé<br />

da ponte, João parou e, exclamando,<br />

acabou por gritar a verdade e<br />

atravessou a ponte a correr.<br />

6. A ponte.<br />

6.1. O pai usa a ponte para obrigar<br />

o filho a dizer a verdade. De facto,<br />

João vai apresentando diferentes<br />

versões da sua mentira até chegar<br />

junto da ponte e dizer, finalmente,<br />

a verdade.<br />

6.2. «Daqui mais ou menos a meia<br />

hora havemos de passar uma ponte»,<br />

«— Olha, meu filho, já se vê a<br />

ponte!», «E apontou com o dedo<br />

para uma ponte larga», «João viua<br />

bem, assim como o rio cheio de<br />

água», «e a ponte de cada vez se<br />

via melhor», «E o rio, com a ponte,<br />

já estava perto», «Os dois tinham<br />

então chegado ao pé da ponte».<br />

7. Sim, porque o pai também inventou<br />

uma história, neste caso, sobre<br />

uma ponte extraordinária, para<br />

obrigar o filho a confessar que tinha<br />

inventado uma mentira sobre<br />

um cão extraordinário que vira no<br />

campo.<br />

8. Por exemplo: Pedro e o Lobo,<br />

Pinóquio e, da tradição oral portuguesa,<br />

«D. Caio».<br />

Sugestão: comparar a moralidade<br />

do conto de Ilse Losa com a do conto<br />

tradicional português «D. Caio».<br />

92<br />

UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

45<br />

50<br />

55<br />

60<br />

O pai não fez comentários. Os dois continuavam a caminhar, e a<br />

ponte de cada vez se via melhor. João estava a morder os lábios, e às<br />

tantas disse:<br />

– Ouça, pai, afinal aquele cão de que lhe falei era só do tamanho<br />

dum burrinho, agora é que me lembro.<br />

Como das outras vezes, o pai ficou calado. E o rio, com a ponte, já<br />

estava perto. João trazia agora a cara aflita e, de repente, disse:<br />

– Sabe vossemecê, pai, aquele cão não era tão grande como um burrinho,<br />

era só um cão especial, por ser maior do que todos os outros cães.<br />

Os dois tinham então chegado ao pé da ponte. João parou, mas o pai<br />

seguiu calmamente. Ao ver o filho ficar atrás, sem se mexer, animou-o:<br />

– Então, João, não queres atravessar a ponte?<br />

João exclamou:<br />

– Ouça, pai! Aquele cão que eu vi ontem, era afinal do tamanho<br />

doutro cão qualquer!<br />

O pai continuou a andar, mas João ainda estava parado ao pé da<br />

ponte. Quando viu o pai afastar-se cada vez mais, gritou:<br />

– Pai! Espere! É que, na verdade, não vi ontem cão nenhum!<br />

E atravessou a ponte a correr.<br />

Ilse Losa, A flor azul e outras histórias, Figueirinhas, 1959<br />

2. Que palavras usa o narrador para se dirigir aos seus leitores?<br />

2.1. Que explicações e avisos lhes vai dando?<br />

3. «Os pais sofriam com isto um grande desgosto».<br />

Transcreve a expressão a que se refere o pronome.<br />

4. «O pai não fez comentários.» Porquê?<br />

5. À medida que avançava no caminho, João foi alterando o seu comportamento<br />

e a forma como contava ao pai o que vira no campo.<br />

Explica como se foi dando essa alteração, usando as palavras e<br />

expressões: primeiro, depois, de seguida, logo depois, finalmente.<br />

6. Os leitores acompanham o pai e o filho na sua caminhada.<br />

Que elemento do espaço físico se destaca nessa caminhada?<br />

6.1. Qual é a sua importância no desenvolvimento da narrativa?<br />

6.2. Pai e filho aproximam-se progressivamente desse elemento.<br />

Que passagens do texto nos vão sugerindo essa aproximação?<br />

7. Terá o pai imitado o defeito do filho para lhe dar uma lição? Justifica.<br />

8. Discute outras narrativas sobre mentiras e mentirosos com a turma.


CONHECIMENTO DA LÍNGUA<br />

Há diferença entre passar a ponte rapidamente e passar<br />

a ponte com rapidez?<br />

1. «E atravessou a ponte a correr». Reescreve a frase substituindo a<br />

expressão destacada:<br />

a) pela palavra «rapidamente»;<br />

b) pela locução «com rapidez».<br />

1.1. Há alguma diferença de sentido entre as frases que escreveste?<br />

2. Observa agora a palavra que inicia cada grupo destacado. Indica<br />

a sua classe.<br />

a) «[…] e a ponte de cada vez se via melhor»<br />

b) Os dois tinham então chegado ao pé da ponte.<br />

2.1. Uma das frases que escreveste no exercício 1 tem um grupo<br />

iniciado com uma palavra da mesma classe. Qual é essa frase?<br />

3. Observa agora a palavra que é o núcleo ou palavra principal de<br />

cada grupo destacado em baixo. Indica a sua classe.<br />

a) Olhou para o pai e disse, baixinho […]»<br />

b) «[…] mas o pai seguiu calmamente.»<br />

c) «Ao ver o filho ficar atrás […]»<br />

4. Retira dos exercícios 2. e 3. exemplos para cada um dos grupos:<br />

Grupo adverbial — grupo da frase em que a palavra mais importante<br />

é um advérbio.<br />

Grupo preposicional — grupo da frase que é introduzido por<br />

uma preposição (simples ou contraída), geralmente acompanhada<br />

por nomes.<br />

5. Completa para concluíres.<br />

Não há diferença de A entre rapidamente e com rapidez.<br />

No entanto, existe uma diferença sintática, porque rapidamente<br />

é um grupo B (que tem um C como seu núcleo) e com<br />

rapidez é um grupo D , (porque é introduzido por uma E ).<br />

Sabes quando usar o grupo adverbial demais e o grupo<br />

preposicional de mais?<br />

O rapaz mentia A ! Mentiras C , amigos a menos.<br />

São B as suas invenções! E os pais ficam tristes D …<br />

Os grupos da frase:<br />

grupo preposicional<br />

e grupo adverbial<br />

Guia Gramatical, p. 239<br />

PROFESSOR<br />

CONHECIMENTO<br />

DA LÍNGUA<br />

1.<br />

a) E atravessou a ponte rapidamente.<br />

b) E atravessou a ponte com rapidez.<br />

1.1. Não.<br />

2.<br />

a) de: preposição.<br />

b) ao: preposição (contração).<br />

2.1. E atravessou a ponte com rapidez.<br />

3. Classe dos advérbios.<br />

4.<br />

Grupo adverbial: baixinho, calmamente,<br />

atrás.<br />

Grupo preposicional: de cada vez,<br />

ao pé da ponte.<br />

5.<br />

A sentido;<br />

B adverbial;<br />

C advérbio;<br />

D preposicional;<br />

E preposição.<br />

A O rapaz mentia demais.<br />

B São de mais as suas invenções!<br />

C Mentiras de mais, amigos a menos.<br />

D E os pais ficam tristes demais…<br />

Gramática interativa<br />

O grupo preposicional e o grupo adverbial<br />

93


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

EM RESUMO<br />

94<br />

Os textos tradicionais<br />

Os textos tradicionais são habitualmente narrativas curtas, escritas em prosa<br />

ou em verso.<br />

Antes de serem escritos, muitos destes textos foram contados de geração<br />

em geração. Por isso, existem várias versões de um mesmo texto e a sua<br />

linguagem apresenta características do discurso oral.<br />

Relembra os vários subgéneros de textos tradicionais:<br />

Conto tradicional<br />

Narrativa curta em que os acontecimentos podem ser mais próximos da realidade<br />

ou mais fantásticos e as personagens raramente são identificadas<br />

pelo seu nome. O tempo e o espaço são quase sempre indefinidos.<br />

As histórias tradicionais estão cheias de armadilhas e de surpresas, mas, no<br />

final, tudo acaba por se resolver.<br />

Fábula<br />

Narrativa, escrita em prosa ou em verso, em que as personagens são animais<br />

personificados, ou seja, com comportamentos humanos. Contém sempre<br />

uma moralidade.<br />

Provérbio<br />

Texto curto, de origem popular, que transmite um conselho ou uma verdade<br />

aceite por todos.<br />

Lenda<br />

História popular, oral ou escrita, muitas vezes baseada em acontecimentos<br />

reais do passado, mas sempre transformada pela imaginação do povo.<br />

Romance tradicional<br />

Poema narrativo, transmitido oralmente e contado de geração em geração.<br />

Inicialmente, os romances tradicionais eram cantados ao som da música.<br />

Daí a presença da rima.<br />

Adivinha<br />

Pequeno enigma que fornece várias pistas para que possamos descobrir<br />

alguma coisa.<br />

Mito<br />

História fantástica em que se pretende explicar a origem de todas as coisas:<br />

do homem, dos deuses, dos fenómenos meteorológicos, etc. Os mitos<br />

mais conhecidos têm como personagens os deuses da antiguidade grega<br />

e romana.


A<br />

5<br />

10<br />

15<br />

20<br />

25<br />

30<br />

Lê atentamente o texto seguinte e responde às questões apresentadas.<br />

O príncipe com orelhas de burro<br />

Era uma vez um rei que vivia muito triste por não ter filhos e mandou<br />

chamar três fadas para que fizessem com que a rainha lhe desse um filho.<br />

As fadas prometeram-lhe que os seus desejos seriam satisfeitos e que elas<br />

viriam assistir ao nascimento do príncipe. Ao fim de nove meses, deu a<br />

rainha à luz um filho e as três fadas fadaram o menino. A primeira fada<br />

disse: «Eu te fado para que sejas o príncipe mais formoso do mundo.»<br />

A segunda fada disse: «Eu te fado para que sejas muito virtuoso e entendido».<br />

A terceira fada disse: «Eu te fado para que te nasçam umas orelhas<br />

de burro.» Foram-se as três fadas e logo apareceram ao príncipe<br />

as orelhas de burro. O rei mandou sem demora fazer um barrete que o<br />

príncipe devia sempre usar para lhe cobrir as orelhas. Crescia o príncipe<br />

em formosura e ninguém na corte sabia que ele tinha as tais orelhas de<br />

burro. Chegou a idade em que ele tinha de fazer a barba, e então o rei<br />

mandou chamar o seu barbeiro e disse-lhe: «Farás a barba ao príncipe,<br />

mas se disseres a alguém que ele tem orelhas de burro, morrerás.»<br />

Andava o barbeiro com grandes desejos de contar o que vira, mas<br />

com receio de que o rei o mandasse matar, calava consigo. Um dia foi-se<br />

confessar e disse ao padre: «Eu tenho um segredo que mandaram guardar,<br />

mas eu se não o digo a alguém morro, e se o digo o rei manda-me<br />

matar; diga, padre, o que eu hei de fazer?» Responde-lhe o padre que<br />

fosse a um vale, que fizesse uma cova na terra e que dissesse o segredo<br />

tantas vezes até ficar aliviado desse peso e que depois tapasse a cova com<br />

terra. O barbeiro assim fez; e, depois de ter tapado a cova, voltou para<br />

casa muito descansado.<br />

Passado algum tempo, nasceu um canavial onde o barbeiro tinha feito<br />

a cova. Os pastores, quando ali passavam com os seus rebanhos, cortavam<br />

canas para fazer gaitas, mas quando tocavam nelas saíam umas vozes que<br />

diziam: «Príncipe com orelhas de burro.» Começou a espalhar-se esta<br />

notícia por toda a cidade e o rei mandou vir à sua presença um dos pastores<br />

para que tocasse na gaita; e saíam sempre as mesmas vozes que diziam:<br />

AVALIAÇÃO<br />

Faz a correção do teu<br />

trabalho, consultando<br />

a página 256.<br />

95


UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

AVALIAÇÃO<br />

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«Príncipe com orelhas de burro.» O próprio rei também tocou e sempre<br />

ouvia as vozes. Então o rei mandou chamar as fadas e pediu-lhes que tirassem<br />

as orelhas de burro ao príncipe. Então elas mandaram reunir a corte<br />

toda e ordenaram ao príncipe que tirasse o barrete; mas qual não foi o<br />

contentamento do rei, da rainha e do príncipe ao ver que já lá não estavam<br />

as tais orelhas de burro! Desde esse dia, as gaitas que os pastores faziam das<br />

canas do tal canavial deixaram de dizer: «Príncipe com orelhas de burro.»<br />

Adolfo Coelho, Contos populares portugueses, D. Quixote, 2009<br />

1. Que características dos textos tradicionais estão presentes nesta<br />

história? Escolhe as alíneas corretas.<br />

a) História popular baseada em acontecimentos reais do passado.<br />

b) Acontecimentos fantásticos.<br />

c) Os elementos perturbadores que surgem ao longo da história são<br />

resolvidos.<br />

d) As personagens são animais personificados.<br />

e) Narrativa curta.<br />

f) Personagens não identificadas pelo seu nome.<br />

g) Os espaços da ação são indefinidos.<br />

1.1. Justifica as opções que fizeste, referindo exemplos do texto que<br />

leste.<br />

2. A ação do conto decorre num tempo definido ou indefinido? Justifica<br />

a tua resposta com um exemplo do texto.<br />

2.1. Dá exemplos de expressões temporais que marcam o desenrolar<br />

dos acontecimentos.<br />

2.2. Os acontecimentos desenvolvem-se sempre a partir de ordens do<br />

rei. Identifica três dessas ordens, dizendo a quem foram dadas e<br />

quais as suas consequências.<br />

3. O príncipe foi fadado com duas características boas e uma má. Identifica<br />

esta última.<br />

3.1. Por que razão é essa característica a mais referida ao longo do<br />

texto?<br />

4. Que atitudes toma o rei para evitar a descoberta do segredo?<br />

4.1. Escolhe os dois adjetivos que melhor caracterizam o rei, justificando<br />

as tuas opções.<br />

miserável envergonhado desajeitado tirano humilde<br />

5. Apesar das orelhas de burro, o príncipe continua a crescer em formosura.<br />

O que podemos concluir desta afirmação?


B<br />

6. Reconta o acontecimento que provoca a descoberta do segredo.<br />

6.1. O que decide então o rei?<br />

7. A partir da descoberta do segredo, o problema do rei resolve-se muito<br />

facilmente. Que conclusão podemos tirar deste final?<br />

8. Explica de que forma o provérbio seguinte desculpabiliza ou explica a<br />

atitude do rei.<br />

O mundo julga pelas aparências.<br />

1. Lê a seguinte página de dicionário e resolve as questões apresentadas.<br />

Dicionário escolar – 2.º ciclo, Português, Texto<br />

2. Seleciona a alínea que completa corretamente cada afirmação.<br />

2.1. A palavra burrié pode ocorrer entre as entradas<br />

a) bule e bulha. c) bruxa e bruxedo.<br />

b) burrice e burro. d) busto e butano.<br />

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UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS<br />

AVALIAÇÃO<br />

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C<br />

2.2. A palavra estrangeira que deve escrever-se em itálico é<br />

a) buquê. c) busílis.<br />

b) burlesco. d) byte.<br />

2.3. Burla e burlão são palavras da mesma família de<br />

a) burguesia. c) burocrata.<br />

b) burgo. d) burlar.<br />

2.4. A palavra rumor é sinónima de<br />

a) buraco. c) burburinho.<br />

b) busca. d) busílis.<br />

2.5. Observa as palavras destacadas: Eu toquei a buzina uma só vez;<br />

ele buzina sempre. Essas palavras são<br />

a) parónimas. c) homófonas.<br />

b) homónimas. d) homógrafas.<br />

3. Identifica todas as palavras esdrúxulas.<br />

4. Utiliza o sufixo –mente para transformares os adjetivos burguês e<br />

burocrático em advérbios. Que alterações tiveste de fazer?<br />

5. Observa a frase apresentada como exemplo de uso do verbo buscar.<br />

«Ele foi buscar pão.»<br />

Divide-a nos dois grupos principais: o grupo nominal e o grupo verbal.<br />

6. Identifica um grupo preposicional na frase seguinte: O condutor buzi-<br />

nava o carro no trânsito.<br />

7. Reescreve três vezes a frase que se segue, utilizando de cada vez um<br />

quantificador diferente antes da palavra destacada:<br />

«Os burgueses dedicavam-se ao comércio.»<br />

8. Relê o artigo da palavra burro, para assinalares as afirmações verdadeiras<br />

e corrigires as falsas.<br />

a) Um conjunto de burros é uma récua.<br />

b) A palavra burro pode ocorrer como nome ou como adjetivo.<br />

c) É um sinal de boa educação utilizar a palavra burro como adjetivo.<br />

d) A divisão proposta para a palavra corresponde à sua divisão silábica.<br />

e) A palavra burro é aguda.<br />

f) Burro é antónimo de imbecil.<br />

Escreve uma pequena narrativa com 80 a 130 palavras que exemplifique a<br />

moralidade do provérbio seguinte:<br />

A mentira tem perna curta.

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